Primeiro semestre será determinante para definição da taxa Selic

Os primeiros seis meses deste ano serão determinantes na definição dos rumos da taxa básica de juros da economia, a Selic, segundo o economista da XP Investimentos, Rodolfo Margato. “O primeiro semestre é importante para observar a inflação corrente, a dinâmica do câmbio e a desaceleração da atividade. Se o câmbio se estabilizar no patamar atual e a atividade econômica continuar desacelerando, talvez o Copom opte por interromper o ciclo de alta em maio”, analisa.
Ele observa que as próximas “leituras da inflação ainda devem vir carregadas” com o impacto do câmbio sobre o preço de produtos e serviços, como os administrados, alimentos e bens industrializados. “Nem todo efeito do câmbio foi sentido no IPCA”, explica.
O economista destaca que o cenário ainda é de inflação pressionada, o que fez com que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), ajustasse a sua política monetária, com juros mais restritivos. “O ano de 2025 pode ser visto, em linhas gerais, como um ano de reequilíbrio, de ajuste”, diz.

O BC decidiu em janeiro seguir o ritmo de aperto nos juros já previsto ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano. Foi a quarta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde setembro de 2023, quando também estava em 13,25% ao ano. A autarquia manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março. “Existe um viés do Copom parar de subir a taxa em maio”, observa.
A perspectiva da XP Investimentos é que a Selic fique no patamar de 15% a 15,5% neste ano e a inflação registre alta de 6,1%, após a elevação 4,8% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024.
“A inflação é uma variável chave para 2025, devemos observar ainda aumento da inflação no primeiro semestre, com sinais de descompressão na segunda metade do ano”, frisa. O economista diz que, para 2026, a tendência é de recuo no IPCA.
Margato ressalta que, se a inflação de fato perder força no segundo semestre, é possível “virar a página”, para que no último trimestre de 2025 ou começo de 2026, seja possível discutir o ciclo de corte de juros.
Para este ano, conforme o economista da XP, é esperado crescimento econômico moderado, com alta de 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, patamar próximo ao 2,4% previsto na Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), bem como a estimativa do relatório Perspectivas Econômicas Globais do Banco Mundial, divulgado em janeiro deste ano, que é de 2,2%.
O especialista diz que a taxa de câmbio é a variável mais difícil de fazer uma projeção pontual. “Ainda vemos uma certa simetria para cima, talvez voltando a subir, se aproximando de R$ 6 ao longo do ano, tem uma consistência maior do que o câmbio consistentemente abaixo de R$ 5,50, não só por fatores domésticos bem como pelas incertezas globais”, destaca.
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