Finanças

Ano será ruim para economia, mas bom para mercado financeiro, aponta economista

Mercado já incorporou nas suas expectativas a piora da situação fiscal
Ano será ruim para economia, mas bom para mercado financeiro, aponta economista
Foto: Reprodução Adobe Stock

Diferente do ano passado, 2025 será marcado por desaceleração econômica, crescimento da inflação e taxa básica de juros (Selic) alta, mas os ativos financeiros devem ter rentabilidade, afirma o estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora, Alexandre Mathias. Ele aponta que o mercado financeiro já incorporou nas suas expectativas a piora da situação fiscal do País para o atual biênio.

O economista afirma que a Monte Bravo estima que o Brasil deverá fechar o ano com um crescimento econômico de 1,6%, inflação entre 6,5% a 7% e Selic em torno de 14,75%.

“2024 foi um ano muito bom para a economia. Mas a mudança da política fiscal gerou uma reversão drástica das expectativas, então os ativos financeiros sofreram em 2024”, avalia Alexandre Mathias. “2025 vai ser o inverso. O mercado financeiro já processou a piora do risco, que vai cair na cabeça da economia”, ressalta.

O economista da corretora financeira entende que a política fiscal do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem um problema estrutural, que é o tamanho e o crescimento da dívida pública. Ele estima que a dívida deve atingir cerca de 87% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim do mandato do governo Lula III.

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Alexandre Mathias
Alexandre Mathias prevê retrocesso nos indicadores econômicos do País | Crédito: Divulgação Monte Bravo

Ele destaca que o arcabouço fiscal poderia ajudar neste problema estrutural, mas perdeu credibilidade com o mercado financeiro após a mudança da meta fiscal, no ano passado.

Além disso, há um problema de conjuntura, que é o impulso fiscal promovido pelo governo federal, que, segundo Mathias, estimula a economia a crescer acima do seu potencial e gera inflação. “A política fiscal produziu uma inflação muito alta, um desequilíbrio do câmbio e agora a gente vai sofrer as consequências disso, que será o ‘carro derrapando’”, critica.

O ajuste necessário a ser feito, pontua, passa pela redução dos gastos públicos e uma sinalização de uma política fiscal um pouco mais contracionista de forma que a política monetária possa ser um pouco mais flexível no próximo ano e estimular o crescimento da economia. Mas o especialista pondera ver pouca probabilidade desse ajuste acontecer.

Já no exterior, Alexandre Mathias acredita que 2025 reserva um ano de muita volatilidade no noticiário, motivada principalmente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas que será, na prática, um cenário pragmático e “relativamente construtivo”.

“Trump é uma figura que tem um comportamento errático, imprevisível, ele faz disso um estilo. Vai ter manchetes o tempo todo, mas a gente tinha a aposta, e o mercado agora está convergindo para essa ideia, de que o Trump vai mais falar do que fazer, porque o conjunto de políticas que propôs, em termos de tarifas, imigração e fiscal, se fizer tudo o que prometeu, teria um potencial inflacionário muito grande, que impacta a popularidade”, explica.

Postura defensiva no mercado financeiro é melhor opção

Em meio à complexidade dos cenários internos e externos da economia em 2025, o estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora recomenda uma postura mais defensiva do investidor neste ano. Ele aponta que, em um cenário de juros altos, os títulos pós-fixados são os investimentos de menor risco e retorno maior.

“Não faz sentido alocar em um portfólio com muito risco, porque os juros já estão muito altos e já tenho esse retorno seguro no juro pós-fixado”, argumenta Mathias. “Nesse nível de juros, é difícil achar que alguma outra coisa pague o risco de você sair da segurança”, completa.

O economista também recomenda diversificar a carteira com investimentos internacionais, alvo de apenas 1% das aplicações dos investidores brasileiros no mercado financeiro, em média. Alexandre Mathias afirma que este número deveria estar entre 10% a 20%.

“O Brasil é uma pequena economia aberta, numa região – a América Latina – que tradicionalmente é sujeita a crises econômicas e políticas frequentes. Não faz sentido deixar 100% da riqueza numa região do mundo que é pequena, confusa e sujeita a crises”, avalia.

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