Custo de emissões do Tesouro está em alta

Brasília – O custo médio das emissões do Tesouro subiu em outubro ao maior valor desde o início do governo, num reflexo da alta da Selic para combater à inflação e do movimento da curva de juros, que tem reagido às incertezas fiscais e à mudança no teto de gastos inserida na PEC dos Precatórios.
Conforme dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, o custo médio das emissões de dívida interna no acumulado em 12 meses chegou a 7,48% ao ano, sobre 6,91% ao ano em setembro.
Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital, este é o maior patamar desde janeiro de 2019 (7,49%), quando começou o mandato do presidente Jair Bolsonaro.
À época, a Selic estava em 6,5% ao ano, ante nível atual de 7,75%, sendo que a perspectiva para os juros básicos é de novo ajuste para cima na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em dezembro.
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“Quando a gente olha nos diferentes tipos de títulos, a gente vê que todos eles tiveram uma alta no custo de emissão. Basicamente isso é respondido por movimento de juros que a gente já tem visto, não só a taxa Selic como também o movimento de toda a curva de juros”, afirmou.
O custo médio do estoque da dívida pública federal acumulado em 12 meses foi na mesma direção, passando a 8% em outubro sobre 7,8% no mês anterior.
Em relação aos detentores, a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna subiu a 10,46% em outubro, sobre 10,05% no mês anterior, com acréscimo de R$ 12,5 bilhões.
Segundo Vital, do Tesouro, o aumento observado em outubro é considerado “bastante modesto” e ainda não atesta um movimento de retorno contundente dos estrangeiros como o que já foi visto no passado.
No ano, o estoque em posse de não residentes subiu R$ 93,3 bilhões, mas Vital ressaltou que um fluxo maior ainda vai depender de avanços na agenda de reformas e no processo de consolidação fiscal.
“Em momentos onde a gente tem taxa de juros mais alta associada ao nível de câmbio mais atrativo a gente vê entradas pontuais de investidores que têm comportamento mais ágil nos mercados”, disse.
Estoque – A dívida pública federal do Brasil caiu 1,29% em outubro sobre setembro, a R$ 5,373 trilhões, em mês marcado pelo volume expressivo de resgates.
A dois meses do fim do ano, o estoque ainda não bateu no limite inferior da banda estabelecida para 2021 no Plano Anual de Financiamento, de R$ 5,5 trilhões a R$ 5,8 trilhões.
Segundo dados informados pelo Tesouro Nacional, as emissões de dívida mobiliária interna no mês foram as maiores desde maio, alcançando R$ 146,4 bilhões.
Mas os R$ 271,4 bilhões em resgates – segundo maior valor da série histórica – fizeram a dívida interna fechar o mês com resgate líquido de R$ 125 bilhões. Já a apropriação positiva de juros foi de R$ 45,14 bilhões no mês.
Em nota sobre o resultado, o Tesouro chamou a atenção para a volta da emissão de títulos prefixados em volumes maiores: R$ 45,4 bilhões, frente a R$ 17,9 bilhões em setembro e apenas R$ 7,8 bilhões em agosto.
Contudo, como houve vencimento de R$ 267,71 bilhões em LTNs, os prefixados terminaram o mês com resgate líquido. Eles passaram a responder por 29,04% da dívida total, abaixo dos 32,58% de setembro e do intervalo de 31% a 35% estabelecido para o ano, conforme Plano Anual de Financiamento.
Os títulos que variam com a Selic, representados pelas LFTs, aumentaram seu peso na dívida pública federal, a 36,15% do total, ante 33,95% em setembro. No PAF, a meta para o ano é de 33% a 37%.
Já os papéis indexados à inflação elevaram a fatia sobre a dívida para 29,57% da dívida total, ante 28,48% em setembro, sendo que a referência para este ano é de 26% a 30%.
Olhando para novembro, o Tesouro destacou que ao longo do mês, a maior estabilidade nos mercados permitiu que iniciasse a retomada gradual das emissões, “voltando a ofertar prefixados e índice de preços em quantidades mais próximas da normalidade”.
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