Finanças

Aportes de pessoas físicas somaram R$ 5,3 trilhões

Dados foram divulgados pela Anbima
Aportes de pessoas físicas somaram R$ 5,3 trilhões
Dados divulgados pela Anbima apontam que os investimentos em títulos mobiliários totalizaram R$ 2,7 trilhões em julho | Crédito: Joyfotoliakid / stock.adobe.com

O volume investido por brasileiros pessoas físicas chegou a R$ 5,37 trilhões em junho deste ano, alta de 7,3% em comparação ao fechamento de 2022. O crescimento foi puxado por títulos e valores mobiliários, que somaram R$ 2,7 trilhões e responderam por 50% do volume investido no período. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Brasileira de Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima).

“Os brasileiros mantiveram o comportamento já visto no segundo semestre de 2022, com investimentos em produtos de renda fixa como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), e, sobretudo, os isentos de imposto de renda, como Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliárias (LCIs), Certificados de Recebíveis Imobiliário (CRIs) e Certificado de Recebimento do Agronegócios (CRAs). Por outro lado, perspectivas positivas em relação à redução da taxa de juros, o recuo da inflação e a alta do Ibovespa favoreceram as ações”, explicou o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, Ademir A. Correa Júnior.

Com 148,5 milhões de contas (não correspondem ao total de CPFs, já que cada pessoa pode ter mais de uma conta em mais de uma instituição), o varejo foi o responsável por R$ 3,37 trilhões do volume. A participação do varejo tradicional subiu 6,4% no semestre, chegando a R$ 1,83 trilhão, enquanto o volume investido no alta renda respondeu por R$ 1,57 trilhão, alta de 10,1% em relação ao fechamento de 2022. Já o private, que abrange clientes com no mínimo R$ 3 milhões em investimentos, cresceu 5,9%, fechando o primeiro semestre com R$ 1,97 trilhão aplicado.

Títulos e valores mobiliários

Os títulos e valores imobiliários se destacaram no primeiro semestre, especialmente produtos isentos de imposto de renda, que cresceram 22% no semestre, com R$ 976,7 bilhões investidos. No varejo, a alta foi de 18,4%, enquanto no private, foi de 9,6%. Ainda entre os produtos de renda fixa, os CDBs cresceram 11,8%, passando de R$ 712,1 bilhões em dezembro para R$ 796,5 bilhões em junho. Já na renda variável, ações somaram R$ 668,1 bilhões, alta de 8,7% no mesmo período.

“O mercado, especialmente no segundo trimestre, voltou a se animar com expectativas positivas na economia, como a queda da taxa de juros, confirmada na semana passada, a decisão do Comitê Monetário Nacional de mudar regime de metas de inflação, a desinflação e aprovação do novo arcabouço fiscal. A junção desses fatores estimulou a alta do Ibovespa”, afirmou Correa Júnior.
As aplicações em previdência, no private, atingiram o patamar de R$ 195,9 bilhões, crescimento de 7,1%.

Em contrapartida, a poupança, que corresponde a 17% do total investido, perdeu 3,4% dos recursos e fechou o semestre com R$ 916,4 bilhões.

“Em 2020 e 2021, o pagamento do auxílio emergencial e a redução de gastos inflaram as poupanças. O movimento de queda é visto desde o pós-pandemia, que coincidiu com o cenário de maior endividamento das famílias. Essa situação fez com que muitos investidores sacassem suas economias para pagar dívidas. Há também movimento maior de diversificação de investimentos, principalmente, com a consolidação das plataformas digitais que ampliaram o acesso a produtos de investimento, como os CDBs e os isentos de imposto de renda que se tornaram mais atrativos para os clientes”, afirmou Correa Júnior.

Fundos imobiliários

Os fundos de investimento responderam por R$ 1,55 bilhão (29%) do total, aumento de 2% em relação a dezembro. Os imobiliários cresceram 14,25% nos primeiros seis meses do ano e acumulam R$ 105 bilhões em investimento. A classe passou a compor 10,7% das carteiras no varejo alta renda, contra 9,4% em dezembro. No varejo tradicional, a participação subiu de 10,9% para 12,4%. No private, a participação foi de 2,1%. em linha com o apurado no fim de 2022.

“A atratividade dos fundos imobiliários, sobretudo para o varejo, se explica pela isenção de imposto de renda, rendimentos periódicos e pela possibilidade de se aplicar no segmento de imóveis, algo tradicional no nosso País”, diz Correa Júnior.

A alta do Ibovespa contribuiu para que os fundos de ações terminassem os primeiros seis meses com participação de 19,4%, retornando ao patamar de dezembro de 2021. A classe fechou o último semestre com R$ 231,7 bilhões investidos, alta de 4,5%. Os fundos de renda fixa acumularam R$ 520,6 bilhões, aumento de 2,3%. Os multimercados seguiram em linha com o visto no semestre anterior, com R$ 657,8 bilhões.

Centro-Oeste – Na divisão entre as regiões brasileiras, o destaque ficou por conta do Centro-Oeste, que ampliou o volume investido em 9,4%, para R$ 281,6 bilhões, estimulada, sobretudo pelo crescimento do agronegócio.

O Sudeste ainda concentra a maior parcela do patrimônio líquido investido, com R$ 3,62 trilhões, alta de 7,4% em relação ao fechamento de 2022. O Nordeste também ampliou o volume investido em 7,4%, para R$ 464,2 bilhões. No Norte, a alta foi de 6,4%, somando R$ 85,1 bilhões. O Sul soma R$ R$ 911,9 bilhões – 6,1% a mais na comparação com dezembro do ano passado.

Poupança tem saldo negativo de R$ 3,5 bilhões

Brasília – Após registrar ingresso líquido em junho, o saldo da aplicação na caderneta de poupança voltou a cair com o registro de mais saques do que depósitos no mês passado. Em julho, as saídas superaram as entradas em R$ 3,58 bilhões, de acordo com relatório divulgado ontem pelo Banco Central (BC).

O resultado negativo, entretanto, foi menor do que o verificado em julho do ano passado, quando os brasileiros sacaram R$ 12,66 bilhões a mais do que depositaram na poupança.

No mês passado, foram aplicados R$ 326,61 bilhões, contra saques de R$ 330,19 bilhões. Os rendimentos creditados nas contas de poupança somaram R$ 6,16 bilhões.

Com o resultado de julho, a poupança acumula retirada líquida de R$ 70,22 bilhões nos primeiros sete meses do ano.

No ano passado, a caderneta registrou fuga líquida (mais saques que depósitos) recorde de R$ 103,24 bilhões, em um cenário de inflação e endividamento altos.

Os rendimentos voltaram a ganhar da inflação por causa dos aumentos da taxa Selic (juros básicos da economia), mas outras aplicações de renda fixa continuam mais atraentes que a poupança.

Em 2020, a poupança tinha registrado captação líquida (depósitos menos saques) recorde de R$ 166,31 bilhões. Contribuíram para o resultado a instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia de Covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial, depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal. (Agência Brasil)

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