Banco Central alerta sobre riscos à estabilidade financeira do Brasil

Brasília – O Banco Central fez um alerta ontem sobre riscos à estabilidade financeira do País em um eventual cenário de elevação de gastos públicos e incerteza sobre a trajetória de endividamento do governo, com impacto sobre prêmios de risco e expectativas de inflação.
Em ata da reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), a autoridade monetária afirmou que está atenta à evolução dos cenários doméstico e internacional, ressaltando que segue preparada para atuar, minimizando eventual contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais.
“O aumento de gastos públicos e a incerteza sobre a trajetória do endividamento podem elevar os prêmios de risco e as expectativas de inflação, com reflexos à estabilidade financeira através do aumento da volatilidade dos ativos, da piora da capacidade de pagamento dos agentes, e da deterioração da qualidade do fluxo de capitais”, disse.
Também entre os pontos de atenção mencionados pelo BC está a persistência de elevado apetite ao risco das instituições financeiras, com ritmo alto de crescimento em modalidades mais arriscadas, como cartão de crédito e crédito não consignado, “o que requer mais atenção em um ambiente de piora do comprometimento de renda e do endividamento das famílias”.
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O comitê ponderou que algumas instituições já mostram critérios de concessão mais restritivos nessas modalidades.
Em outro ponto de atenção, o BC destacou que as condições financeiras globais ficaram mais restritivas.
“A eventual materialização de cenários extremos de reprecificação de ativos financeiros globais devido ao aperto monetário, ao aumento da volatilidade e à deterioração da liquidez em mercados sistemicamente relevantes, além dos riscos de recessão, pode levar a impacto significante sobre economias emergentes”, disse, acrescentando que a exposição do sistema financeiro ao risco de taxa de câmbio é baixa.
Política neutra
O comitê concluiu que sua política macroprudencial neutra segue adequada ao atual momento, caracterizado pela ausência de acúmulo significativo de riscos financeiros. E ressaltou que os preços dos ativos e o crescimento do crédito não representam preocupação no médio prazo, embora existam incertezas a serem acompanhadas.
Reajustes salariais: media atingiu 8,1%
São Paulo – Em outubro, 67,8% dos reajustes salariais negociados ficaram acima da inflação, mostra o boletim Salariômetro – Mercado de Trabalho e Negociações Coletivas, divulgado mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Segundo a fundação, de 2021 para 2022 percebe-se um movimento de reajustes acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O reajuste mediano ficou em 8,1%, calculado a partir da análise de 283 instrumentos que tiveram correção. O piso mediano em outubro foi de R$ 1.518. O INPC acumulado nos últimos 12 meses é de 7,2%.
O salariômetro mostra também que 16,6% das negociações garantiram reajuste igual ao INPC e 15,5% dos instrumentos analisados ficaram abaixo da inflação.
Entre os dados divulgados, a Fipe apresenta também uma prévia do salariômetro de novembro. A previsão é que o reajuste médio fique em 7,3%, sendo que 62,8% das negociações devem ficar acima do INPC.
Até o fechamento do boletim, foram reunidos 43 instrumentos para o cálculo da prévia. Nesse sentido, os resultados preliminares podem se alterar com outras informações agregadas. Para a data-base de outubro, a inflação deve ficar em 6,5%.
De janeiro a outubro, o setor que teve maior reajuste mediano real por atividade foi a indústria de joalheria, com oito instrumentos e índice de 0,76% acima da inflação. Em seguida está o setor de vigilância e segurança privada, com 0,26% de ganho real.
Na outra ponta da lista estão as empresas jornalísticas que, no ano, tiveram índice de reajuste mediano real de 3,52% abaixo da inflação. O penúltimo da lista é o setor de Radiodifusão e Televisão, com 2,41% abaixo da inflação.
Metodologia
O acompanhamento das negociações coletivas é feito por meio de acordos e convenções registrados no Mediador do Ministério da Economia.
A Fipe coleta os dados e informações disponíveis no sistema, tabula e organiza os valores observados para 40 resultados da negociação coletiva, reunidos em acordos e convenções e também por atividade econômica e setores econômicos. (ABr)
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