Finanças

BC reduz projeção de crescimento do PIB

BC reduz projeção de crescimento do PIB
A taxa atual da Selic é de 11,75% ao ano e deve subir 1 ponto percentual | Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters

Brasília – O Banco Central piorou sua projeção de crescimento econômico brasileiro em 2022 para 1%, contra 2,1% da estimativa anterior, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado ontem.

No documento, o BC ajustou a perspectiva de expansão para o Produto Interno Bruto (PIB) para uma alta de 4,4% neste ano, ante estimativa de 4,7% calculada em setembro.

O Ministério da Economia, por sua vez, prevê expansão de 5,1% para o PIB neste ano e de 2,1% para o próximo, enquanto o mercado, segundo o boletim Focus mais recente, estima que a economia crescerá 4,65% em 2021 e 0,50% no ano que vem.

“Surpresas negativas em dados recentemente divulgados – que sugerem perda de dinamismo da atividade e reduzem o carregamento estatístico para o ano seguinte -, novas elevações da inflação, parcialmente associadas a choques de oferta, e aumento no risco fiscal pioram os prognósticos para a evolução da atividade econômica no próximo ano”, disse a autoridade monetária.

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O Bacen voltou a afirmar que questionamentos em relação ao arcabouço fiscal do país se traduzem em elevação de prêmios de risco, impactando condições financeiras atuais e a atividade econômica futura.

Outro fator que se soma ao quadro mais desfavorável, segundo o BC, é a perspectiva de que limitações na disponibilidade de insumos em determinadas cadeias produtivas perdurem por mais tempo.

Inflação – No relatório, a autoridade monetária aponta que a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior da margem de tolerância para a meta em 2022, de até 5%, passou de cerca de 17% na previsão feita em setembro para 41% na estimativa atual.

“A inflação ao consumidor continua persistente e elevada. A alta dos preços surpreendeu mais uma vez no trimestre encerrado em novembro. […] Há preocupação com a magnitude e a persistência dos choques, com seus possíveis efeitos secundários e com a elevação das expectativas de inflação, inclusive para além do ano-calendário de 2022”, afirmou.

Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a intenção de subir a Selic novamente em 1,50 ponto na reunião de fevereiro, em continuidade ao ciclo de alta para levar a taxa básica de juros a território “significativamente contracionista” para conter a inflação. A taxa básica de juros está em 9,25% ao ano.

Campos Neto: aperto pode ter um ciclo longo

Brasília – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou ontem que a atuação da autoridade monetária poderá mudar caso surjam novas informações que impliquem uma percepção de piora fiscal.

Em entrevista após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, Campos Neto também afirmou que o BC não comunica e não sabe qual será a taxa terminal para a Selic, ressaltando que o atual cenário poderá demandar um ciclo mais longo de aperto monetário.

“Se tiver novas notícias que levem à interpretação de nova piora no fiscal, isso não faz parte do nosso cenário central”, disse.

Campos Neto afirmou que a aprovação da PEC dos Precatórios é uma página virada no cenário fiscal, ponderando que não cabe à autoridade monetária avaliar se a medida foi boa ou ruim.

Ele voltou a dizer, no entanto, que a percepção do mercado sobre o fiscal pesou na decisão do BC de intensificar o ciclo de aperto monetário. “Temos visto números fiscais melhores na margem, mas nossa leitura da reação do mercado nos leva a crer que houve percepção de desarranjo ou questionamento nas mudanças recentes”, afirmou.

Futuro da Selic – Na entrevista, Campos Neto ressaltou que a comunicação do BC mudou para indicar intenção de buscar a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui os anos de 2022 e 2023, e frisou que o atual cenário poderá demandar um ciclo mais longo de aperto monetário.

“É importante avançar em processo de normalização e vamos perseguir a meta até as expectativas ficarem ancoradas”, disse.

As afirmações estão em linha com a ata da última reunião do Copom, interpretada pelo mercado como uma indicação de que o BC manterá os juros em patamar alto por mais tempo para debelar a inflação e ancorar as expectativas para os próximos anos.

O presidente do Bacen afirmou ainda que não há a intenção de estabelecer metas para o desempenho do emprego e da atividade econômica. Para ele, o combate à inflação já traz efeito positivo para esses elementos.

Campos Neto afirmou que a mudança não altera de forma relevante o trabalho do órgão no curto prazo. Segundo ele, o Banco Central trabalha com o cenário base de taxa de juros neutra, mas também tem uma gama de cenários alternativos.

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