BC eleva Selic e promete novo aperto à frente

Brasília – O Banco Central (BC) promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros ontem, levando a Selic a 4,25%, e anunciou a intenção de dar sequência ao aperto monetário com uma nova alta de pelo menos a mesma magnitude em sua próxima reunião.
Em comunicado, o BC também abandonou o uso da linguagem “normalização parcial” para se referir ao atual ciclo de alta de juros, explicitando que pretende levar a Selic para patamar considerado neutro.
“Neste momento, o cenário básico do Copom indica ser apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro. Esse ajuste é necessário para mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação”, disse o Comitê de Política Monetária (Copom) em nota.
“O Comitê enfatiza, novamente, que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação”.
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A alta da Selic veio em linha com a expectativa consensual de economistas consultados em pesquisa da Reuters e ocorre em meio a uma inflação corrente persistente que tem contaminado as expectativas dos analistas para 2022. A pesquisa mostrou que os economistas também esperavam uma indicação de que o aperto monetário seria maior à frente.
Desde março, quando deu início ao atual ciclo de alta dos juros, o BC vinha afirmando que estava promovendo um processo de normalização parcial do estímulo monetário. O termo indicava a intenção de aumentar a Selic, mas sem eliminar o estímulo à economia, mantendo o juro básico abaixo do patamar considerado neutro – em torno de 6,5%, segundo cenário citado recentemente pelo próprio BC. Essa comunicação foi agora alterada.
O BC disse, ainda, que antevê outro ajuste de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, frisando que “uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários”.
Setores – O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, destacou, em nota enviada à imprensa, que o País vive uma realidade de inflação em alta, desemprego elevado e uma economia que ainda busca a retomada e espera que a opção por um novo aumento na taxa não comprometa ainda mais.
“Esperamos que, com a elevação dos juros para conter a inflação, o Banco Central não comprometa a retomada do crescimento econômico”, afirmou em nota.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avaliou, por meio de comunicado publicado em seu site, como exagerada a decisão do Copom de elevar a Selic de 3,50% para 4,25% ao ano.
“Para a federação mineira, o ritmo acelerado de aumento da taxa Selic prejudicará a recuperação da economia brasileira, ainda muito fragilizada pela persistência da pandemia de Covid-19. A despeito do crescimento de 1,2% do PIB no primeiro trimestre de 2021, no mesmo período, a taxa de desemprego alcançou 14,7%, a maior desde o início da série histórica (2012)”, trouxe a entidade no comunicado. (Com Reuters)
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