Finanças

Com ameaça de descontrole fiscal, uso do 13º deve ser cauteloso

Especialistas entrevistados pelo DC indicam alternativas de como se proceder com o dinheiro extra em conta. Leia na reportagem!
Com ameaça de descontrole fiscal, uso do 13º deve ser cauteloso
Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O décimo terceiro salário é uma fonte de renda extra sempre muito esperada pelos brasileiros. O dinheiro reforça o orçamento e pode ser utilizado em diferentes finalidades.  Quem está com a vida financeira em dia pode, por exemplo, aplicá-lo numa programação de viagens, nas próprias férias ou diretamente na carteira de investimentos.

Quem tem direito a esse benefício, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), são mais de 85 milhões de brasileiros com registro em carteira assinada, ou seja, a CLT. No entanto, com possível descontrole fiscal diante da política mais voltada para o social esperada do novo governo federal, o uso do dinheiro deve ser definido de forma cautelosa.

De acordo com o especialista em finanças e planejador financeiro Marlon Glaciano, há dois possíveis cenários com a chegada do décimo terceiro às contas dos brasileiros. “O primeiro cenário considera as pessoas com dívidas e ou compromissos financeiros em aberto. Este valor pode ser utilizado como uma alavanca de ajuda para amenizar ou quitar esses compromissos”, diz.

Já no segundo cenário, segundo Glaciano, considerando uma pessoa que está com a vida financeira saudável e equilibrada, esta poderá utilizá-lo até mesmo para a aquisição de um novo bem. “A possibilidade de investir esse dinheiro agora num retorno a longo prazo também é uma possibilidade para chegar a essa aquisição”, aponta.

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O financista e assessor de investimentos da Atrio Investimentos Gustavo Vaz avalia que, em sua integridade, o décimo terceiro não deve ser considerado um benefício. “O valor salarial de qualquer funcionário, olhando em uma perspectiva empresarial, é sempre o valor a ser pago total, dividido pelo período trabalhado. No entanto, não existem 13 meses, logo, o valor do décimo terceiro já é automaticamente calculado pela empresa na hora de decidir o salário de um funcionário. Ou seja, todos os pagamentos incluindo o décimo terceiro salário são divididos por 12 meses. Entendendo isso, o consumidor mineiro deve proceder como um valor comum e não uma bonificação a ser gasta”, pontua. 

O especialista aponta que, diante de tantos acontecimentos no cenário econômico atual, o trabalhador não deve nunca olhar para ele, mas sempre para o cenário futuro. “Com a transição do governo federal demonstrando se preocupar pouco com o controle fiscal e com o futuro econômico brasileiro, acredito que o melhor caminho é ser cauteloso, diminuindo dívidas e aumentando as reservas de liquidez. Assumindo risco de acordo com sua condição e seu perfil”, analisa.

Planejamento evita gasto desnecessário

Para tomar decisões assertivas em como administrar o dinheiro extra após o recebimento, Marlon Glaciano enfatiza que é importante ter um planejamento definido que compreenda possíveis planos e projetos. “Esse planejamento evita que este dinheiro seja gasto com coisas não necessárias ou não prioritárias. Desta forma, o mesmo será utilizado com sabedoria, gerando prazer e satisfação pessoal. É importante lembrar que quem não sabe onde quer chegar, aceita qualquer caminho, comprando qualquer coisa desnecessária”, diz.

Gustavo Vaz indica que os primeiros pensamentos diante do recebimento do dinheiro extra devem ser entender se existe alguma dívida e se preocupar em diminuí-la. “Uma vez que as projeções de aumento da inflação realmente aconteçam, proveniente do descontrole fiscal colocado pelo futuro presidente da República, os juros certamente subirão, dificultando a vida das pessoas que estão endividadas”.

“Agora, se não há dívidas em seu nome, foque em criar uma reserva de emergência. Como a inflação é o maior fator relacionado ao aumento da desigualdade social no mundo, quanto mais você conseguir se proteger frente à falta de capital para ocasiões inesperadas, melhor será. Ou seja, guardar e investir o seu décimo terceiro salário é um bom começo”, sugere o especialista da Atrio Investimentos.

Antecipação é um mecanismo para alavancar vida financeira

Anualmente, o governo federal emite um decreto para anunciar se vai ou não antecipar o pagamento do décimo terceiro salário aos servidores ativos, assim como os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Apesar de não ter uma lei que determine a obrigatoriedade da antecipação, quando ela ocorre, a medida estimula a retomada mais rápida da economia, podendo a primeira parcela ser paga, inclusive, no primeiro semestre do ano. No atual governo do presidente Jair Bolsonaro, este é o terceiro ano em que o pagamento é gratificado de forma antecipada.

Na situação de parcelamento e da antecipação do pagamento, todos os impostos que recaem sobre o décimo terceiro caem na última parcela. Seja como obrigação para as empresas privadas seja para o governo, a data máxima de vencimento da última parcela é o dia 20 de dezembro. 

A antecipação, pela ótica do financista Gustavo Vaz, representa uma funcionalidade para potencializar a vida financeira. “A parte mais básica será simplesmente aplicar este valor em produtos financeiros com uma liquidez maior de 6 a 12 meses em produtos de renda fixa para evitar o risco de perda. Esta correção aumentará o valor para a utilização no final do ano”.

Ainda para Gustavo, outro ponto importante de utilização é para a quitação de dívidas ou compra de itens necessários que já estão nos planos. “Lembre-se de priorizar o que será feito e, no caso de compra de algum item, lembre que no final do ano este valor não estará mais disponível, pois já foi utilizado”, destaca. 

Governo do Estado deve pagar 13º de forma integral em dezembro

O dia 14 de dezembro foi a data escolhida pelo Governo de Minas Gerais para quitar o décimo terceiro salário aos servidores ativos, aposentados e pensionistas. De acordo com o anúncio emitido nesta semana, o pagamento será realizado em parcela única, honrando o benefício pelo segundo ano consecutivo, sem atrasos ou parcelamentos.

Em números no Estado, quase 630 mil servidores e 52,5 mil pensionistas, assim como em 2021, receberão o pagamento único antes da data máxima.

Em soma total, a folha de pagamento gerada pelo governo mineiro é da ordem de R$ 3,5 bilhões, sem encargos patronais, com base nos dados do último mês de outubro.

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