Captação de empresas registra queda de 4,5% no 1º semestre

São Paulo – As empresas captaram R$ 328,4 bilhões no mercado de capitais no primeiro semestre, o que representa uma queda de 4,5% na comparação com o mesmo período de 2024, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Apesar do recuo, foi o segundo maior volume da série histórica.
O maior destaque seguiu com a renda fixa, que respondeu por R$ 302 bilhões, também com queda em relação ao mesmo período de 2024, que ficou em R$ 310 bilhões. Na renda fixa, as debêntures ficaram com a maior fatia, somando R$ 192,7 bilhões, queda de 6,8% na comparação anual.
O presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, Guilherme Maranhão, disse a jornalistas que após os recordes de 2024, é difícil manter o ritmo, mas os números seguem muito próximos ao do ano passado. “Consideramos o número do primeiro semestre muito forte”, avaliou. Além disso, o volume de emissões do Brasil no exterior tem crescido, o que ajuda a explicar porque o recorde do ano passado do mercado doméstico não foi batido.
O volume de debêntures incentivadas pela Lei 12.431, para projetos de infraestrutura, atingiu o maior patamar semestral, somando R$ 74,5 bilhões no primeiro semestre. A modalidade teve crescimento de 5,3% na comparação com o mesmo período de 2024. As incentivadas responderam por 39% do total captado com debêntures no primeiro semestre, acima de todos os anos anteriores. Em 2024, a participação foi de 26%.
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“A debênture incentivada tem sido instrumento fundamental para financiar o investimento em infraestrutura”, disse Maranhão, ressaltando que mais setores têm usado este instrumento. No primeiro semestre, energia elétrica, transporte e logística e títulos imobiliários lideram captações entre títulos isentos, segundo a Anbima. O prazo médio das debêntures chegou a oito anos, puxado pelo desempenho das incentivadas.
As ofertas de ações continuam despencando, somando apenas R$ 3,7 bilhões no primeiro semestre, ante R$ 4,9 bilhões igual período de 2024, que já foi baixo. Em anos anteriores, os volumes foram bem maiores, como no primeiro semestre de 2022, com captações de R$ 19 bilhões ou 2021, com R$ 76 bilhões.
Exterior
As captações de renda fixa no exterior somaram US$ 17,2 bilhões no primeiro semestre, o equivalente a 86% de todo o volume captado em 2024 inteiro, de acordo com a Anbima. Foi o maior volume semestral desde 2014.
Se incluir as emissões feitas em julho, o volume já ultrapassa o de 2024, destacou o presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, Guilherme Maranhão.
Foram 20 captações externas no primeiro semestre. Além do Tesouro, nomes como Raízen, Caixa Econômica Federal, BV, FS Bioenergia e Gerdau fizeram ofertas este ano lá fora.
“Mesmo com alguns ruídos, como tarifaço, as companhias brasileiras captaram lá fora”, disse Maranhão. Por conta das tarifas anunciadas por Donald Trump, como no começo de abril, o mercado ficou fechado por algum tempo, mas acabou reabrindo.
Reportagem distribuída pela Estadão Conteúdo
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