Finanças

Mudança regulatória para fintechs deve uniformizar competitividade bancária

Para CEO do Inter, normativa tende a levar maior transparência para o setor e beneficiar competitividade entre instituições
Mudança regulatória para fintechs deve uniformizar competitividade bancária
Foto: Reprodução Freepik

Em vigor desde a última sexta-feira (29), a Instrução Normativa nº 2.278/2025, estabelecida pela Receita Federal, passa a enquadrar fintechs como instituições financeiras — a exemplo do Banco Inter, Caixa e Itaú — com poder de fiscalização tributária. A medida, que engloba empresas de contas digitais, pagamentos online, investimentos e empréstimos, promete evitar concorrência desleal e ampliar a transparência no setor.

A regra não deve afetar o cliente final, já que é isenta de novos tributos e não altera dinâmicas importantes, como o mecanismo do Pix. Na prática, a instrução surge como ferramenta de combate à lavagem de dinheiro ao exigir documentações mais detalhadas e verificações adicionais, tornando o sistema mais transparente.

O CEO do Banco Inter, Alexandre Riccio, avalia como positiva a implementação, que será capaz de melhorar a governança dos fluxos financeiros no Brasil, reduzindo eventuais irregularidades. “A normativa tende a ampliar a transparência no setor e isso também pode beneficiar o banco, uniformizando o cenário competitivo”, destaca.

Alexandre Riccio
Riccio destacou a importância do consignado e do crédito imobiliário para o crescimento do Banco Inter | Foto: Divulgação Banco Inter

Com a nova norma, o executivo considera que o mercado caminha para um ambiente de maior equilíbrio entre as instituições. “Com fintechs oferecendo contas para transações financeiras, a medida é essencial para promover isonomia competitiva e garantir que todos possam atuar em condições de igualdade”, acrescenta.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Apesar de elevar algumas exigências, a medida não deve prejudicar novas empresas no mercado, que contam com apoio do Banco Central para facilitar o acesso. Para Riccio, a iniciativa deve ser encarada como uma garantia mínima importante de governança, equalizando a competitividade entre as instituições financeiras que atuam no País.

“Para o Inter não fez diferença. Na prática, já era necessário comunicar esse documento desde o início, pois ele é de natureza financeira e o Inter, por ser um banco regulado, já tinha essa obrigação”, ressalta.

Com 12% do mercado, consignado privado é destaque em rentabilidade

Sancionada em julho deste ano, pelo governo federal, a Lei 15.179/2025, que centraliza as ofertas de crédito consignado para trabalhadores CLT, MEIs, empregados domésticos e rurais, é considerada o produto de maior destaque do ano para o Banco Inter. Hoje, a instituição detém cerca de 12% do novo saldo de originação do consignado privado, participação considerada relevante e que deve ser ampliada.

Segundo o executivo, a modalidade, antes exclusiva para os servidores públicos e pensionistas do INSS, surge para gerar valor pro trabalhador celetista brasileiro. “É um produto importante do ponto de vista de rentabilidade para o Inter. O consignado privado tem dado bons resultados tanto para a empresa quanto para o cliente”, pontua.

Escassez da poupança amplia alternativas de produtos para financiamento de imóveis

Disponível há mais de uma década no portfólio do Banco Inter, o crédito imobiliário segue entre os principais produtos estratégicos para 2025. Esse segmento, combinado ao crédito com garantia de imóvel, tem registrado crescimento expressivo, especialmente em razão das condições macroeconômicas atuais, que moldam a dinâmica de oferta e demanda no País.

Com a taxa básica de juros (Selic) em patamares restritivos, os investimentos em poupança perdem espaço na instituição, correspondendo hoje a pouco mais de 2% do total de ativos do Inter Invest. A modalidade, que antes lastreava financiamentos imobiliários, perde espaço para novas alternativas no sistema.

“Com a escassez da poupança, conseguimos oferecer ao cliente um produto com características semelhantes, permitindo a realização de financiamento imobiliário a custos competitivos, o que tem registrado crescimento significativo em 2025”, comenta Riccio.

Resultados recordes em 2025

Os resultados positivos em diferentes linhas de produtos viabilizaram números recordes em 2025. No primeiro semestre, o Banco Inter obteve lucro líquido de R$ 639 milhões — crescimento de 52,9% frente ao mesmo período de 2024 —, totalizando 39,3 milhões de clientes.

Para o segundo semestre, as expectativas são ainda mais otimistas, especialmente por concentrar poucos feriados e mais dias úteis. “Anunciamos 40 milhões de clientes em agosto. Esperamos um bom volume de negócios e que isso se reflita nas demonstrações financeiras e nos resultados em geral”, conclui o executivo.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas