Cenário externo derruba a bolsa

São Paulo – O principal índice da bolsa paulista recuou na sexta-feira (3), seguindo os mercados internacionais, após um ataque dos Estados Unidos matar uma importante autoridade iraniana agravando as tensões no Oriente Médio.
O Ibovespa caiu 0,73%, a 117.706,66 pontos, mas avançou 1,78% na semana. O volume financeiro da sessão somou R$ 29,1 bilhões.
A cautela prevaleceu no plano internacional, após um ataque dos Estados Unidos no Iraque matar um importante comandante militar iraniano, escalando as tensões no Oriente Médio. Os EUA informaram que a ação visava interromper um “ataque iminente” que colocaria em risco os norte-americanos na região.
No pior momento da sessão, o Ibovespa caiu 1,2%. À tarde, as perdas foram esvaziadas e o índice chegou a operar no azul.
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Para Raphael Guimarães, operador de renda variável da RJ Investimentos, a tensão no Oriente Médio pode ser prolongada com o desenrolar da história afetando o mercado no longo prazo.
“O mercado está aguardando o posicionamento do Irã sobre uma potencial retaliação aos EUA e as consequências que isso pode desencadear”, afirmou, acrescentando que espera que os preços do petróleo continuem sendo puxados no médio prazo.
Além do impacto no petróleo, mercados internacionais refletiram a preocupação de agentes com a questão. Na Europa, O índice FTSEurofirst 300 caiu 0,17%, enquanto em Nova York, o S&P 500 perdeu 0,71%.
Destaques – Gol PN e Azul PN despencaram 3,42% e 3,47%, respectivamente, com o setor aéreo prejudicado pelo salto nos preços do petróleo, com o recrudescimento da tensão EUA-Irã.
Petrobras PN perdeu 0,81% e Petrobras ON cedeu 2,47%, após terem segurando alta durante grande parte do pregão. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que tentou falar com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre riscos de uma possível alta de combustíveis no País.
Braskem PNA disparou 4,44%, após acertar com autoridades federais e estaduais de Alagoas acordo de R$ 2,7 bilhões para reparação de prejuízos a milhares de vítimas de fenômeno de afundamento e rachaduras de solo que atinge a capital do estado há meses. A cifra inclui gastos com fechamento de poços de mineração de sal na região.
B3 ON perdeu 2,88%, em sessão de ajuste após ter saltado cerca de 5,8% na véspera, na sequência de anúncio de redução e simplificação de tarifas.
Itaú Unibanco recuou 1,05%. Santander BR Unit fechou estável, enquanto Bradesco PN subiu 0,05%.
Grupo Natura ON saltou 6,97%, diante da conclusão da compra da Avon, que fará a companhia brasileira ser o quarto maior grupo de beleza do mundo.
Cyrela disparou 5,43%. Fora do índice, BR Properties disparou 6,12% e Gafisa teve incremento de 4,53% estendendo o rali recente da construção civil. (Reuters)
Dólar fecha acima de R$ 4,05
São Paulo – O dólar fechou a sexta-feira (3) com a maior alta percentual diária em duas semanas, ficando acima de R$ 4,05, conforme as operações locais replicaram o movimento de valorização da moeda no exterior diante de maior aversão a risco depois do aumento das tensões no Oriente Médio.
No mercado interbancário, em que os negócios vão até as 17h, o dólar subiu 0,74%, a R$ 4,0555 na venda. É a maior alta percentual diária desde 20 de dezembro (+0,79%). O dólar fechou no maior patamar desde 26 de dezembro (R$ 4,062 na venda).
Na semana, a cotação avançou 0,14%, depois de quatro semanas consecutivas de queda, nas quais acumulou desvalorização de 4,50%.
No exterior, o dólar subia firme contra moedas emergentes, enquanto o iene japonês –demandado em tempos de maior incerteza geopolítica e econômica – liderava os ganhos nos mercados globais de câmbio ao subir 0,5% ante o dólar.
Na B3, em que as operações com dólar futuro o dólar tinha alta de 0,77%, a R$ 4,0620.
O Irã prometeu vingança severa depois que um ataque aéreo dos Estados Unidos em Bagdá na sexta-feira matou Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Quds e arquiteto da crescente influência militar do país no Oriente Médio. Os preços do petróleo dispararam.
A escalada das tensões aumentou a demanda por ativos de segurança em todo o mundo, o que se refletia na valorização de moedas como dólar e iene e dos preços da dívida soberana dos Estados Unidos.
Na máxima do dia, alcançada logo no começo do pregão, o dólar bateu R$ 4,0725 na venda. Mas a moeda terminou a alguma distância desse nível, o que sinaliza alguma dúvida dos investidores sobre elevar posições a favor da divisa dos EUA neste momento.
Além disso, o dólar vem de uma série de quedas no fim do ano passado, que derrubaram a cotação ao menor patamar desde o início de novembro. Ou seja, o mercado aproveitou o maior ruído externo para “realizar” parte da desvalorização de dezembro, quando o dólar acumulou queda de 5,37% – maior baixa para qualquer mês desde janeiro deste ano.
“Embora esperemos que a volatilidade do real continue nos próximos meses, acreditamos que o progresso da agenda de reformas estruturais… poderá compensar as pressões de baixa decorrentes do menor diferencial de taxa de juros, da reformulação da dívida corporativa e da deterioração gradual do saldo de conta corrente”, disse o Santander Brasil em relatório recente.
O banco projeta que o dólar “convergirá” para R$ 4,00 até o fim do ano de 2020. (Reuters)
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