Comitê teme deterioração com avanço de inflação global

São Paulo – O aumento recente da inflação nas economias avançadas pode causar deterioração abrupta das condições monetárias globais, causando repreficação desordenada dos ativos e aumento da aversão ao risco, avaliou o Comitê de Estabilidade do Banco Central, destacando a possibilidade de reversão dos fluxos de capital para economias emergentes.
Na ata de sua última reunião, divulgada ontem, o comitê ressaltou que os bancos centrais mantêm a comunicação de que o aumento recente da inflação é temporário e que os estímulos serão mantidos.
“Contudo, questionamentos dos mercados a respeito de riscos inflacionários nessas economias podem tornar o ambiente desafiador para países emergentes”, disse o Comef no documento.
O Comef avaliou ainda que a exposição do Sistema Financeiro Nacional ao risco da taxa de câmbio é baixa e a dependência do funding externo é pequena.
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A avaliação do comitê na reunião foi de que o restabelecimento da neutralidade da política macroprudencial é apropriado no momento, especificamente o retorno da parcela Adicional de Conservação de Capital Principal (ACPConservação), com conclusão prevista para março de 2022.
Além disso, destacou que o ambiente econômico continua exigindo atenção por parte da autoridade reguladora e supervisora, apesar do otimismo cauteloso do cenário atual. Mas o comitê mantém a recomendação de que as instituições financeiras mantenham a prudência na política de gestão de capital.
“Ao longo de 2021, os bancos devem destinar os lucros de forma conservadora e alinhada às incertezas presentes e ao momento econômico”, completou.
O comitê avaliou ainda que o custo de manutenção de liquidez aumentou e os prazos de captação encurtaram. “A taxa média de captação tem se elevado e segue acima da taxa básica de juros, ao contrário do que ocorria até 2019. Ao mesmo tempo, os prazos das captações foram encurtados em decorrência da crise”, disse o Comef, avaliando que as instituições financeiras têm capacidade de adaptação para lidar com as mudanças.
O Comef é responsável por estabelecer diretrizes para resguardar a estabilidade financeira e prevenir riscos sistêmicos. O colegiado se reúne quatro vezes ao ano. (Reuters)
Pix terá mecanismo de devolução em caso de fraudes
Brasília – O Banco Central (BC) anunciou ontem que o Pix passará a contar, em novembro, com um mecanismo de devolução de valores em situações nas quais existam fundada suspeita de fraude ou em situações de falha operacional no sistema das instituições que realizam a transação.
Em nota, a autarquia informou que a devolução poderá ser iniciada pela instituição do usuário recebedor, por iniciativa própria, ou por solicitação da instituição do usuário pagador.
O BC também detalhou que, desde que foi lançado, o Pix já permitia que o usuário recebedor devolvesse, total ou parcialmente, os valores de uma transação.
“Entretanto, não havia previsão de que a devolução fosse iniciada pela instituição de relacionamento do usuário recebedor. Assim, atualmente em uma eventual falha ou fraude operacional, as instituições envolvidas precisam estabelecer procedimentos operacionais bilaterais (…)”, explicou a autoridade monetária.
Isso, de acordo com o BC, dificulta o processo e aumenta o tempo necessário para resolução do caso. “O estabelecimento do mecanismo especial de devolução dará mais celeridade e eficiência ao processo de devolução, aumentando a possibilidade dos usuários reaverem os valores nos casos de fraude”.
Segundo a autarquia, caso haja uma devolução realizada por meio do mecanismo especial, a instituição que a efetuar deverá notificar o usuário em relação ao débito na conta. A transação também constará no extrato das movimentações. De acordo com o BC, a norma entrará em operação no dia 16 de novembro. (Reuters)
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