Finanças

Atividade econômica caiu em maio, aponta o BC

IBC-Br recuou 0,11% na comparação com abril, segundo a autoridade monetária
Atividade econômica caiu em maio, aponta o BC
Aperto monetário pode ser mitigado pela melhora do mercado de trabalho e medidas de auxílios anunciadas pelo governo | Crédito: REUTERS/Ricardo Moraes

Brasília – A atividade econômica brasileira seguiu em declínio em meados do segundo trimestre, embora a um ritmo mais fraco de contração em maio em relação ao mês anterior, de acordo com dados do Banco Central divulgados ontem.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) teve em maio recuo de 0,11% em relação a abril, segundo dado dessazonalizado do indicador, que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).

O resultado é o segundo seguido no vermelho, mas mostra uma contração mais fraca do que a de 0,64% de abril. A autoridade monetária revisou com força para baixo a leitura de abril, depois de informar anteriormente contração de 0,44%.

O BC retomou a divulgação de indicadores com o fim da greve de servidores, e na semana passada informou os dados de março e abril do IBC-Br.

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Na comparação com maio do ano anterior, o IBC-Br registrou avanço de 3,74%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a uma alta de 2,66%, de acordo com números observados.

“Se nossa expectativa para junho (alta de 0,7% sobre maio) estiver correta, o IBC-Br apresentará elevação de 0,6% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro”, calculou o economista da XP, Rodolfo Margato.

Ele calcula que o PIB brasileiro terá expansão de 0,8% sobre os três meses anteriores e crescerá 2,5% ante o segundo trimestre de 2022. Para 2022, a XP calcula um avanço de 2,2%.

A indústria do Brasil cresceu em maio pelo quarto mês seguido, porém a taxa de 0,3% ficou abaixo do esperado. Outro desempenho que ficou bem abaixo da expectativa no mês foi o de vendas varejistas, que cresceram apenas 0,1%.

Em contraste, o setor de serviços voltou a registrar ganhos em maio e acima do esperado, com aumento do volume de 0,9%.

“Olhando à frente, o impacto defasado do recente aperto financeiro e da política monetária, condições gradualmente mais exigentes de crédito, alto nível de endividamento, desaceleração da economia global e incerteza da política pós-eleição devem ampliar os obstáculos à atividade econômica”, disse em nota Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para a América Latina no Goldman Sachs.

O cenário econômico no Brasil engloba inflação alta, agravada pela guerra na Ucrânia, com taxa de juros elevada e incertezas relacionadas à eleição presidencial no País em outubro. O ambiente internacional também traz desafios, já que o aumento de juros nas economias avançadas tende a retrair a atividade no mundo e afastar investimentos de países emergentes.

Tendência – As condições financeiras mais apertadas devem continuar pesando sobre a força econômica nos próximos meses, mas podem ser mitigadas pela melhora do mercado de trabalho e medidas de auxílio do governo.

Se no início do ano a economia foi favorecida pela liberação de saques extraordinários do FGTS, antecipação do 13º de aposentados e pensionistas e o Auxílio Brasil, a partir de agora devem apresentar efeito a redução das alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo e a PEC dos Benefícios, que tem por objetivo aumentar o valor ou criar novos benefícios sociais a menos de três meses das eleições.

A taxa básica de juros Selic está em 13,25%, nível elevado que tende a restringir a atividade e o consumo, e o BC já indicou que antevê um novo ajuste na reunião de agosto.

O diagnóstico apresentado recentemente pelo Banco Central prevê que, diante da defasagem dos efeitos da política monetária, o aperto nos juros deve provocar uma desaceleração da atividade econômica no segundo semestre deste ano.

Governo estima PIB 2% maior neste ano

Brasília – O Ministério da Economia revisou para baixo a expectativa de inflação neste ano, diminuindo de 7,9% para 7,2%, e elevou a estimativa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, de 1,5% a 2%.

Para 2023, a estimativa de inflação subiu de 3,60% para 4,5%, enquanto a projeção do PIB foi mantida em alta de 2,5%.

As projeções divulgadas ontem estão no Boletim Macrofiscal, atualizado bimestralmente pela Secretaria de Política Econômica (SPE). Os dados anteriores haviam sido anunciados pela pasta em maio e, como servem de referência para ajustar a execução orçamentária, são revisados periodicamente.

A taxa prevista de 7,2% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) supera a meta a ser perseguida pelo BC. O valor fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este 2022 é de 3,5% – com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos.

O BC até mesmo já admite o estouro da meta de inflação pelo segundo ano consecutivo. Quando a projeção se confirmar, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, deverá escrever uma nova carta ao ministro da Economia explicando as razões para o descumprimento do objetivo. A inflação fechou 2021 em 10,06%.

A estimativa do Ministério da Economia para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) caiu de 8,1% para 7,41%. Esse índice é usado na correção do piso nacional do salário mínimo e de outros benefícios sociais.

Já a projeção da pasta para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) saltou de 11,40% para 11,51%. Esse índice tem uma abrangência maior para medir a alta dos preços, pois engloba também o setor atacadista e a construção civil.

A nova projeção do PIB, adiantada pela Folha de S.Paulo, reflete uma melhora na perspectiva para a atividade econômica em 2022 diante de números positivos observados na produção industrial, na retomada do setor de serviços e na recuperação do mercado de trabalho.

Com o crescimento da atividade nos últimos meses, o mercado também mostra otimismo com o desempenho do PIB para este ano e, assim como o governo, vem revisando para cima suas estimativas.

No último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (11), a projeção mediana para a expansão do PIB subiu de 1,51% para 1,59%. Algumas instituições do mercado financeiro já estimam crescimento de 2%.

Em meio à corrida presidencial, o governo Jair Bolsonaro (PL) tem aprovado medidas que sustentam a atividade econômica.

Nesta quarta (13), a Câmara dos Deputados aprovou a PEC que turbina benefícios sociais, elevando o piso do Auxílio Brasil a R$ 600, criando um auxílio a caminhoneiros de R$ 1.000 mensais e duplicando o valor do Auxílio Gás para cerca de R$ 120.

No fim de junho, o Congresso aprovou um corte de tributos federais sobre gasolina e etanol, além de ter fixado um teto de 17% a 18% para a cobrança de ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, transportes e telecomunicações.

No início do ano, o governo já havia liberado um saque extraordinário de R$ 1.000 a trabalhadores com recursos no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Essas medidas amenizam os efeitos do aperto monetário promovido pelo BC, que levou a taxa básica de juros (Selic) a 13,25% ao ano na última reunião, em maio, e dificultam a tarefa da autarquia de controlar a inflação. (Nathalia Garcia/Folhapress)

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