Finanças

Ações em bolsa: exportadoras podem render melhores resultados em julho

Investimentos em ações de empresas que operam com dólar devem proporcionar um ganho maior no mercado diante do cenário volátil
Ações em bolsa: exportadoras podem render melhores resultados em julho
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Depois de um mês de junho com grande volatilidade no mercado de ações e a consolidação da bolsa brasileira como o pior desempenho entre as maiores economias do mundo, especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio recomendam empresas exportadoras para investir em julho.

A sugestão vem em função do alto valor médio do dólar que deve refletir uma melhora de lucro nos balanços que começam a ser divulgados ao longo do mês. “Empresas como Suzano, Embraer, Gerdau, Vale são empresas que devem se beneficiar do câmbio mais alto”, afirma o sócio e especialista da Valor Investimentos, André Motta. 

Mesma percepção tem o estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas. Ele explica que “mesmo com o cenário volátil para um posicionamento em commodities, acreditamos que exista espaço para valorização desses ativos, o que poderia influenciar positivamente as ações ligadas. Outro ponto que nos faz manter uma posição é a maior correlação com o dólar”.

A dolarização da carteira é outra tendência recomendada por Villegas. “Com o dólar se fortalecendo globalmente, embora não vejamos um amplo espaço para valorização significativa frente ao real, estamos aumentando o nível de dolarização de nossas carteiras. Esta decisão é baseada na compreensão de que empresas mais conservadoras podem se beneficiar deste cenário de um dólar mais forte internacionalmente”, avalia.

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O especialista e gestor de unidade da Valor Investimentos, Paulo Duarte, afirma que o cenário externo tem alguns desafios, mas tem sido benéfico para ativos de risco. ”Com a  Europa começando a cortar juros e os Estados Unidos já vislumbrando corte de juros para o segundo semestre deste ano, levou as bolsas americanas, principalmente as de tecnologia, para máximas históricas”, analisa.

Mercado interno exige cautela

Com o cenário mais adverso no Brasil, o embate entre o governo e o Banco Central, que tem mantido a taxa de juros elevada e influenciado o preço das ações e ativos de risco em geral, o estrategista da Genial Investimentos, Filipe Villegas, afirma que seguirá com portfólios mais conservadores.

Filipe Villegas
O estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, avalia que a dolarização da carteira é uma tendência do momento | Crédito: Divulgação Genial Investimentos

O mês de junho foi o sexto mês consecutivo de saída de capital estrangeiro do mercado acionário brasileiro, com uma retirada acumulada de R$ 4,8 bilhões no mês e R$ 40,6 bilhões no ano, até o dia 26 de junho. 

“Esta medida reflete nossa cautela frente às incertezas no cenário doméstico e à diminuição do interesse dos investidores estrangeiros em ações brasileiras. Porém, devido a assimetria positiva, incluímos algumas ações de maior volatilidade caso ocorra algum repique no mercado”, explica.

 “As declarações do presidente Lula não ajudam esse fluxo interno a melhorar e já respingam na bolsa. Os índices de abril estão bem inferiores aos do resto do mundo ”, comenta André Motta, da Valor Investimentos.

Na visão de Paulo Duarte, embora a bolsa de forma geral esteja barata comparativamente ao restante do mundo, ele acredita que o Brasil precisa de ‘drives’ para destravar o ciclo de alta. De acordo com ele, o primeiro semestre não marcou um bom desempenho na bolsa brasileira. 

“A gente tem olhado a curto prazo para cases pontuais, posso citar dois na área de saneamento: tanto o SabeSP que tem uma discussão para privatização que deve finalizar agora ao longo de julho, isso pode trazer uma valorização considerável para as ações, quanto também SanePAR que tem também uma discussão jurídica em relação a alguns precatórios que ela teria para receber”, avalia.

Pensando no segundo semestre, Paulo Duarte recomenda as ações da Vale, já que o governo chinês está retomando investimentos e subsídios, o que, na opinião dele, deve puxar o preço do minério de ferro na cotação internacional, favorecendo os papéis da mineradora.

Outro case citado por ele é o mercado financeiro, que tem sido mais disruptivo, voltado para a tecnologia. “O Banco Inter tem conseguido melhorar consistentemente não só seu market share, mas também as margens de lucro e a gente espera que isso continue”, prevê Duarte.

Por último, ele sugere os papéis da Prio e explica que apesar do preço do petróleo no mercado internacional ter sofrido no primeiro semestre, a empresa está entregando margens boas de lucro e sem o risco político da Petrobras. “Você deixa o risco político de lado e aposta em uma perspectiva um pouco mais positiva”, afirma.

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