O que os CEOs esperam para o Brasil
A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) reuniu os CEOs de algumas das principais empresas brasileiras e o vice-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com um único objetivo: saber que expectativas eles têm para o Brasil nos próximos anos e qual seria a contribuição que cada brasileiro poderia dar para que o País retome o rumo do desenvolvimento.
O presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia, Rubens Menin, criticou as elites, que, segundo ele, reclamam muito, mas participam muito pouco das decisões sobre o futuro do País.
“Mas não podem reclamar se não participarem”, observou Menin, para quem o Brasil vive um momento extremamente importante, no qual a participação é fundamental. E a melhor forma de participar, de acordo com o presidente da MRV Engenharia, é através das associações e entidades de classe.
Nesse cenário, ele chama a atenção, particularmente, para a construção civil, que, segundo Menin, deveria ser uma mola propulsora do crescimento do País, mas não é.
“Infelizmente nós desempregamos 1,2 milhão de pessoas em um País que tem um déficit habitacional, tem uma infraestrutura a ser feita, tem a geração de mais um milhão de famílias por ano que precisam de casa própria. Então, a gente está na contramão do razoável”.
Essa é uma realidade que, a seu ver, precisa ser mudada, a despeito do ambiente de negócios brasileiro não ser “o melhor do mundo”. Porém, no entender do presidente da MRV Engenharia, há outro fato a ser levado em conta, que é o de ser o Brasil um país continental, em que há muito por ser construído.
“A gente tem é que saber balancear estes dois fatores. Por isso, faço um apelo para que a gente tenha uma ação participativa, porque a gente não pode, mais uma vez, perder o bonde da história”.
Participação – O chamamento à participação foi feito também pelo vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos.
“O momento de crise que estamos vivendo é uma grande oportunidade de mudança de comportamento por parte de todos os setores da sociedade, inclusive dos empresários, que deveriam entender que a função social deles se caracteriza pela transparência. Se não compreendemos isso, corremos o risco de chegar mais à frente e não entendermos que a crise pode significar uma oportunidade”, afirmou o vice-presidente da Fiemg.
Nesse cenário, o presidente da Localiza, Eugênio Mattar, chamou a atenção para a importância de se persistir na busca da responsabilidade fiscal e da atração de investimentos que cubram o déficit dos recursos de que o governo não dispõe para investimento. O caminho para isso, no entender de Mattar, é a privatização e a busca de parcerias para atrair recursos externos. O que não cabe mais, segundo ele, é ficar só com o desafio de que é preciso reduzir despesas.
“O Brasil precisa de desenvolvimento, de crescimento, para combater o próprio déficit fiscal”.
O presidente da Construtora Andrade Gutierrez, Ricardo Sena, acha que o governo está no caminho certo de querer reduzir o tamanho do Estado. Porém, ele chama a atenção para o fato de que é preciso ter uma dose de cautela, não acreditando que as mudanças irão acontecer da noite para o dia.
“Acho que a gente precisa ter o pé no chão para não achar que vamos dar um salto quântico. Porque isso não é possível”, afirma Sena.
Cautela – O ex-presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Antônio Claret, chama a atenção para importância de se pensar na redução do desemprego. E um dos caminhos que ele enxerga para isso poderia ser o desenvolvimento do turismo, com a atração de visitantes do exterior.
Claret estima que uma política bem definida com esse objetivo, poderia aumentar de 6 milhões para 20 milhões o número de turistas vindos de outros países e igualando a situação do Brasil à de Portugal, país que, no seu entendimento, não oferece uma riqueza de roteiros maior que a do Brasil, mas, sabe aproveitar melhor o seu potencial.
Para Claret, a geração interna de riqueza é fundamental para que outro objetivo maior seja atingido: a criação de empregos.
“Temos uma grande meta que é fazer esse país crescer, mas temos, antes, que tirar esse povo da miséria”.
O diretor da Accenture Brasil, Constantino Seixas Filho, e o vice-reitor da UFMG, Alessandro Moreira, chamaram a atenção para a importância do investimento na formação de mão de obra profissional especializada, medida que, no caso da indústria, é de especial importância para dar sustentação às mudanças que virão com a chamada indústria 4.0.
“É muito importante preparar essa geração para tirar proveito da renovação. Pois, além de sermos os protagonistas desse momento, os profissionais vão ter que completar sua formação e nós temos que contribuir para isso, tanto empresas quanto governo”, afirmou Seixas Filho.
Nesse sentido, o grande desafio, no entender de Moreira, vice-reitor da UFMG, é desenvolver no jovem a capacidade de empreender, de buscar novos conteúdos que levem ao desenvolvimento de uma tecnologia que ele ainda vai conhecer.
“A gente não pode se pautar, hoje, por uma tecnologia que daqui a quatro anos, pode não existir mais”, ressaltou.
NOTAS
Perdas – No Brasil, graves problemas de eficiência no setor de saneamento básico comprometem a qualidade dos serviços e a sustentabilidade financeira das operadoras. A média de perda de água tratada no País chega a incríveis 38,8%.
Para abordar o tema a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-MG) está preparando o 6ª Seminário Nacional de Gestão de Perdas de Água.
O evento será nos dias 15 e 16 de outubro de 2019, no auditório da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), em Belo Horizonte.
Consulta – Você sabe o que é uma usina híbrida de energia? Por ser um algo novo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) quer saber a sua opinião sobre o assunto.
A consulta pública foi aberta na última semana. A usina híbrida é aquela que produz dois tipos de energia, com a eólica e a fotovoltaica, ao mesmo tempo. Mais informações sobre energia híbrida e sobre a consulta estão disponíveis no site da Aneel.
Impressão 3D – Quanto realmente custa à tecnologia de impressão 3D dentro de uma empresa?; Quais as possibilidades e aplicações que uma impressora 3D oferece?; Quais são suas limitações?; A impressão 3D vai alterar as profissões atuais?; Como as empresas estão utilizando a tecnologia hoje?
A resposta para estas perguntas será obtida por quem participar do seminário “Desmistificando a impressão em 3D” que a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro-MG) irá promover no dia 28 de junho, em Belo Horizonte. Mais informações: 3194-7672.
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