BC não avalia conveniência de investimento, diz Galípolo sobre títulos do Master
Comentando a liquidação do Banco Master, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (25) que a autoridade monetária não avalia conveniência de investimentos e não pode liquidar uma instituição porque ela está emitindo títulos com rendimentos acima da média.
“O Banco Central tem possibilidade de liquidar alguém porque está emitindo [títulos que pagam] 140% do CDI [Certificado de Depósitos Interbancários, taxa de referência para empréstimos entre bancos]? Não tem”, disse Galípolo em conversa com parlamentares durante sessão da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
A fala fez referência aos títulos de rendimento altíssimo, que chegaram a pagar 140% do CDI, oferecidos pelo agora liquidado Master. Questionado por senadores, Galípolo negou que o BC tenha se omitido na fiscalização do banco e afirmou que a autoridade monetária seguiu todo o rito necessário.
“Nenhuma instituição deveria buscar um voluntarismo que tende a se reverter em custo para o erário público. O Banco Central seguiu todo o procedimento legal demandado. Obviamente, quem tem que identificar [as inconsistências], e identificou, foi o Banco Central”.
Além de defender a atuação da autarquia, Galípolo também agradeceu à Polícia Federal e a Justiça pela atuação conjunta no tema do Master. “O processo previsto em lei de colaboração foi muito importante não só para que existisse uma troca de informações, mas para que também o trabalho de um não impedisse o trabalho de outro”.
Na última terça-feira (18), o Banco Central decretou a liquidação do Banco Master, enquanto a Polícia Federal prendeu seu controlador, Daniel Vorcaro, suspeito de tentar fugir do país.
O banqueiro foi transferido nesta segunda-feira (24) da superintendência da Polícia Federal em São Paulo para um presídio em Guarulhos, na região metropolitana.
A prisão preventiva (sem tempo determinado) foi mantida na audiência de custódia realizada no dia seguinte à prisão e, dias depois, por uma juíza do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), que viu riscos às investigações na possibilidade de soltura de Vorcaro.
A liquidação é adotada quando o BC avalia que a situação da instituição financeira é irrecuperável. Nesse caso, o funcionamento da instituição é interrompido e ela é retirada do sistema financeiro nacional. O Master vinha enfrentando dificuldades para honrar seus compromissos, e seus negócios viraram alvo de investigação da PF por suspeita de irregularidades em carteiras de crédito.
O BC afirmou em comunicado que a decisão foi motivada “pela grave crise de liquidez do conglomerado Master” e por “graves violações às normas que regem a atividade das instituições integrantes do SFN [sistema financeiro nacional]”.
Conteúdo distribuído por Folhapress
Ouça a rádio de Minas