BC estima que o pico da inflação vai ocorrer até maio

Brasília – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na sexta-feira (11) que o pico da inflação em 12 meses no Brasil deve ocorrer entre abril e maio, adiando novamente projeções apresentadas anteriormente.
Em evento da Esfera Brasil sobre política monetária, Campos Neto disse que o comportamento do setor agrícola e do preço de petróleo estão entre as causas da revisão da estimativa.
“A gente tinha uma percepção de que veria o pico da inflação perto de dezembro e janeiro, (mas) a gente viu uma quebra de safra, que não é pouco relevante, e a gente estava vendo o petróleo indo para US$ 60, ele voltou, indo para acima de US$ 90 “, disse.
“Isso gerou uma quebra de percepção em relação ao que era pico. A gente imagina, hoje, que será alguma coisa entre abril e maio, depois vai ter uma queda da inflação um pouco mais rápida”.
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Em declarações ao longo dos últimos meses, o presidente do BC vinha alterando essas previsões. Ele chegou a prever o topo da inflação para setembro do ano passado, depois passou a afirmar que o pico seria atingido no início deste ano.
Campos Neto ressaltou que a autoridade monetária usará todas as ferramentas para trazer a inflação para a meta. Segundo ele, o Brasil “saiu na frente” e está mais acelerado no ciclo de aperto monetário, na comparação com outros países.
Na última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), quando elevou a taxa básica de juros a 10,75% ao ano, o BC passou a dizer que o horizonte relevante da política monetária agora tem foco em 2023 e, em menor grau, 2022. As projeções para a inflação deste ano estão acima do teto da meta.
Campos Neto afirmou ainda que há um movimento global de elevação de preços, ponderando que a inflação no Brasil não foi causada apenas por fatores externos.
Na apresentação, ele disse que os formuladores de políticas estão entendendo a persistência e a magnitude dos choques inflacionários no mundo e concluindo que a resposta será um ambiente de juros mais altos.
Ao falar sobre os Estados Unidos, ponderando que não faz avaliação sobre política monetária de outros países, ele afirmou que as pessoas estão começando a entender que é necessário olhar a conta de juro neutro e entrar em campo restritivo.
Campos Neto, afirmou ainda que a adoção de medidas para reduzir preços de produtos no curto prazo não geram efeito estrutural sobre a inflação, reforçando posicionamento apresentado na ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Medidas de curto prazo que tenham efeito de preços no curto prazo não têm efeito estrutural na inflação, não geram otimização no ciclo de política monetária”, disse, em possível referência a projeto defendido por parte do governo para reduzir a tributação sobre combustíveis.
Atividade – Em relação à atividade econômica no Brasil, o presidente do BC afirmou que dados recentes de setores como serviços e indústria são positivos.
“Números mais recentes mostram melhora. Olhando dados da semana passada, acho que economistas que tinham (previsto) crescimento de 0% (em 2022) vão revisar o crescimento para cima”, disse.
Vazamento do Pix não envolve dados sensíveis
Brasília – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na sexta-feira (11) que os vazamentos de dados do Pix registrados nos últimos meses “não são relevantes” e não envolvem dados sensíveis.
Em evento da Esfera Brasil, Campos Neto disse que episódios dessa característica ocorrem em diversos tipos de empresas de vários setores e tendem a se tornar mais comuns.
“Como nós entendemos que esse mundo de dados vai crescer cada vez mais, exponencialmente, os vazamentos vão acontecer com alguma frequência. Não querendo banalizar os vazamentos, a gente vai atacar todos os vazamentos para que sejam o mínimo possível”, disse.
“Mas é importante a gente entender que os vazamentos dos dados do Pix não são relevantes, no sentido de que são dados que não são tão sensíveis”.
Campos Neto minimizou o efeito desses eventos, argumentando que dados como CPF e número de celular já são abertos para consulta em outras plataformas. Ressaltou ainda que nenhuma pessoa sofreu dano por causa dos episódios.
Segundo ele, 100% dos vazamentos são comunicados pelo BC, mesmo os de menor impacto. “Entendemos que ter transparência total, comunicando tudo, é superimportante”, afirmou.
Desde o ano passado, a autoridade monetária já comunicou três incidentes de segurança com potencial vazamento de dados de chaves Pix.
Em agosto de 2021, o BC detectou vazamento de dados de 414,5 mil chaves Pix sob a responsabilidade do Banco do Estado de Sergipe (Banese), segundo número atualizado. Em dezembro, foram potencialmente expostos dados de 160,2 mil chaves na instituição de pagamento Acesso.
Já em janeiro deste ano, houve incidente envolvendo informações de 2,1 mil chaves Pix sob os cuidados da Logbank Soluções em Pagamentos.
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