Finanças

Concessões de empréstimos recuam em junho

Por outro lado, saldo das operações avançou e a inadimplência atingiu o maior patamar desde fevereiro de 2018
Concessões de empréstimos recuam em junho
Estoque de crédito atingiu R$ 6,68 trilhões em junho | Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Brasília – As concessões de empréstimos no Brasil recuaram 1,5% em junho, na comparação com o mês anterior, informou o Banco Central nesta segunda-feira (28). No período, o estoque total de crédito avançou 0,5%, atingindo R$ 6,686 trilhões.

O crescimento do estoque total de crédito em 12 meses desacelerou para 10,7% em junho, ante 11,8% em maio.

No mês, a inadimplência no segmento de recursos livres subiu para 5,0%, frente aos 4,9% registrados no mês anterior, alcançando o nível mais alto desde fevereiro de 2018.

Os dados do Banco Central mostraram ainda que o spread bancário — diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final cobrada do cliente — ficou estável nos recursos livres, em 31,6 pontos percentuais.

No período, as concessões de financiamentos com recursos livres — nos quais as condições dos empréstimos são livremente negociadas entre bancos e tomadores — caíram 1,4% em relação ao mês anterior. Para as operações com recursos direcionados, que seguem parâmetros estabelecidos pelo governo, houve queda de 2,3%.

Os juros cobrados pelas instituições financeiras no crédito livre permaneceram estáveis em 45,4%. Já nos recursos direcionados, houve queda de 0,2 ponto percentual, para 11,8%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir nesta semana para decidir sobre a política monetária, após ter elevado a Selic para 15% no mês passado, sinalizando uma pausa no ciclo de aperto monetário em julho.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, constatou que há uma desaceleração no crescimento dos saldos de crédito e de forma disseminada nos dados do acumulado em 12 meses divulgados pela instituição pela manhã. “Uma coisa explica bastante bem a outra”, disse, em entrevista coletiva para comentar as estatísticas.

Além disso, segundo o técnico, o desconto de duplicatas ajudou a explicar a queda nos saldos no mês de junho. Ele salientou que o movimento se deu depois que, em maio, houve uma expansão acima do esperado dessa modalidade por causa das contratações possivelmente como uma forma de antecipação ao aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado pelo Ministério da Fazenda. “E agora, em junho, esse movimento já tinha antecipado, então as contratações foram menores e o saldo diminuiu”, afirmou.

Setor não financeiro

Fernando Rocha também disse que o crédito ampliado ao setor não financeiro foi puxado pela emissão de títulos da dívida, que teve alta de 2,9% em junho. Já os empréstimos do sistema financeiro, segundo Rocha, foram a segunda categoria com maior aumento, de 0,3%.

O chefe de departamento detalhou também durante a entrevista coletiva que o saldo da dívida externa se reduziu em 2,5%. Ele salientou que essas operações, principalmente os empréstimos externos e a colocação de títulos no exterior, são denominados em moeda estrangeira, então sofrem impacto da apreciação da moeda doméstica, como aconteceu no mês passado.

Consignado para trabalhadores bateu recorde

O chefe do departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, destacou que o saldo das operações de crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada atingiu o maior nível da série histórica em junho, com R$ 46,437 bilhões, sob influência do programa Crédito do Trabalhador.

As concessões somaram R$ 2,587 bilhões, 16,2% abaixo do nível de maio, mas bem acima da média histórica para a modalidade, em torno de R$ 1,60 bilhão. “Tivemos, no início do programa, uma demanda muito grande, as concessões mais do que dobraram quando passaram de março para abril, e depois essas concessões vêm se reduzindo. Ainda não temos como saber se elas vão se estabilizar em algum momento”, disse Rocha.

Ele destacou que o programa continua se desenvolvendo, e que ainda é necessário operacionalizar a garantia dos saldos do FGTS ao empréstimo. As taxas de juros no consignado privado continuam bem acima do consignado de servidores públicos e de aposentados e pensionistas do INSS, destacou o técnico.

Rocha disse, ainda, que as medidas de segurança adotadas pelo INSS reduziram as concessões de consignado para aposentados e pensionistas.

Reportagem distribuída pela Estadão Conteúdo / Reuters

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