BC revisa para cima a projeção do PIB deste ano

Brasília – O Banco Central melhorou sua projeção para o crescimento econômico em 2022 a 2,7%, ante estimativa de 1,7% feita em junho, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado ontem, esperando ainda uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 para uma alta de 1,0%.
No documento, a autoridade monetária apontou um cenário mais positivo para a inflação neste ano, mas piorou projeções para 2023, com aumento do risco de rompimento do teto da meta no ano que vem.
Assim como o BC, o Ministério da Economia também prevê expansão de 2,7% para o PIB este ano, mas é bem mais otimista para 2023, enxergando uma alta de 2,5%. O mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 2,67% em 2022 e 0,5% no ano que vem.
De acordo com o relatório, dados sobre a atividade no País divulgados desde junho mostraram um crescimento mais expressivo do que se projetava.
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“A surpresa no crescimento do segundo trimestre, os resultados iniciais do terceiro e estímulos não contemplados no relatório anterior – notadamente o aumento do valor do benefício do Auxílio Brasil e o arrefecimento da inflação, resultante, em grande medida, da redução de tributos sobre combustíveis, energia e serviços de comunicação- são os principais fatores para a revisão”, disse.
O documento também menciona o dinamismo no mercado de trabalho, com forte recuo da taxa de desocupação, criação disseminada de empregos formais, além de crescimento dos rendimentos dos trabalhadores – embora ainda em patamares inferiores aos observados antes da pandemia de Covid-19.
“Prospectivamente, o arrefecimento esperado da atividade econômica pode moderar a expansão do emprego e dos salários”, afirmou.
Segundo a autoridade monetária, que tem afirmado que o ciclo de aperto monetário provocará desaceleração neste semestre, as medidas de estímulo implementadas pelo governo indicam nova expansão do PIB no terceiro trimestre, mas em magnitude menor do que a observada no período anterior.
Para 2023, o crescimento menor seria explicado pela influência da esperada desaceleração global e dos impactos cumulativos da política monetária no Brasil, disse no documento.
Inflação
Em relação à inflação, o BC afirmou que os dados tiveram recuo relevante desde o último relatório, ressaltando que o IPCA no trimestre encerrado em agosto foi negativo e se revelou 2,37 ponto percentual mais baixo do que o antecipado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em seu cenário de referência de junho.
“O índice de preços ao consumidor recuou especialmente devido às medidas tributárias recentemente adotadas”, disse. “Por outro lado, a inflação de serviços permanece resistente, em meio a resultados surpreendentemente positivos da atividade econômica e do mercado de trabalho.”
Para este ano, o BC disse que a probabilidade de a inflação ficar acima do limite superior da meta caiu de quase 100% para cerca de 93%. Em 2023, porém, a autarquia afirmou que a probabilidade de estouro subiu de 29% para 46%, citando elevação das projeções de mercado, “possivelmente refletindo uma persistência da inflação de serviços”.
A autoridade monetária ressaltou que seu cenário de referência considera o retorno da tributação federal sobre combustíveis em 2023, após desoneração implementada neste ano. No entanto, o governo já prometeu que manterá esse corte tributário e incluiu a medida na proposta de Orçamento do ano que vem –a iniciativa ainda precisa ser aprovada no Congresso.
As atuais projeções do Copom para o IPCA estão em 5,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,8% para 2024. As metas estabelecidas para o período são de 3,50% em 2022, 3,25% em 2023 e 3,00% em 2024 –todas com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O BC também reiterou mensagem da última reunião do Copom de que se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa Selic por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.
Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano, após o BC ter decidido interromper o ciclo de aperto monetário.
No relatório, a autarquia afirmou que a transmissão da política monetária para as taxas de juros de novos empréstimos costuma ser rápida e, no aperto implementado até agora, está ocorrendo em linha com o padrão histórico.
“O atual ciclo de aperto monetário tem se refletido em maiores taxas de juros no crédito para famílias e empresas”, disse.
Em relação ao quadro fiscal, o BC disse que os dados vêm surpreendendo positivamente, ressaltando que os resultados melhoraram mesmo com os cortes tributários e o gasto adicional do governo de R$ 41 bilhões neste ano para ampliar programas sociais.
IGP-M tem queda de 0,95%, aponta a FGV
Rio – O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), considerado a inflação do aluguel, caiu 0,95% em setembro, após queda de 0,70% no mês anterior. Com o resultado, o índice acumula alta de 6,61% no ano e de 8,25% em 12 meses. Em setembro de 2021, o índice havia caído 0,64% e acumulava alta de 24,86% em 12 meses.
Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 1,27% em setembro, após queda 0,71% em agosto. Na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo Bens Finais caiu 0,39% em setembro. No mês anterior, a taxa do grupo havia sido de -0,73%.
Segundo o levantamento, a principal contribuição para este resultado partiu do subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de -1,07% para -0,04%, no mesmo período. O índice relativo a bens finais, que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, variou 0,20% em setembro, ante -0,12% no mês anterior.
De acordo com o coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV, André Braz, as quedas registradas nos preços de commodities e combustíveis continuam influenciando o resultado.
“O preço do minério de ferro caiu 4,81%, ante queda de 5,76% na última apuração. Já os preços do diesel (de -2,97% para -4,82%) e da gasolina (de -8,23% para -9,18%) recuaram ainda mais em setembro. No âmbito do consumidor, a inflação ficou menos negativa, acelerando de -1,18% em agosto para -0,08% em setembro. O setor serviços contribuiu para tal movimento, com destaque para passagem aérea (27,61%), aluguel residencial (1,42%) e plano e seguro de saúde (1,15%)”, afirmou, em nota, André Braz.
A taxa do grupo Bens Intermediários passou de -0,76% em agosto para -1,47% em setembro. Segundo a FGV, o principal responsável por este movimento foi o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cujo percentual passou de -1,55% para -5,82%. O índice de Bens Intermediários, obtido após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, caiu 0,43% em setembro, após variar -0,57% em agosto.
O estágio das Matérias-Primas Brutas caiu 1,84% em setembro, após queda de 0,63% em agosto. “Contribuíram para intensificar a taxa negativa do grupo os seguintes itens: leite in natura (12,59% para -6,72%), bovinos (-2,01% para -4,06%) e cana-de-açúcar (0,41% para -0,72%). Em sentido oposto, destacam-se os itens milho em grão (-1,54% para 1,07%), minério de ferro (-5,76% para -4,81%) e algodão em caroço (-4,43% para 3,95%)”, diz o Ibre/FGV.
IPC
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou -0,08% em setembro, após queda de 1,18% em agosto. Seis das oito classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação. A principal contribuição partiu do grupo Educação, Leitura e Recreação (-3,07% para 4,47%). “Nesta classe de despesa, vale citar o comportamento do item passagem aérea, cuja taxa passou de –17,32% em agosto para 27,61% em setembro”, informou a pesquisa.
Também tiveram acréscimo em suas taxas de variação os grupos transportes (-4,84% para -2,93%), habitação (-0,31% para 0,21%), vestuário (0,20% para 0,57%), comunicação (-0,83% para -0,54%) e saúde e cuidados pessoais (0,67% para 0,72%). Nestas classes de despesa, o estudo destaca os seguintes itens: gasolina (-15,14% para -9,46%), tarifa de eletricidade residencial (-3,32% para -0,87%), calçados (-0,17% para 0,87%), tarifa de telefone móvel (-2,40% para -0,35%) e artigos de higiene e cuidado pessoal (1,07% para 1,24%).
Em contrapartida, os grupos alimentação (0,44% para -0,34%) e despesas diversas (0,36% para 0,08%) registraram decréscimo em suas taxas de variação. Nestas classes de despesa, a pesquisa ressalta os seguintes itens: laticínios (6,45% para -3,82%) e cigarros (2,55% para 0,90%).
INCC – O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,10% em setembro, ante 0,33% em agosto. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de agosto para setembro: materiais e equipamentos (0,03% para -0,14%), serviços (0,68% para 0,34%) e mão de obra (0,54% para 0,26%). (ABr)
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