Finanças

Caixa destitui gerentes contrários a operação com Master

Foram três profissionais destituídos do cargo; eles se posicionaram contra a operação na última semana
Caixa destitui gerentes contrários a operação com Master
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília – A Caixa Asset, braço de investimento da Caixa Econômica Federal, tirou o cargo de três funcionários que se posicionaram contra uma operação de R$ 500 milhões proposta pelo presidente da instituição, Pablo Sarmento. O negócio envolveria a compra de R$ 500 milhões em letras financeiras (um título de dívida) do Banco Master, de propriedade de Mauricio Quadrado.

Leonardo Silva, Mariangela Fraga e Daniel Gracio eram gerentes nacionais na Caixa Asset até o início desta semana. Na sexta-feira (5) os três se posicionaram contra o negócio. Na segunda-feira (8), foram destituídos do cargo.

Entre as razões para se oporem a operação está o risco reputacional para o banco público. Isso porque Quadrado foi citado em delação premiada do ex-superintendente nacional da Caixa, Roberto Madoglio, por ter supostamente pago propina para viabilizar uma operação do FI-FGTS, fundo de investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço gerido pela Caixa. Com a delação, Madoglio devolveu R$ 39,2 milhões aos cofres públicos.

No relatório dos três gestores, ao qual a reportagem teve acesso, eles criticam a área de Gestão de Risco da Caixa Asset por deixar de fora essa informação em seu relatório.

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A Caixa afirmou que a Caixa Asset “tem total autonomia e governança para suas tomadas de decisão”.

A Caixa Asset por sua vez disse que “analisa as oportunidades de alocação, buscando alinhar a estratégia de alocação dos fundos aos seus pares, pautando-se pelas práticas de mercado”.
A instituição também afirmou que realiza periodicamente uma avaliação do time de gestores. “Não faz parte da política da empresa nenhum tipo de retaliação, sendo que as substituições se dão com critério exclusivamente profissional”, apontou.

“A Caixa Asset informa, ainda, que as operações em negociação são sigilosas e ocorrem de acordo com a estratégia da empresa”, concluiu.

“Confiança”

Procurado, o Banco Master afirmou que “ diversos investidores têm adquirido e continuam a adquirir letras financeiras emitidas pela instituição em condições similares às mencionadas”.

“Essas aquisições demonstram a confiança e a atratividade dos produtos financeiros do banco no mercado. O banco realiza periodicamente reuniões com seus investidores para discutir propostas e operações, uma prática comum em qualquer instituição financeira”, acrescentou.

“Por fim, as alegações contra os executivos citados são inverídicas e os eventos mencionados não possuem qualquer relação com as operações do banco”, concluiu.

Além do risco reputacional para a Caixa Asset, os três técnicos se posicionaram contra a operação por conta da capacidade de pagamento do Banco Master e da atipicidade da operação.

A operação envolve a aquisição da letra financeira pela Caixa, que seria paga em dez anos. O volume do negócio, de R$ 500 milhões, deixaria a subsidiária do banco público como a maior credora da instituição, já que só outros R$ 40 milhões de dívida estão nas mãos de companhias que não fazem parte do grupo Master. (Lucas Marchesini)

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