Brasil deve ter déficit de R$ 147 bi em 2024

Brasília – Participantes do mercado financeiro pioraram significativamente suas projeções para o déficit primário do governo central neste ano, mostrou um relatório do Ministério da Fazenda, embora tenha havido uma ligeira redução na estimativa de rombo para o ano que vem, que segue, contudo, bem distante do déficit zero fixado como meta pelo governo.
O boletim Prisma de dezembro, publicado ontem, mostra agora expectativa mediana de que o Brasil registre em 2023 resultado primário negativo em R$ 147,018 bilhões, ante R$ 113,512 bilhões estimados no relatório de novembro.
Para o ano que vem, no entanto, houve revisão positiva na estimativa, passando o rombo de R$ 90,00 bilhões, contra R$ 90,237 bilhões esperados anteriormente. O governo tem como meta o déficit zero em 2024.
No que diz respeito à arrecadação das receitas federais — considerada crucial pelos mercados para que o governo consiga atingir sua meta fiscal — a visão mediana no Prisma passou a embutir uma projeção de R$ 2,327 trilhões neste ano, abaixo dos R$ 2,330 trilhões previstos no boletim anterior.
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Por outro lado, para 2024, a expectativa de arrecadação subiu marginalmente a R$ 2,534 trilhões, de R$ 2,522 trilhões antes, melhora que vem em meio a esforços da equipe econômica do governo para ampliar as receitas e tentar cumprir o objetivo de déficit zero no ano que vem, apesar de alguma dificuldade na tramitação das pautas econômicas no Congresso.
O mercado reduziu suas projeções para a dívida bruta do governo geral a 75,65% do PIB no final deste ano, contra 75,81% no relatório anterior. Para 2024, ainda é esperado uma alta do endividamento para 78,80% do PIB.
Houve aumento na expectativa mediana de despesa do governo federal deste ano, a R$ 2,040 trilhões, contra R$ 2,020 trilhões anteriormente. Para o período seguinte, no entanto, a projeção caiu a R$ 2,167 trilhões, frente a R$ 2,169 trilhões na leitura de novembro.
Para 2023, foi prevista receita líquida (descontados os repasses a estados e municípios) de R$ 1,904 trilhão, ante R$ 1,906 trilhão no último Prisma. Já para 2024, a expectativa caiu a R$ 2,077 trilhões, de R$ 2,078 trilhões antes.
OCDE: economias desenvolvidas perderão ritmo
Paris – O crescimento deverá cair quase pela metade nas economias desenvolvidas e nas grandes economias de mercados emergentes nas próximas décadas, exigindo impostos mais altos para evitar que a dívida dispare, segundo previsão da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em uma atualização de suas projeções econômicas de longo prazo.
Embora a aceleração da mudança para uma energia mais limpa possa pesar ainda mais sobre a atividade, esquemas eficazes de precificação do carbono podem gerar receitas inesperadas para alguns governos, disse a OCDE.
A tendência de crescimento nos 38 membros da OCDE e nos países do G20 deve desacelerar gradualmente ante os níveis pré-Covid de 3% para 1,7% até 2060, à medida que a força de trabalho de muitos países diminui devido ao envelhecimento e o crescimento da eficiência da mão de obra desacelera nos países de mercados emergentes.
Enquanto a taxa de crescimento tendencial dos membros da OCDE deva desacelerar de 1,8% para 1,3% até 2060, as economias de mercado emergentes do G20 deverão registrar uma desaceleração maior, de 4,5% para 2% até 2060.
Embora se espere que a Índia ultrapasse a China como maior contribuinte para o crescimento global até o final da década de 2030, a economia chinesa foi projetada como a maior economia individual durante todo o período da previsão.
À medida que o crescimento desacelera, também aumenta a pressão sobre as finanças do governo, o que, no caso dos países da OCDE, significaria que os impostos precisariam ser aumentados, em média, em mais de seis pontos percentuais até 2060 para manter a dívida nos níveis atuais.
Os governos que não quiserem ou não puderem aumentar os impostos terão que encontrar outras maneiras de aliviar o aperto, como reformar os sistemas de saúde e de aposentadoria.
Em um cenário em que os países aceleram a transição energética para limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5 grau Celsius, o crescimento global seria 0,2 ponto percentual menor do que o esperado entre 2025 e 2030.
Essa redução aumentaria para quase 0,6 ponto percentual em 2045-50, com um choque menor nos países da OCDE do que nas grandes economias de mercados emergentes mais dependentes de combustíveis fósseis.
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