Cautela do Copom nos juros contribui para queda da inflação, e estratégia atual é adequada, diz ata
A cautela do Copom (Comitê de Política Monetária) na condução dos juros tem contribuído para a queda da inflação, e a estratégia de manter a taxa básica (Selic) estacionada em 15% ao ano, por período bastante prolongado, é adequada para a convergência à meta, mostra ata divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira (16).
No documento, o colegiado do BC disse que vem ganhando mais confiança no processo de desinflação e que tem alterado sua comunicação para expressar isso.
“O Comitê reforçou que a estratégia seria de manutenção da taxa de juros por período bastante prolongado. Num primeiro momento, debatendo se tal taxa era suficiente, depois julgando que tal taxa era suficiente, e, nesta reunião, concluindo que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”, afirmou.
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Na última quarta (10), o Copom manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano pela quarta reunião seguida, fechando 2025 com a Selic no nível mais alto em quase duas décadas. O colegiado do BC optou por uma postura mais conservadora, apesar da pressão do governo por cortes, e empurrou a queda da Selic para 2026, ano eleitoral.
Apesar do aumento da confiança na desinflação em curso, seguiu defendendo prudência, mantendo a indefinição sobre o início de cortes de juros em janeiro.
“O Comitê avalia que a condução cautelosa da política monetária tem contribuído para se observar ganhos desinflacionários e, mais uma vez, reafirma o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”, disse.
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação recuou de 4,6% para 4,4% para este ano, dentro do limite superior da meta, e caiu de 3,6% para 3,5% para 2026. Para o segundo trimestre de 2027, a estimativa se aproximou do centro do alvo, de 3,3% para 3,2%.
A meta central é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. No modelo de avaliação contínua, o objetivo é considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis meses seguidos fora da margem, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O primeiro estouro do IPCA no novo formato ocorreu em junho.
O Copom volta a se reunir nos dias 27 e 28 de janeiro de 2026, no primeiro dos oito encontros previstos para o ano que vem, com desfalques.
Com o fim dos mandatos dos diretores Diogo Guillen, de Política Econômica, e Renato Gomes, de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, em 31 de dezembro, o primeiro encontro de 2026 terá participação de sete dos nove membros do colegiado do BC.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resolveu deixar para 2026 a indicação dos dois novos nomes para a cúpula do BC diante do clima conturbado entre o Executivo e o Senado desde que Lula indicou Jorge Messias ao STF (Supremo Tribunal Federal) e o prazo apertado até o fim do ano legislativo, no dia 22.
Conteúdo distribuído por Folhapress
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