Finanças

Títulos prefixados rendem até 15% diante da profunda desconfiança com o quadro fiscal

No ano passado, o valor era de menos de 10%
Títulos prefixados rendem até 15% diante da profunda desconfiança com o quadro fiscal
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Brasília – Diante da profunda desconfiança com o quadro fiscal, os títulos prefixados de um ano estão sendo negociados com rendimentos de 15%, em comparação com menos de 10% há um ano. Já os títulos indexados à inflação (NTN-Bs) com vencimento em 2029 oferecem uma rentabilidade real de 7,85%.

Ambas as opções fixariam os custos da dívida em níveis considerados excessivamente altos. A despeito de também serem caras, as Letras Financeiras do Tesour (LFTs) flutuantes podem se tornar mais baratas caso a política monetária seja flexibilizada no futuro.

Um estudo de 2016 realizado por técnicos do Tesouro Nacional também mostra que, ao contrário do que muitos críticos argumentam, um aumento no estoque de LFTs não reduz a eficácia da política monetária.

Seja como for, o cenário para este ano não parece auspicioso. A estratégia do governo para a dívida em 2025, que será divulgada no final deste mês, deverá continuar se apoiando fortemente nos títulos flutuantes em meio à persistência dos questionamentos fiscais e preocupações globais com futuras políticas do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda que a perspectiva para os juros básicos seja de aperto.

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Com as expectativas de inflação se afastando da meta oficial de 3%, economistas estão cada vez mais projetando que a taxa Selic ultrapassará 15% este ano, com apostas embutidas na curva de juros indicando taxa Selic acima de 16% em novembro.

Para Carlos Kawall, sócio da Oriz Asset Management e ex-secretário do Tesouro, o arcabouço fiscal do governo tem se mostrado claramente insuficiente para estabilizar o crescimento da dívida, com a resistência política a um ajuste fiscal estrutural contribuindo para a maior representatividade das LFTs e uma expansão acelerada da dívida.

“A gestão da dívida é passageira da estratégia de política fiscal equivocada do governo”, disse Kawall. “Não dá pra gente atuar nas consequências, a gente tem que enfrentar as causas”, avaliou.

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