Contas externas do país têm pior resultado para outubro desde 2014

Brasília – O Brasil teve déficit em transações correntes de US$ 7,874 bilhões em outubro, maior que o estimado por analistas, na esteira de um fraco resultado comercial no mês, mostraram dados divulgados pelo Banco Central (BC) nessa segunda-feira (25).
Em pesquisa da Reuters, a expectativa era de um déficit menor, de US$ 5,475 bilhões. O resultado apresentado pelo País representou o pior para o mês desde 2014 (- US$ 9,305 bilhões).
Em outubro, os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 6,815 bilhões, também abaixo da projeção de analistas de US$ 7,5 bilhões.
De janeiro a outubro, o déficit em transações correntes alcançou US$ 45,657 bilhões, crescimento de 41% sobre rombo de igual período do ano passado. O patamar já supera a última previsão que o BC havia feito para o resultado de 2019 consolidado.
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Para novembro, o BC projetou ontem um déficit em transações correntes de US$ 5,8 bilhões, com investimentos diretos no país de US$ 7 bilhões.
No fim de setembro, o BC estimou que o buraco nas transações correntes seria de US$ 36,3 bilhões neste ano, patamar que foi piorado ante projeção anterior de um déficit de US$ 19,3 bilhões. O ajuste veio, principalmente, pela estimativa de maiores remessas de lucros e dividendos.
Mas, nos 12 meses até outubro, o déficit já é de US$ 54,825 bilhões, equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) – pior dado para o acumulado em 12 meses desde dezembro de 2015 (-3,03%). Uma nova atualização das projeções do BC será feita em dezembro, no Relatório de Inflação do último trimestre do ano.
Balança comercial – Em outubro, o dado das transações correntes foi principalmente afetado pela fraqueza da balança comercial, que veio positiva em apenas US$ 490 milhões, contra superávit de US$ 5,348 bilhões no mesmo mês de 2018.
No mês, as remessas de lucros e dividendos subiram ligeiramente a US$ 2,645 bilhões, ante US$ 2,583 bilhões um ano antes.
Os gastos líquidos de brasileiros no exterior também mostraram pouca alteração: US$ 1,063 bilhão em outubro deste ano, pouco abaixo do nível de US$ 1,148 bilhão de igual mês do ano passado.
Já os investimentos dos estrangeiros em carteira no País registraram o terceiro mês consecutivo de saídas líquidas, com um fluxo negativo de US$ 4,042 bilhões. No mês, houve saídas tanto de ações e fundos de investimento (US$ 1,207 bilhão) como de títulos de dívida (US$ 2,835 bilhões).
Revisão 2018 – O Banco Central revisou os dados das contas externas de 2018 para incorporar os resultados efetivos de lucros com investimentos apurados tanto por empresas brasileiras no exterior como por empresas estrangeiras no Brasil até setembro do ano passado.
Com isso, o déficit das transações correntes no ano foi elevado para US$ 41,5 bilhões, frente a um saldo negativo de US$ 21,9 bilhões que vinha sendo considerado até então com base em estimativas dessas rentabilidades.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que a discrepância entre o dado estimado pelo BC para as receitas de lucros com investimento direto (US$ 19 bilhões) e o fluxo efetivo (US$ 4,8 bilhões) refletiu o fato de a economia global ter tido, no ano passado, desempenho bastante desigual.
“A evolução da economia mundial foi muito diferente e afetou de formas distintas as rentabilidades das empresas do Brasil no exterior”, afirmou, acrescentando que os resultados também são afetados por decisões de reinvestimento sobre as quais o BC não tem informações prévias.
Desde novembro de 2018, contudo, as estatísticas das contas externas passaram a levar em conta os dados divulgados pelas empresas nas pesquisas Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) – que têm dados trimestrais preliminares – e Censo de Capitais Estrangeiros no País.
Segundo Rocha, com isso, a expectativa é de que os ajustes dos dados do balanço de pagamentos passarão a ser menos expressivos. (Reuters)
Balança caminha para novembro negativo
Brasília – A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 630 milhões na quarta semana de novembro, acumulando, no mês, um saldo negativo de US$ 1,099 bilhão, conforme dados divulgados pelo Ministério da Economia ontem.
Com isso, a balança caminha para fechar o mês em território negativo, o que não acontecia desde novembro de 2014, quando houve déficit de US$ 2,432 bilhões.
Já em outubro, a fraca performance da balança comercial levou a um resultado pior que o esperado para as transações correntes brasileiras, o que ajudava a pressionar o dólar para cima.
Das quatro semanas em novembro até aqui, houve superávit somente na primeira, de US$ 248 milhões. Na segunda semana de novembro, o déficit foi de US$ 176 milhões e, na terceira, de US$ 541 milhões.
Em nota, o Ministério da Economia informou que, no acumulado do mês de novembro, as exportações caíram 38,4% sobre igual etapa do ano passado, com recuo de dois dígitos em todas as categorias.
As vendas de manufaturados tiveram uma retração de 46,1%, as de semimanufaturados recuaram 37,8% e as de básicos, 31,9%. Já as importações sofreram uma redução de 14,8% sobre o mesmo período do ano passado.
Na ponta das exportações, o Brasil tem visto um resultado mais fraco em meio à desaceleração do crescimento global, a um cenário de tensões comerciais entre China e Estados Unidos e à crise econômica na Argentina.
Já as compras de produtos de fora têm sido afetadas pela demora da economia brasileira em ganhar tração. (Reuters)
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