Centro-Oeste deve ser região menos afetada

Brasília – Em meio à pandemia de Covid-19, a contração da economia do Centro-Oeste será menos severa do que em outras regiões do Brasil. Isso deve ocorrer devido a maior participação do agronegócio e pela estrutura industrial na região.
A conclusão é do Banco Central (BC), que divulgou, na quinta-feira (30), o Boletim Regional, com análise do desempenho da atividade econômica por região do País.
A instituição informou que a pandemia de Covid-19 está provocando desaceleração significativa da atividade econômica, queda nos preços das commodities (produtos primários com cotação internacional) e mudanças de comportamento dos diversos agentes da economia.
Nesse cenário, diz o BC, a economia mundial, incluindo a brasileira, passa por momento de “elevado grau de incerteza”.
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No boletim, o BC afirma que “todas as regiões do País estão tendo impactos econômicos relevantes da pandemia, mas especificidades regionais tendem a diferenciar a intensidade e as características desses efeitos em cada local”.
Centro-Oeste – O BC informou que a atividade econômica no Centro-Oeste se manteve em expansão no trimestre encerrado em fevereiro, em parte, pelo comportamento da agricultura, com o início da colheita de soja, que deve ser recorde neste ano.
“No entanto, a economia da região deverá repercutir os efeitos da pandemia de Covid-19, que já se fazem perceber em dados do comércio e do setor de serviços com maior frequência e tempestividade. Ressalta-se que, considerando a maior participação do agronegócio e da estrutura industrial no Centro-Oeste, deve-se esperar uma contração da atividade um pouco menos severa do que a média nacional”.
De acordo com o boletim, com a pandemia, espera-se redução na produção industrial nos próximos meses, em função das medidas de restrição à circulação de pessoas e da queda no consumo.
“Entretanto, essa contração deverá ocorrer com menor intensidade no Centro-Oeste, na comparação com as demais regiões, considerando a concentração de 47% da indústria geral da região nos segmentos de alimentos e bebidas (20% nas demais regiões), segmentos que tendem a apresentar menor redução de demanda”, diz o boletim.
Sudeste – Segundo o BC, a evolução recente dos principais indicadores econômicos do Sudeste evidenciava “pequeno arrefecimento no final do ano passado e início deste ano, após crescer significativamente ao longo do segundo semestre de 2019, mas com resultados positivos dos mercados de trabalho e de crédito e da confiança do consumidor”.
“Entretanto, o cenário econômico, prospectivo, tende a ser impactado de forma expressiva pelos efeitos negativos da pandemia de Covid-19 sobre a atividade da região, como já evidenciam dados diários de transações efetuadas com pagamentos de débito no cartão. A região concentra a maior parte dos casos da doença, o que sugere impactos, no curtíssimo prazo, mais severos”.
Sul – Na região Sul, acrescenta o BC, dados econômicos das principais pesquisas indicaram acomodação da atividade no trimestre encerrado em fevereiro, com expansão da indústria e retração nos indicadores de demanda. “No entanto, o ambiente de grande incerteza em decorrência da pandemia de Covid-19 deverá impactar negativamente, de forma significativa”, diz o boletim.
O BC ressaltou que o “cenário mostra-se desafiador pela redução da economia global, com impacto negativo sobre a demanda de produtos exportados e, internamente, pela combinação de choque de oferta – redução da produção e das condições de distribuição e de demanda – e redução da renda e mudanças no comportamento dos agentes”.
Norte – Segundo o BC, a economia do Norte, que apresentara expansão de 2,5% em 2019, manteve-se em crescimento no trimestre encerrado em fevereiro, refletindo, principalmente, os bons resultados da indústria extrativa. Entretanto, a economia da região foi afetada pela redução do setor extrativista no Sudeste e pela redução do setor de serviços não financeiros.
“Para os próximos meses, o impacto econômico da pandemia deverá ser relevante, com ênfase em serviços e bens não essenciais, como demonstram alguns indicadores mais tempestivos”, acrescentou o BC.
Nordeste – De acordo com o boletim, nos dois primeiros meses do ano, a atividade econômica no Nordeste foi beneficiada pela evolução favorável da indústria e do crédito, contribuindo para a continuidade do processo de recuperação gradual.
“Essa recuperação, no entanto, deve ser interrompida pelos impactos da pandemia, como demonstram a evolução de dados mais tempestivos. A expectativa de crescimento significativo da safra de grãos na região, segmento que deverá ter impacto bastante reduzido pela pandemia, e as ações governamentais de garantia de renda para os mais desfavorecidos são fatores que contribuem para minimizar os efeitos negativos do Covid-19”, destacou o BC. (ABr)
China pode aliviar queda do PIB brasileiro
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, na quinta-feira (30), que estimativas iniciais apontavam que a economia brasileira iria encolher 6% como consequência da crise da pandemia do novo coronavírus, mas que, como o País não está sofrendo um choque externo, graças ao aumento das exportações para a China, a expectativa agora é de uma retração de cerca de 4% neste ano.
“O Brasil ia cair 6%, sendo 2% o choque externo e 4% por desativação interna, e na verdade esses 2% de externo não estão acontecendo”, afirmou Guedes em audiência virtual da comissão mista da Câmara e do Senado que acompanha a crise do Covid-19, frisando que a estimativa é precária por não se saber a extensão ou profundidade da crise da saúde.
Segundo Guedes, a elevação das exportações para a China, da ordem de 25%, estão compensando a redução de mais de 30% das vendas externas para os Estados Unidos e Argentina, preservando o País de um choque externo.
“Como a China é hoje mais do que a soma de Estados Unidos, Argentina e União Europeia, as exportações brasileiras estão inalteradas. Subiram bastante em agronegócio, caíram um pouco em manufaturados, mas o impacto externo, como eu previa, puramente do ponto de vista de choque externo, não está tendo grandes consequências por enquanto”, disse Guedes.
O ministro afirmou que a “maldição” de ser uma economia excluída das cadeias de produção globais acabou sendo uma “benção” no cenário atual. (Reuters)
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