BC defende medidas para elevar arrecadação

São Paulo – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu ontem a importância da aprovação pelo Congresso Nacional de medidas encaminhadas pelo governo para elevar a arrecadação de impostos, ao mesmo tempo em que voltou a chamar a atenção para o elevado gasto público no País, ressaltando que a falta de equilíbrio fiscal pode “desequilibrar todo o resto”.
Em apresentação durante evento da regional da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave) no Mato Grosso, Campos Neto apontou que o cenário internacional mais desafiador, com preocupações fiscais relacionadas aos Estados Unidos, assim como as taxas de juros norte-americanas mais elevadas, aumenta a importância da aprovação das medidas pelo Congresso. “É como se a barra tivesse subido e você tivesse que ser um melhor aluno do que você pensava que teria que ser no passado”, comparou.
E acrescentou: “O governo precisa de receita adicional para poder chegar no objetivo, ou seja, precisa de mais arrecadação. Mais arrecadação, a gente está vendo que tem uma série de projetos no Congresso para serem aprovados, e eu estava conversando agora sobre a importância de aprovar esses projetos”.
Ele reiterou que o País vive uma “desancoragem gêmea”, com o mercado desconfiando tanto do cumprimento das metas de inflação como dos objetivos fiscais, e disse que o “piloto” da desancoragem são as expectativas para as contas públicas.
Dificuldade
Campos Neto afirmou, ainda, que o País tem “uma dificuldade grande em cortar gastos”, dado o que classificou como um orçamento público “muito engessado” e um “sistema onde você faz várias medidas que deveriam ser temporárias e elas se tornam permanentes”.
“Mesmo com arcabouço, a despesa primária do governo vai crescer 9,2% em 2023 e 3,3% em 2024. Isso é bem acima do mundo emergente, é bem acima dos nossos pares”, afirmou.
Ele alertou para o impacto desse desequilíbrio fiscal para a economia como um todo: “No final das contas, se a gente não conseguir equilibrar o fiscal, a gente pode desequilibrar todo o resto”.
Resiliência
O presidente do BC afirmou ainda em sua apresentação que a economia brasileira tem se mostrado resiliente, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superando expectativas, e afirmou que isso indica uma melhora estrutural como resultado de reformas feitas desde o governo do ex-presidente Michel Temer, como a trabalhista e a redução do subsídio nos empréstimos do BNDES com a implantação da Taxa de Longo Prazo (TLP).
Campos Neto disse ainda que a inflação brasileira está melhor do que a média mundial e afirmou que objetivo do banco central é o “pouso suave”, esfriando a alta dos preços com mínimo de custo para a sociedade.
Ouça a rádio de Minas