Bolsa começa outubro com ajustes e Ibovespa fecha em queda

O Ibovespa fechou em queda o primeiro pregão de outubro nesta quarta-feira (1º), refletindo ajustes de posições, após uma performance positiva em setembro, marcada por novas máximas.
O pregão também teve como pano de fundo dados de emprego dos EUA que corroboraram a perspectiva de mais cortes de juros, que tem alimentado o fôlego na bolsa paulista, mas que também acenderam preocupações sobre a saúde da maior economia do mundo.
Em paralelo, agentes ainda repercutiram a falta de um acordo entre democratas e republicanos nos EUA envolvendo um projeto orçamentário para estender o financiamento federal, que provocou uma paralisação parcial das atividades do governo norte-americano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,49%, a 145.517,35 pontos, após avançar a 146.879,33 pontos na máxima e marcar 145.193,28 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$ 20,7 bilhões.
A queda ocorre após o Ibovespa acumular alta de 3,4% em setembro, ampliando o ganho no ano para 21,58%. No mês passado, também ultrapassou os 147 mil pontos pela primeira vez, embora nunca tenha conseguido fechar acima de tal patamar.
“Muitos investidores aproveitando para realizar algumas das últimas altas do Ibovespa” afirmou o especialista em investimentos Felipe Sant’Anna, do grupo Axia Investing, destacando que o foco ficou voltado “basicamente” ao exterior.
Ele chamou a atenção para o impasse no Congresso norte-americano em relação ao orçamento do próximo ano, o que deve afetar, entre outras áreas, a divulgação de dados econômicos relevantes na definição de expectativas sobre a política monetária dos EUA.
E também apontou os números ADP, citando que há necessidade de dados fracos do mercado de trabalho para influenciarem as próximas decisões do Federal Reserve, mas que um dado muito fraco pode trazer receio sobre recessão.
No mês passado, foram fechados 32.000 postos de trabalho no setor privado dos EUA mês passado, segundo o Relatório Nacional de Emprego da ADP, após um declínio de 3.000 em agosto em dado revisado para baixo.
“Estamos totalmente indexados ao corte de juros lá fora e ao fluxo estrangeiro que entra aqui na bolsa brasileira; se por algum acaso colocarem água no chopp americano, esse dinheiro não vem para cá ou a torneira começa a fechar”, acrescentou.
Wall Street navegou pelos dados e notícias e o S&P 500 fechou em alta de 0,34%.
Destaques
– BANCO DO BRASIL ON recuou 0,72%, tendo no radar dados do Banco Central sobre o lucro dos bancos de julho. BRADESCO PN cedeu 1,7%, ITAÚ UNIBANCO PN caiu 1,81%, SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 1,53% e BTG PACTUAL UNIT fechou em baixa de 0,91%. Em Nova York, NUBANK terminou a sessão com declínio de 5,12%.
– PETROBRAS PN cedeu 0,25%, em meio ao declínio do petróleo no exterior, onde o barril Brent caiu 1,03%. A estatal também divulgou aumento de 0,2% no preço médio de venda de querosene de aviação (QAV) para as distribuidoras. Ainda no radar, dados da ANP mostraram que a produção de petróleo do Brasil subiu 16,6% em agosto.
– WEG ON recuou 2,19%, tendo no radar relatório do Citi cortando a recomendação da ação para “neutra” e o preço-alvo de R$53 para R$40, enquanto os analistas veem um ambiente mais difícil no curto prazo para a companhia, especialmente em motores elétricos de ciclo curto. O Bradesco BBI, que já tinha recomendação neutra, reduziu o preço-alvo de R$50 para R$ 44.
– ULTRAPAR ON caiu 3,46%, com dados mostrando que o preço médio da gasolina e do diesel recuou em setembro nos postos do Brasil, enquanto as vendas de diesel no país caíram em agosto. O grupo é dono da rede de postos Ipiranga. VIBRA ON cedeu 1,75%, mas RAÍZEN PN fechou com elevação de 0,98%.
– BRASKEM PNA avançou 4,57%, após quatro quedas seguidas, período em que perdeu 24%, enquanto segue a expectativa sobre alternativas para otimizar sua estrutura de capital. O Cade também decidiu a favor de operação de aquisição de ações da NSP Investimentos — e, indiretamente, do controle da Braskem — pelo fundo Petroquímica Verde, de Nelson Tanure.
– GERDAU PN subiu 2,11%, em dia positivo para o setor e marcado por evento da companhia com analistas e investidores. A Gerdau também anunciou redução nos investimentos para o próximo ano. CSN ON avançou 3,92% e USIMINAS PNA valorizou-se 3,78%. Ainda no setor de mineração e siderurgia, VALE ON fechou em alta de 1,27%.
Conteúdo distribuído por Reuters
Ouça a rádio de Minas