Bolsa despenca com IPCA mais alto e pressões externas

São Paulo – O dólar fechou em forte alta de 0,97% nesta quarta-feira (9), a R$ 5,586, sob efeito dos dados de inflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e de um cenário externo adverso. Já a Bolsa despencou 1,17%, a 129.962 pontos, com quase todas as empresas no negativo.
A inflação oficial do Brasil acelerou a 0,44% em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), depois de apresentar leve queda (deflação) de 0,02% em agosto.
O resultado veio abaixo das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que previam alta de 0,46%. Mas, na base anual, a inflação alcançou 4,42% -próximo ao teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central (BC), cujo centro é de 3%. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais.
A divulgação acontece em um momento de grande atenção aos próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom), que deixou a trajetória da taxa básica de juros do País em aberto. A Selic é o principal instrumento do BC para controle de preços.
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O colegiado reiniciou o ciclo de altas na taxa Selic na reunião de setembro, quando optou por um aperto de 0,25 ponto percentual e a levou ao patamar de 10,75% ao ano. Na ocasião, informou que as próximas decisões estão à mercê dos dados econômicos, em especial os de inflação.
Ainda que dentro da banda, o dado indica que a inflação está desancorada do centro da meta. Em declarações recentes, dirigentes do Copom afirmaram que o foco das decisões continuará sendo a perseguição do alvo de 3%, e não das margens de tolerância.
Neste cenário, a expectativa dos investidores é que a Selic suba em 0,50 ponto na próxima reunião de política monetária, marcada para novembro.
“A inflação ainda está desconfortável, transitando em um patamar ao redor de 4,5%, e isso deve continuar mantendo a expectativa de que o BC possa acelerar o ritmo de aperto no próximo encontro”, diz Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos.
A perspectiva de uma Selic mais alta fez os juros futuros dispararem. O contrato para janeiro de 2026 subiu 1,63%, prevendo a taxa em 12,50%. O de janeiro de 2027 avançou 2,05%, a 12,58%, e o de 2028 teve ganhos de 2,12%, a 12,58%.
No Ibovespa, isso se traduziu em pressão às empresas mais sensíveis à economia doméstica, como Lojas Renner (-2,27%), Magazine Luiza (-3,97%) e MRV (-1,52%).
Na cena corporativa, Vale ficou próxima à estabilidade, com leve recuo de 0,05%, e Petrobras caiu 1,06%, seguindo o petróleo no exterior. (Reportagem distribuída pela Folhapress)
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