Bolsa de valores deve manter bom desempenho em novembro
                            O Ibovespa, indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na bolsa de valores do Brasil, encerrou outubro com mais um recorde mensal, aos 149,5 mil pontos, aproximando-se do preço-alvo de 153 mil pontos projetado para o fim de 2025. O cenário externo mais favorável reforçou o apetite por risco entre os investidores e levou à valorização no ano para 24,3%.
Os cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos (EUA), a trégua na guerra comercial entre o país americano e a China e a expectativa de continuidade nos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), Banco Central americano, tornaram o cenário externo mais favorável, sustentado um ambiente positivo para tomada de risco na bolsa brasileira.
No ambiente interno, a temporada de resultados acelerou no final do mês de outubro, com resultados ligeiramente positivos, com muitas companhias reportando resultados acima do esperado.
Apesar da valorização expressiva no ano, especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio avaliam que há espaço para ganhos, especialmente considerando as projeções de crescimento das empresas diante de um ambiente doméstico de juros elevados.
Na visão do analista de ativos da Monte Bravo, Bruno Benassi, as perspectivas são positivas para novembro, justamente pelos resultados das empresas desta temporada. “Até agora, as companhias estão reportando bons números e a gente acha que a tendência vai continuar pelo mês de novembro. Isso deve surtir um efeito positivo e contribuir para um ambiente positivo para o Ibovespa também”, comenta.
Além disso, Benassi acredita que a inflação nos Estados Unidos mostra que os impactos das tarifas têm sido menores do que se esperava, o que, segundo o especialista, ajuda ou possibilita o Fed a cortar juros. “Os dados das atividades, seja na indústria ou no emprego, têm reduzido. Então, acho que o cenário global de risco tem sido positivo para países emergentes como o Brasil e esse contexto não deve mudar no mês de novembro”, afirma.
O sócio-fundador da Rio Negro Investimentos, João Soares, também acredita que a bolsa deve continuar com essa mesma dinâmica ao longo de novembro. “Por isso, é super importante o acompanhamento dos dados de atividade econômica e inflação para que a gente tenha uma visibilidade na tomada de decisão dos bancos centrais, principalmente o americano e brasileiro, de uma perspectiva do investidor brasileiro”, avalia.
Segundo Soares, o bom desempenho da bolsa brasileira foi alimentado também pela expectativa de em algum momento os cortes nas taxas de juros começarem por aqui. “Isso torna os ativos de risco como bolsas e ações mais competitivos”, explica.
O gestor da Rio Negro comenta ainda que com o corte na taxa de juros dos EUA e a manutenção da taxa Selic no Brasil, pode-se perceber um fluxo maior de capital norte-americano para o Brasil. “Os investidores podem aproveitar essa diferença de taxa de juros”, avalia.
Já o analista da Valor Investimentos, Ian Lopes, acha difícil prever o desempenho da bolsa para o próximo mês. Segundo ele, é preciso aguardar algumas decisões, como as definições da tarifa de 50% nas exportações brasileiras sobre os EUA, para ter um cenário mais claro. “Temos que aguardar se isso será resolvido ou não. Na próxima quarta-feira, a gente tem a divulgação da decisão do Copom sobre a Selic, qual vai ser o caminho da política monetária daqui pra frente e tudo indica que eles vão manter a taxa de juros nesse patamar atual”, avalia.
Ele também comenta o cenário de shutdown (paralisação) dos Estados Unidos. “Isso ainda impacta bastante. São mais de um milhão de trabalhadores americanos que estão sem receber, que trabalham para o governo federal, e isso vai impactar bastante também. Então, vamos aguardar porque ainda é muito cedo para a gente falar se a gente terá novos recordes ou não”, afirma Lopes.
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