Finanças

Ações da Alpargatas se recuperam e disparam 3% após tombo por boicote da direita à Havaianas

Às 15h, os papéis disparavam 3,5%, cotados a R$ 11,85
Ações da Alpargatas se recuperam e disparam 3% após tombo por boicote da direita à Havaianas
Ao longo da década foram investidos cerca de R$ 550 milhões que permitiram a produção de 520 milhões de pares de Havaianas na planta de Montes Claros | Crédito: Divulgação/Alpargatas

As ações da Alpargatas, dona da Havaianas, estão em forte alta nesta terça-feira (23), um dia depois de tombarem em meio à polêmica envolvendo a última campanha publicitária da marca de chinelos.


Às 15h, os papéis disparavam 3,5%, cotados a R$ 11,85. Na véspera, haviam caído 2,4% por causa da possibilidade do boicote –inflamado por políticos de direita nas redes sociais– afetar o faturamento da Havaianas, em uma época do ano já tradicionalmente marcada por baixa liquidez nos mercados.


O avanço desta terça se soma à alta acumulada de mais de 80% dos papéis neste ano, reflexo de um reestruturação na marca que alavancou resultados corporativos nos últimos trimestres.


A campanha publicitária em questão, estrelada por Fernanda Torres, gerou críticas de apoiadores da direita após a atriz afirmar que não deseja que o público comece 2026 “com o pé direito”, mas “com os dois pés”.


A frase foi interpretada por políticos e influenciadores como uma mensagem de cunho político, considerando que o próximo ano será de eleições presidenciais. Entre os que se manifestaram estão o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que associaram o conteúdo da propaganda a uma suposta posição ideológica da marca.


Procurada pela Folha, a Havaianas não se pronunciou.


A recuperação da Alpargatas na Bolsa reverteu as perdas da véspera. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirmou que o impacto de fato seria de curto prazo.


“Já vimos isso acontecer outras vezes com empresas que tiveram alguma exposição nesse sentido, e de ambos os lados do espectro político, como Smartfit, Madero, Magazine Luiza, JBS… Para a empresa ser afetada porque se envolveu com alguma polêmica política teria que ser algo muito maior”, diz.


Ele acrescentou ainda que a companhia “deu azar” de enfrentar uma polêmica em um momento de baixa liquidez no mercado. “Uma notícia negativa nesses momentos causa uma oscilação maior, mas é difícil ver isso se estendendo por muito tempo.”


Fora das redes e das mesas de operação, porém, a polêmica virou pauta no varejo. A loja Calçados Guarani, de Brusque (SC), esgotou em poucas horas o estoque de chinelos da marca após colocar os pares à venda por R$ 1.


Em publicação feita em seus perfis oficiais, a Calçados Guarani afirmou que suas três lojas venderiam todos os pares da Havaianas por R$ 1 enquanto durasse o estoque. “Não vamos mais trabalhar com a marca por tempo indeterminado, devido à provocação da marca com a população conservadora, na qual fazemos parte!”, disse a loja, em comunicado publicado no Instagram.

Conteúdo distribuído por Folhapress

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