Finanças

BC defende menos intervenção no mercado

BC defende menos intervenção no mercado
Presidente do BC também comentou sobre inflação e reafirmou o compromisso do governo para cumprir meta para 2020 | Crédito: Amanda Perobelli / Reuters

Brasília – Após ter indicado, nas últimas semanas, que o Banco Central (BC) ainda estava investigando as causas da volatilidade cambial, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, afirmou ontem que começou a ter figura um pouco mais clara, mas pontuou que quanto menos intervenção houver no mercado, melhor.

“A gente começa a ver que alguns elementos de volatilidade a gente consegue atribuir à nova forma de negociação, de terem mais contratos menores e de ter mais desses fundos automatizados. Mas o que a gente tem dito é que não é suficiente para explicar 100%”, disse ele em live promovida pelo Valor Econômico.

“Entendemos que tem uma volatilidade. Estamos identificando de onde vem a volatilidade, acho que a gente começou a ter figura um pouco mais clara”, acrescentou.

Ele destacou que, independentemente das causas, outros países do mundo adotaram dois tipos de remédio em relação à volatilidade: atuação com opções ou intervenções em corredor. Ambos mostraram resultados que não foram considerados satisfatórios.

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“Então a gente segue acompanhando. A gente acha que quanto menos intervenção tiver no mercado, melhor. Obviamente que se o mercado ficar disfuncional para um lado ou para outro, a gente faz intervenção como a gente fez no passado”, disse.

Segundo Campos Neto, o BC segue debruçado sobre o tema. Ele reiterou ainda crença de que a volatilidade tende a cair nas próximas semanas.

Juros e atividade – Durante sua participação, ele afirmou que não há constrangimento em usar remédio dos juros dentro da missão do BC de levar a inflação para a meta, ponderando que a dose a ser administrada é olhada por causa dos efeitos contraproducentes que pode desencadear.

Campos Neto ressaltou que o choque na economia foi muito grande em meio à crise com o coronavírus, com a atividade entrando em uma espécie de coma induzido no segundo trimestre, demandando uma adaptação no horizonte que tem sido comunicada pelo BC.

“Você primeiro precisa identificar qual é o remédio. A pergunta é: existe algum constrangimento de usar esse remédio ou não? Não, não existe”, disse.

“Mas depois a segunda pergunta é: esse é o remédio adequado e qual é a dose que você recomenda desse remédio? Então a dose é o quanto a gente acha que dá para fazer e o quanto a gente acha que deve fazer”, completou.

O presidente do BC afirmou que um movimento de juros pode causar “resultado contrário em termos de condições financeiras”.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne em 4 e 5 de agosto para sua próxima decisão sobre os juros básicos, atualmente na mínima histórica de 2,25% ao ano.

Segundo Campos Neto, o BC segue comprometido com a meta de inflação. “Em nenhum momento o Banco Central abandonou a meta e nem temos o entendimento de que estamos passando nenhum tipo de mensagem que tenha esse conteúdo”, afirmou.

A meta de inflação em 2020 é de 4% e a de 2021, de 3,75%, nos dois casos com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos. Em meio aos efeitos da pandemia de Covid-19 na atividade, a expectativa mais recente dos agentes, colhida na pesquisa Focus, é de um IPCA em 1,72% neste ano e de 3% no ano que vem.

Campos Neto sublinhou que, com os juros mais baixos, o País tem assistido à captação recorde da poupança, com fundos de renda fixa registrando saída de recursos.

De acordo com o presidente do BC, há várias mudanças estruturais na parte de funding e captação do sistema financeiro que estão ligadas aos juros. Com a crise, 80% da precificação do crédito é atrelada ao custo de liquidez (se banco tem caixa ou não) e ao custo de capital (expectativa da inadimplência futura a valor presente), e não mais à Selic, como era no passado.

“É como se você tivesse invertido essa relação. Por isso é tão importante a gente ter certeza de que o sistema está líquido e capitalizado”, afirmou ele, após ter frisado que o crescimento do crédito deverá ser muito importante para o formato da recuperação econômica.

Campos Neto afirmou que a estimativa oficial da autarquia para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de retração de 6,4%, é hoje vista como pessimista.

“A gente acha que é melhor do que isso”, disse ele, citando “alguma convicção” de que ainda há consumo represado e de que o efeito forte das medidas tomadas pelo governo para o enfrentamento à crise, como o auxílio emergencial, ainda será visto nos próximos meses.

Campos Neto reforçou que há início de retomada econômica em “V”, mas disse não acreditar que o Brasil irá fazer o “V” completo. “A gente tende a suavizar o ‘V’ daqui para frente”. (Reuters)

PIX tem registro de chaves antecipado no País

Brasília – O Banco Central (BC) antecipou para 5 de outubro o registro das chaves de endereçamento para receber um PIX, sistema de pagamentos e transferências instantâneos.

Segundo o BC, as chaves são o “método fácil e ágil” de identificação do recebedor. Desta forma, o pagador não precisará de dados como número da instituição, agência e conta para fazer uma transferência.

Para receber um PIX, a partir de outubro, basta acessar o aplicativo da instituição em que tem conta e fazer o registro da chave, vinculando o número de telefone celular, e-mail ou CPF/CNPJ àquela conta específica. As informações serão armazenadas em uma plataforma tecnológica desenvolvida e operada pelo BC, chamada Diretório Identificador de Contas Transacionais (DICT), um dos componentes do PIX.

De acordo com o BC, antes previsto para se iniciar em 3 de novembro, o registro foi antecipado para que os clientes e as instituições tenham mais tempo para se familiarizar com o PIX.

Estarão disponíveis antecipadamente todas as funcionalidades para a gestão das chaves – além do registro, a exclusão, a alteração, a reivindicação de posse e a portabilidade. As regras específicas estarão detalhadas no Regulamento PIX, que será publicado em agosto.

O BC informa ainda que a participação no período antecipado de registro de chaves será facultativa para as instituições financeiras e de pagamentos participantes do PIX, tendo como pré-requisito a conclusão bem-sucedida da etapa de homologação. (ABr)

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