Finanças

Cotação do ouro continuará subindo; entenda a disparada do valor do metal precioso

Segundo especialistas, disparada se deve às incertezas no cenário geopolítico e às expectativas inflacionárias
Cotação do ouro continuará subindo; entenda a disparada do valor do metal precioso
Um dos fatores que também vem promovendo a valorização do metal é a busca por maior proteção pelos investidores | Crédito: Divulgação / Cichale Dalder / Reuters

Nesta semana o ouro vem atingindo novos marcos e segue cotado acima de US$ 2,3 mil por onça-troy. A disparada do valor do metal precioso, segundo especialistas, se deve à incerteza no cenário geopolítico e também às expectativas inflacionárias. Desta forma, ainda há potencial para o valor do ouro subir ainda mais.

O especialista e fundador da Anova Research, Paulo Martins, explica que a disparada da cotação do ouro pode ser atribuída a uma combinação de fatores, principalmente, no que diz respeito à incerteza do cenário geopolítico e às expectativas inflacionárias.

Considerando o cenário geopolítico, especialmente, na Europa, que está bastante tenso, a busca pelo ouro é impulsionada, uma vez que o metal é seguro.

“O ouro, historicamente, é visto como muito seguro em momentos de instabilidade e com rupturas. A possibilidade de conflitos de alta intensidade naturalmente leva a uma corrida para ativos considerados seguros, como o ouro”, observa.

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Além disso, Martins também destaca o movimento especulativo. “Não podemos ignorar o movimento especulativo. Existem agentes no mercado que, possuindo informações, antecipam-se a cenários não concebidos pelo grande público, acumulando ativos e gerando mais demanda. Tudo se resume à oferta e demanda, não necessariamente se baseando em fundamentos econômicos. Esse movimento especulativo tem se intensificado cada vez mais”, ressalta.

Outros fatores que estão interferindo na cotação são a inflação e os juros reais. “Nos últimos dias, a expectativa de inflação e o aumento dos juros reais são aspectos também cruciais. Curiosamente, agora os juros reais em alta geralmente exercem uma pressão negativa sobre o preço do ouro, se essas altas estiverem vinculadas à expectativa de um cenário de conflito”, explica. 

Martins explica que não é possível estimar até onde o preço do ouro pode chegar, mas a tendência é que o metal precioso continue valorizado. Segundo ele, qualquer movimento de queda no ouro será uma oportunidade para comprar mais, acreditando firmemente que o ouro vai continuar pressionado para cima até meados de 2024. 

“Em algum momento, pode haver uma correção, o que significaria uma semana de queda se os participantes começarem a vender. Considerando o cenário geopolítico, junto às questões relacionadas à política monetária, concluímos que o preço do ouro deve continuar elevado. É importante manter um olhar atento a essas questões geopolíticas e decisões de bancos centrais, pois têm o potencial de influenciar diretamente os preços do ouro. Portanto, inflação e geopolítica são os temas da vez no mercado”, disse.

Ouro como proteção dos investimentos

O especialista e sócio da Valor Investimentos, Gabriel Meira, explica que, no caso do ouro, um dos fatores que vem promovendo a alta na cotação é a busca por maior proteção por parte dos investidores. Os conflitos entre Rússia e Ucrânia, as questões em relação a Estados Unidos e China, China e Taiwan, Israel trazem insegurança para os investidores, que buscam opções mais seguras.  

“Se tratando de ouro, a gente tem o metal basicamente como uma proteção contra estresses muito grandes no mercado. Um dos fatores que tem motivado essa alta do ouro, já há alguns bons meses, é a busca por maior proteção por parte dos investidores. Quando a gente tem conflitos no mundo, isso traz maior medo. Então, os investidores, consequentemente, buscam por algo mais seguro, ou dólar ou ouro”, diz.

Conforme Meira, há também uma maior compra de ouro por parte dos bancos centrais, isso, em função dos receios geopolíticos, o que também tem impulsionado a alta da commodity

Por último, Meira explica que o corte de juros por parte de países desenvolvidos, também impactam na cotação, em especial, os Estados Unidos que têm, cada vez mais, jogado o corte para frente. 

“Então, como esse corte dos juros dos Estados Unidos não tem uma data específica, era primeiro trimestre de 2024, foi segundo, para o terceiro e já estão falando do quarto trimestre. O investidor entende que quando ocorrer o corte de juros, pode haver movimentações bruscas no mercado. Então, ele enxerga que o ouro tem menor oscilação frente aos mercados de ações e moedas em geral”, observa. 

Tendência é de novas altas na cotação

O diretor de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, explica que são vários os fatores que estão impulsionando o preço do ouro. Diante do cenário atual, a tendência é de novas valorizações. 

Dentre os fatores, Cavalcante ressalta que o valor do metal precioso está em alta devido à maior procura do ouro como poupança e proteção, já que o metal é a reserva de valor para investidores globais. Além disso, há a desvalorização do dólar pelo crescimento do déficit americano.

“Outro ponto que está influenciando e muito essa alta é a procura por reservas por parte dos bancos centrais de vários países. Historicamente os fatores econômicos e geopolíticos são os que mais ajudam nas altas do ouro. Temos como exemplo, os conflitos que estão acontecendo nos últimos anos, entre eles o mais recente Rússia x Ucrânia e Israel x Hamas”.

Assim, segundo Cavalcanti, a tendência é de novas altas. “A estimativa ainda é de alta pelos motivos citados acima. Além disso, também pesa a instabilidade da política interna, com o real se desvalorizando frente ao dólar”, explica.

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