Bolsa fecha em queda, com mercado atento a juros do Brasil e dos EUA

São Paulo – A Bolsa brasileira fechou em queda de 0,31% nesta segunda-feira (20), a 127.750 pontos, em dia de volatilidade conforme investidores seguiam de olho nos próximos passos da política monetária do Brasil e dos Estados Unidos.
O Ibovespa oscilou entre o sinal negativo e positivo ao longo do dia, com o mercado atento à agenda econômica da semana. A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), prevista para quarta-feira, é o principal evento do calendário, à medida que cresce a expectativa por um corte na taxa de juros norte-americana ainda este ano.
Houve ainda o Boletim Focus no horizonte, no qual economistas consultados pelo Banco Central aumentaram a projeção de juros e reduziram previsão de alta do PIB deste ano.
O relatório projeta que a Selic fechará o ano em 10% -terceira semana consecutiva de aumento na projeção da taxa básica de juros. A expectativa é 0,25 p.p (ponto percentual) maior que estimativa de 9,75% da semana anterior.
Para o PIB, a previsão é de queda, após economistas preverem aumento no Focus da semana passada. A estimativa é que o crescimento deste ano fique em 2,05%, 0,04 p.p menor que o anterior de 2,09%.
As curvas de juros futuros encerraram a tarde em alta, em resposta ao Focus.
A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,38%, ante 10,364% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,7%, ante 10,655% do ajuste anterior.
A taxa para janeiro de 2027 estava em 11,055%, ante 11,005%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,345%, ante 11,294%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,75%, ante 11,706%.
Em geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e menos o BC afrouxar a Selic, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.
Na Bolsa, porém, indica mais estabilidade na renda fixa -sobretudo a norte-americana, a partir dos títulos do Tesouro de lá, chamados de Treasuries- e menos atratividade na variável, o que geralmente leva o Ibovespa para o negativo.
O índice oscilou entre os sinais, conforme a cena corporativa contrabalançava a incerteza em torno dos juros, mas não conseguiu neutralizar as perdas.
“Os gatilhos positivos para a Bolsa, como a alta dos índices norte-americanos e as perspectivas da economia chinesa, que também beneficiam a economia brasileira e ativos como o minério de ferro, não foram suficientes para sustentar o fluxo e a liquidez no Ibovespa hoje”, avalia Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital.
A Petrobras, que perdeu mais de uma Sabesp em valor de mercado na semana passada após a demissão de Jean Paul Prates, ensaiou uma recuperação nesta segunda. Os papéis preferenciais da petroleira avançaram 0,16%, e os ordinários, 0,34%.
A Braskem subiu 3,23%, após a Justiça de São Paulo dar ganho de causa para um pedido de acionistas minoritários que cobram que a petroquímica seja ressarcida pela Novonor, ex-Odebrecht, por abuso de poder de controle. A ação soma cerca de R$ 5,5 bilhões, sem considerar juros, correção monetária e outras custas.
Vale fechou perto da estabilidade, com baixa de 0,05%, mesmo com o avanço dos preços futuros de minério de ferro na China, ainda embalados por medidas de apoio ao setor imobiliário anunciadas pelo governo na última semana.
A resseguradora IRB recuou 6,81%, em movimento de ajuste após forte valorização no final da semana passada.
A 3R Petroleum recuou 2,13%, com agentes ainda analisando o acordo de fusão da companhia com a Enauta, que prevê a incorporação da segunda pela primeira, formando uma companhia de petróleo com “alto” potencial de crescimento nos próximos anos.
Na última sexta-feira, (17) o dólar perdeu 0,54%, cotado a R$ 5,101 na venda. Já a Bolsa fechou praticamente estável, com recuo de 0,10%, a 128.150 pontos. Na semana, a Bolsa acumulou alta de 0,43%, e o dólar teve baixa de 1,06%.
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