BNDES quer levar crédito a pequenos negócios no País

Brasília – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, disse nessa terça-feira (16) que as pequenas, micro e médias empresas representam o foco do banco durante a pandemia do novo coronavírus.
Ao participar ontem de reunião da Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira de medidas relacionadas à pandemia do Covid-19, ele disse que a prioridade do banco é como fazer o crédito chegar a esse segmento da economia.
Em uma comparação com grandes empresas, Montezano reconheceu que o aumento do crédito oferecido a micro, pequenas e médias empresas foi “modesto”.
No caso das grandes companhias, ele afirmou que, entre fevereiro e abril, houve um crescimento (no crédito) de R$ 100 bilhões, enquanto para micro, pequenas e médias empresas a expansão foi de R$ 10 bilhões ou 2%.
“De um lado você tem os bancos falando que estão emprestando mais – é verdade, estão emprestando mais, cresceram 2% em dois meses, o que a gente pode dizer que é modesto – e, de outro lado, você tem as empresas falando que falta crédito, o que também é verdade”, reconheceu.
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Canais de crédito – O presidente do BNDES justificou que houve uma demanda de crédito por empresas que não tinham canais de crédito, nunca precisaram de crédito e passaram a precisar.
“Nossas fraquezas se revelam neste momento. A verdade é que o crédito sempre foi restrito para elas e, nesse momento de pandemia, isso fica mais latente e mais claro ainda. A nossa visão é de que a gente pode fazer mais”, ressaltou.
Entre as ações do governo, o presidente do BNDES disse que o Tesouro está assumindo o risco das operações. Nesse sentido, destinou R$ 16 bilhões para o financiamento para custeio e investimentos dos médios produtores rurais em atividades agropecuárias (Pronamp), R$ 20 bilhões para o Programa Emergencial de Acesso a Crédito e R$ 34 bilhões foram para o Programa Emergencial de Suporte a Empregos, de manutenção de emprego.
Somadas essas linhas, ele disse que são R$ 71 bilhões que o governo disponibiliza de orçamento para o crédito chegar para as pequenas e médias empresas.
Apelo ao Congresso – Para destravar o crédito, no entanto, Gustavo Montezano pediu empenho dos parlamentares para aprovar o quanto antes a Medida Provisória (MP) 975/20, que libera crédito para as médias empresas.
O programa vai conceder garantias aos pedidos de empréstimos protocolados no BNDES até 31 de dezembro de 2020 por empresas com receita bruta entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões.
“A gente tem conversado com o relator da Câmara, deputado Efraim Filho (DEM-PB), que está supercomprometido e nos apoiando. Já peço aqui a solicitação de que isso seja aprovado o quanto antes nas duas Casas (Senado e Câmara) porque essa interação com o Legislativo vai trazer aprimoramentos para o programa, vai tornar o programa mais flexível e mais acessível”, opinou. O mesmo, ressaltou, vale para o Programa Emergencial de Suporte a Empregos (Pese), de folha de pagamento.
“São necessários alguns ajustes, de forma geral, flexibilizando o acesso, tirando condicionantes do acesso. A gente acredita que, com essa liberação, o programa pode chegar a até R$ 20 bilhões de potencial”, afirmou. (ABr)
Governo federal dá início ao Pronampe
São Paulo – Cerca de três meses depois de o Brasil ter sido atingido duramente pelos efeitos da pandemia do coronavírus, o governo federal finalmente deu início ao programa de crédito emergencial para microempresas e empresas de pequeno porte.
O banco estatal Caixa anunciou ontem as condições para o programa, batizado de Pronampe, que terá juro de Selic + 1,25% ao ano e prazo de 36 meses. A linha vale para empresas com faturamento de até R$ 4,8 milhões, microempresas com receita de até R$ 360 mil e para microempreendedores que movimentem até R$ 81 mil, todos no critério anual.
A linha tem prazo de 36 meses, incluindo 8 meses iniciais da carência. O montante do empréstimo poderá ser o equivalente a 30% da receita bruta de 2019. Para empresas criadas há menos de um ano, o limite é de até 50% do capital ou 30% do faturamento médio mensal desde o início das atividades.
O anúncio ocorre em meio a críticas contra o governo pela demora em operacionalizar o socorro a pequenos empreendedores altamente dependentes de capital de giro e que viram o faturamento sumir da noite para o dia por causa das medidas de isolamento social adotadas em meados de março no País.
Com milhares de negócios de portas fechadas no Brasil devido à quarentena e com a oferta de crédito mais escassa do que de costume na rede bancária comercial, a expectativa de entidades de classe é de que milhares deles não consigam sobreviver.
Uma das expectativas no mercado era de que ao menos a distribuição da ajuda financeira chegasse de forma ágil às empresas após o anúncio do início do programa. No entanto, inicialmente, a linha será repassada unicamente pela Caixa.
“Estamos discutindo parcerias com empresas de cartões e com outros bancos”, disse o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, durante apresentação do programa pela internet.
Mas o executivo frisou que há pouco espaço para lucro nessa operação, dado o spread apertado da linha.
Segundo Guimarães, cerca de 117 mil tomadores já submeteram à Caixa pedidos para a linha. (Reuters)
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