Desembolsos do Banco do Nordeste avançam 19% em Minas Gerais

O Banco do Nordeste encerrou o primeiro quadrimestre deste ano com crescimento de 19% no volume de desembolsos em Minas Gerais. Impulsionados, principalmente, pelo setor de infraestrutura, foram R$ 1,17 bilhão de empréstimos e financiamentos concedidos aos clientes mineiros. No mesmo período do ano passado, o resultado alcançou R$ 986 milhões.
Do volume concedido nos primeiros quatro meses deste ano, R$ 975 milhões vieram do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Outros R$ 199 milhões vieram do Crediamigo, programa de microcrédito do Banco do Nordeste que atende empreendedores individuais ou reunidos em grupos solidários.
Em Minas, o setor que mais cresceu em receita na comparação com 2024 foi o de infraestrutura. De janeiro a abril, o aumento de desembolsos para infraestrutura foi de 93,2%, saltando de R$ 170 milhões, para R$ 328 milhões.
O superintendente do Banco do Nordeste em Minas Gerais, Wesley Maciel, atribui o crescimento do setor de infraestrutura aos investimentos em geração de energia solar.
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“Financiamos também estradas e saneamento, mas, em Minas, os volumes em infraestrutura têm sido à geração de energia em função da qualidade da incidência solar na nossa região. Como estas operações são muito vultosas e sazonais, houve esse grande salto”, pontua.
Para as micro e pequenas empresas, o aumento foi de 10% no primeiro quadrimestre. O volume de desembolsos saltou de R$ 84 milhões para R$ 93 milhões. Na percepção de Wesley Maciel, esse número poderia ser ainda maior.
“Vivemos um momento de taxa de juros alta, com a Selic, hoje, ultrapassando 14%. A gente sabe que a elevação da taxa de juros deprime o consumo e que esta é uma forma de frear a inflação. Então, você prejudica basicamente as micro e pequenas empresas, que são quem atende esse consumo das famílias”, analisa.
Para Maciel, como o dinheiro disponibilizado pelo banco é “o mais barato do Brasil”, mesmo em um momento de elevação da taxa de juros, ele fica mais atrativo para esse público. “Por isso crescemos quando poderíamos ter caído: por conta da qualidade desse recurso que ajuda muito as empresas a passarem por esses momentos de dificuldade”, acrescenta.
Desembolsos destinados à agricultura familiar têm queda
Ao analisar os dados do primeiro quadrimestre, a queda dos créditos para a agricultura familiar se destaca pelo lado negativo. Conforme o balanço, enquanto no ano passado as famílias dispuseram de R$ 246 milhões, nos quatro primeiros meses deste ano, elas foram beneficiadas com R$ 221 milhões, uma queda de 9,9%.
Sobre essa queda, o superintendente do Banco do Nordeste explica, que no ano passado, ainda havia resquícios do crédito emergencial concedido aos trabalhadores rurais em 2023, em função da seca exacerbada daquele ano.
“Na época, além dos recursos ‘normais’ que o agricultor familiar poderia tomar, ele também podia obter um upgrade por conta da seca. Então, não é exatamente que caiu, mas é que no ano passado, fizemos além do que o agricultor poderia naturalmente receber”, explica.
Lítio continua no radar como grande oportunidade
O setor industrial também poderá puxar as aplicações do banco do Nordeste em Minas Gerais neste ano. Isso porque ainda há possibilidade de concretizar, no extremo Norte do Estado, na região de Salinas e Araçuaí, créditos para indústrias de beneficiamento do lítio.
A questão, no entanto, esbarra no licenciamento ambiental. “Continuamos em conversação com estas empresas, que continuam no nosso radar, mas precisam da licença para garantir a concessão do financiamento. Não só elas estão no radar, como a indústria farmacêutica, que está se instalando em Montes Claros. São duas vertentes de recurso grande para este ano que estamos apostando”, diz Wesley Maciel.
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Em Montes Claros, a Eurofarma está construindo uma planta industrial que deve entrar em operação este ano. Em 2023, a farmacêutica já havia anunciado a ampliação dos investimentos no Norte de Minas. Agora, o Banco do Nordeste pretende contratar e desembolsar financiamentos para a aquisição de máquinas e equipamentos.
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