Cotação do ouro valoriza 30% em 2024 e deve crescer ainda mais em 2025

A cotação do ouro, um ativo considerado seguro, registrou uma valorização exponencial neste ano, superando 30% e atingindo um recorde histórico de US$ 2.748,23 por onça troy em outubro. Especialistas analisam que os cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos (EUA) e as incertezas políticas e econômicas mundiais contribuíram para a escalada na demanda por ativos seguros.
No Brasil, a alta é ainda maior por causa da desvalorização do real ante ao dólar. A cotação calculada em moeda corrente (reais) superou os 60% de variação. No início do ano, o metal abriu janeiro a R$ 322,45 o grama, com pico de R$ 516,25 no segundo semestre e fechou novembro a R$ 508,94. Em dezembro, já chegou a ser negociado por R$ 523,59.
Na análise do especialista da Valor Investimentos Virgílio Lage, o aumento recorde em outubro é atribuído à incerteza econômica global, às mudanças na política monetária e a uma crescente demanda de investidores, especialmente por meio de fundos negociados em bolsas.
“O Federal Reserve dos EUA implementou cortes significativos nas taxas de juros, o que fez aumentar a atratividade do ouro como investimento. Os conflitos em regiões como Ucrânia e Oriente Médio elevaram a demanda por ouro como ativo de refúgio seguro e as instituições financeiras como os bancos centrais, especialmente de mercados emergentes, aumentaram suas reservas de ouro, impulsionando os preços”, explicou.
O broker da mesa de renda variável da Nippur Finance, Norberto Sangalli, ressalta que o desempenho do ouro não é novidade. Ele explica que em função do momento de incertezas políticas e econômicas, os investidores buscam mais segurança. “O ouro é um ativo centenário e representa muito bem este ativo de segurança”, afirma.
Valorização do ouro deve continuar em 2025
Na opinião dos especialistas, em 2025, o “ouro deve brilhar ainda mais”. Na opinião de todos ouvidos pela reportagem, a cotação deve bater novos recordes em 2025 e continuar a trajetória de valorização.
“As expectativas em relação aos fatores geopolíticos e econômicos, sejam eles internos, como as questões fiscais; e externos, como as guerras, fazem a gente ainda esperar por alta, podendo até bater novos recordes na cotação”, diz o economista da Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
O especialista da Valor Investimentos Virgilio Lage defende que o ouro teve um desempenho excepcional em 2024, superando expectativas. Ele comenta que projeções indicam uma continuidade dessa tendência, com potenciais máximos novos nos próximos anos, impulsionados por fatores econômicos e geopolíticos.
De acordo com ele, o Goldman Sachs projeta que os preços possam alcançar US$ 3 mil por onça até o final de 2025, impulsionados por cortes nas taxas de juros e demanda contínua de bancos centrais.
Já a Heraeus Precious Metals estima que os preços oscilarão entre US$ 2.450 e US$ 2.950 por onça, considerando fatores como políticas monetárias e riscos geopolíticos. “Assim, dado o cenário atual, é provável que o ouro estabeleça novos recordes de preço no mercado internacional nos próximos anos, especialmente se as condições econômicas e geopolíticas permanecerem”, diz Lage.
Entretanto, pondera que o que pode interferir de forma negativa nesta progressão do ouro seria um cessar-fogo na guerra da Russia contra a Ucrânia.
Norberto Sangalli, da Nippur Finance, acredita, porém, que não só o ouro, mas outros metais preciosos devam desempenhar bem no próximo ano. “Prata e urânio, entre outros metais preciosos, por configurarem uma maior segurança”, aponta.
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