Finanças

Convergência lenta e gradual da inflação à meta é incômodo para o BC, diz Galípolo

Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano
Convergência lenta e gradual da inflação à meta é incômodo para o BC, diz Galípolo
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, espera proteger os usuários do Pix de golpes e fraudes | Crédito: Adriano Machado / Reuters

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quarta-feira (12) que a progressão dos dados de inflação em direção à meta de 3% tem sido observada de forma lenta e gradual, algo “bastante incômodo” para a autoridade monetária.

“Até agora o que a gente assiste é que a política monetária funciona, mas de maneira mais lenta do que se vê no livro-texto”, citou Galípolo durante evento promovido pela Bradesco Asset Management, em São Paulo.

Ele afirmou ainda que esse efeito gradual da política monetária sobre a economia reforça a estratégia de manutenção dos juros em patamar restritivo.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano, repetindo a mensagem de que a taxa seguirá em “patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado” para conduzir a inflação à meta de 3%.

Porém, a ata do Copom divulgada na terça-feira (11) foi considerada por parte do mercado como mais branda em suas mensagens, inclusive ao já incorporar preliminarmente nas projeções o efeito da isenção do Imposto de Renda sobre a economia. Juntamente com o índice de inflação IPCA abaixo do esperado em outubro, a ata disparou o aumento das apostas de que o BC poderia iniciar o ciclo de cortes da Selic já em janeiro.

No evento desta tarde de quarta-feira, Galípolo repetiu ideia expressa em coletiva de imprensa pela manhã de que o BC segue “dependente de dados” para tomar decisões. Ele acrescentou que “em nenhum momento da comunicação estamos tentando dar nenhum tipo de sinal sobre política monetária.”

De acordo com Galípolo, os dados mostram que a economia brasileira “está desacelerando, crescendo a taxas menores”, e a política monetária tem tido efeito, “mas de maneira gradual”.

Ele afirmou ainda que o BC fez uma incorporação apenas “preliminar” do impacto da isenção do IR sobre a economia, acrescentando que este é um fator que será acrescentado gradativamente às projeções.

“É normal que os agentes de mercado procurem em cada palavra, cada número, um sinal sobre o que o BC fará ou deixará de fazer”, pontuou Galípolo. “Mas o BC está sendo factual no reconhecimento do que está acontecendo e tem sido dependente de dados”, reforçou.

Câmbio

Durante o evento, Galípolo também reiterou a mensagem de que o Banco Central somente atua no mercado de câmbio em momentos de “disfuncionalidade”.

Questionado sobre a diversificação das reservas brasileiras, Galípolo afirmou que atualmente é muito difícil “contornar ativos americanos” e questionou o interesse de alguns países na internacionalização de suas moedas.

Segundo ele, quando uma moeda é transformada em ativo global, o país perde o controle de sua taxa de câmbio — algo que pode não ser, conforme Galípolo, de interesse da China.

“É quase impossível enxergar uma alternativa ao dólar hoje”, disse Galípolo, acrescentando que a função do BC é adotar uma “lógica defensiva” na administração das reservas.

Conteúdo distribuído por Reuters

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