Finanças

CDL e Fiemg veem juros altos como entrave ao crescimento

Banco Central optou por manter em Selic a 15% ao ano
CDL e Fiemg veem juros altos como entrave ao crescimento
Foto: Reprodução Adobe Stock

A manutenção da taxa básica de juros (Selic) anunciada na quarta-feira (17) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), não foi bem recebida pelos representantes do setor de comércio e serviços de Belo Horizonte, além do setor industrial mineiro.

Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), a permanência da taxa básica de juros no País em 15% revela a ineficiência do ciclo de aperto monetário praticado pelo BC desde o fim de 2024.
Segundo a entidade, o alto patamar dos juros sufoca o consumo, freia os investimentos e compromete a geração de empregos no varejo e nos serviços. “Ainda que outros cenários da economia apresentem resiliência, como o mercado de trabalho, a manutenção da taxa cria um gargalo no consumo a médio prazo. Já temos um cenário de crédito mais caro e aumento da inadimplência”, observa o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.

O dirigente destaca ainda a urgência de um plano monetário capaz de reduzir as consequências do aperto sofrido ao longo dos últimos meses. “Precisamos de medidas que devolvam confiança, ampliem o acesso ao crédito e garantam fôlego para o setor produtivo. A manutenção até contribui para o controle da inflação, porém é prejudicial ao crescimento econômico do País”, pontua.

Setor industrial

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avalia que a manutenção da Selic em patamar contracionista reforça os obstáculos ao crescimento da economia brasileira, afetando o consumo, o investimento e a competitividade das empresas. Para a entidade, a solução para uma queda estrutural dos juros passa pelo equilíbrio das contas públicas e pela coordenação entre política fiscal e monetária.

“Uma política fiscal alinhada com a política monetária facilitaria o trabalho do Banco Central no controle da inflação, permitindo uma trajetória de queda dos juros nos próximos meses”, afirma o presidente da entidade, Flávio Roscoe.

Segundo ele, os juros elevados impactam diretamente setores dependentes de crédito, limitando o desempenho das vendas no varejo, especialmente para produtos com maior tíquete médio, como automóveis e eletrônicos. Além disso, os juros altos encarecem o financiamento imobiliário e inibem o investimento produtivo, prejudicando a construção civil e a produção industrial de bens de capital.

Roscoe também chama atenção para os efeitos do impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos. “O tarifaço exige que as empresas invistam na abertura de novos canais de comercialização, mas os juros atuais vão na contramão desse objetivo, ao encarecer as linhas de crédito e piorar a competitividade das empresas brasileiras frente às internacionais”, diz.

Além do prejuízo às empresas, o presidente da Fiemg acrescenta que a manutenção da Selic em nível elevado também compromete a renda das famílias endividadas, limitando o consumo, e gera um ciclo vicioso de menos crescimento e emprego na economia.

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