Finanças

Apetite ao risco no mercado de crédito precisa ser calibrado, diz diretor de regulação do BC

Diretor de Regulação do BC alerta as instituições para a precificação dos ativos que são negociados
Apetite ao risco no mercado de crédito precisa ser calibrado, diz diretor de regulação do BC
Foto: Reprodução Adobe Stock

São Paulo – O diretor de Regulação do Banco Central (BC), Otavio Damaso, falou nesta terça-feira (12), durante a abertura do Febraban Grisc, da importância de as instituições financeiras tomarem cuidado e calibrarem todo o seu apetite ao risco, apoiando as condições de ocorrência, mas também as condições financeiras prospectivas. Damaso fez seu discurso quase que todo centrado no mercado de crédito, onde instou o setor financeiro, que faz parte do ecossistema regulado pela autoridade monetária, a ter calibre e apetite ao risco conforme condições financeiras prospectivas.

Ao discorrer sobre o mercado de crédito privado, ele disse ser preciso acompanhar com muita atenção o desenvolvimento deste setor e ter a compreensão dos créditos, entender o que está acontecendo, a precificação dos ativos que estão sendo negociados, que estão sendo lançados.

Otávio Damaso
Otavio Damaso pede atenção ao comportamento do crédito privado | Crédito: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

“É sempre preciso fazer um questionamento sobre se o investidor, principalmente aquele de varejo, compreende o risco, principalmente de crédito ao qual ele está exposto, mas o risco do mercado também”, alertou o diretor.

De acordo com Damaso, os diferentes instrumentos que trazem a negociação desses créditos privados, principalmente os fundos de crédito privado, trazem impacto nas curvas de juros e sobre a precificação das cotas desse fundo, por meio do efeito da marcação a mercado.

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“É preciso conhecer também o seu cliente, o investidor, como ele reage à oscilação da rentabilidade e estar muito atento também aos mecanismos de liquidez, verificando se eles estão adequadamente calibrados para enfrentar eventuais processos de momentos de estresse. Hoje, pela ótica do BC, principalmente quando a gente olha para o mercado de crédito privado, a gente sempre está analisando com muita atenção, com muita profundidade, como o comportamento do crédito privado acaba tendo o efeito direto ou indireto nas instituições financeiras, nas instituições bancárias, nos entes regulados pelo BC”, disse.

Segundo Damaso, vale ressaltar também que a ligação entre o mercado bancário, o mercado financeiro e o mercado de capitais é um desenvolvimento natural do processo. É um negócio que há anos o Brasil vem perseguindo e que agora, finalmente, ele está acontecendo com profundidade.

“E a gente está chamando aqui a atenção. Olhem os riscos. A gente está num evento de gestão de riscos, então olhem os riscos”, disse Damaso para a plateia de agentes do mercado financeiro e investidores convidados pela Febraban para seu evento que começou nesta terça e termina nesta quarta-feira (13) na capital paulista.

Monitoramento

A firmeza do Banco Central na regulação e na supervisão e monitoramento do sistema, que já é bastante sólido, ajuda a prevenir, suportar e resolver eventuais crises bancárias nacionais e internacionais e proteger os depositantes, a economia e o país dos efeitos potencialmente destrutivos destes eventos. A afirmação foi feita nesta terça-feira pelo presidente da Febraban, Isaac Sidney, durante a abertura da Febraban GRISC.

Portanto, de acordo com ele, é preciso, de modo permanente, preservar os fundamentos e características de um setor bancário resiliente. “Temos de combater os focos de fragilidades e evitar importar crises de fora do sistema, mas que tem potencial elevado de desestabilização”, disse.

O Brasil, segundo o presidente da Febraban, com todos os problemas estruturais por que já passou, manteve um sistema bancário de alto nível e uma excelência regulatória nos melhores padrões internacionais. “Por isso, seguimos numa agenda regulatória intensa. Eu diria: uma agenda muito pesada e penosa, que visa aumentar a resiliência e possibilitar o melhor funcionamento do sistema. Mas todos os segmentos da nossa indústria precisam remar na mesma direção de um sistema financeiro sólido e sem vulnerabilidades”, avaliou.

Reportagem distribuída pela Estadão Conteúdo

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