Finanças

Diferenças sutis sinalizam robusto debate no Fed sobre corte de juros

Diferenças sutis sinalizam robusto debate no  Fed sobre corte de juros
Diretores do banco central norte-americano divergem em alguns pontos sobre o quadro econômico - Crédito: REUTERS/Leah Millis

Nova York e Toronto – Faltando apenas duas semanas para a próxima reunião de política monetária, as principais autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) estão descrevendo a economia norte-americana e o que devem fazer sobre ela de maneiras sutilmente diferentes, sugerindo que um robusto debate sobre se e quanto reduzir a taxa de juros está em andamento.

John Williams – cujo trabalho na presidência Federal Reserve de Nova York o torna extremamente influente nas decisões de definição de juros – disse ontem que está pronto para “agir conforme apropriado” para ajudar os EUA a evitar uma desaceleração mais forte, mas que até agora a economia parece estar em uma posição “favorável”.

O tom soou perto do que o chairman do Fed, Jerome Powell, usou no mês passado.

“Precisamos considerar todas as informações disponíveis e ser flexíveis em nossa resposta”, disse ele em uma conferência sobre ativos ligados à inflação.

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Mais tarde, Williams disse aos jornalistas esperar que a economia cresça a um ritmo acima da tendência de 2,0% a 2,5% em 2019, apesar do baixo investimento empresarial e da incerteza comercial.

Na terça-feira (03), o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, afirmou que, contanto que a economia continue a crescer em torno de 2%, não há motivos para reduzir as taxas.

Falando em Toronto, Canadá, apenas uma hora depois de Williams, o presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, chamou a economia de “mista” e disse estar concentrado em saber se a incerteza comercial que enfraqueceu o setor manufatureiro dos EUA se estende aos gastos do consumidor, de longe a parte mais forte da maior economia do mundo.

Entre os fatores analisados por ele, disse, está o fato de que a taxa básica de juros dos EUA, agora no intervalo entre 2% a 2,25%, está acima do rendimento inclusive do Treasury de prazo mais longo, o que pode ser um sinal de possíveis distorções.

Na terça-feira, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, citou essa desconexão como uma das razões pelas quais ele está propondo um corte de 0,50 ponto percentual nos juros na reunião de setembro.

Com as economias desacelerando globalmente, os atritos comerciais EUA-China mostrando poucos sinais de amenização e a possibilidade iminente de uma saída economicamente perturbadora do Reino Unido da União Europeia (UE), espera-se que o Fed reduza os juros no encontro dos dias 17 e 18 de setembro.

Seria o segundo corte neste ano, depois de o banco central ter baixado o custo de empréstimo em julho pela primeira vez desde 2008. (Reuters)

BCE deve cortar a taxa de depósito

Bengaluru – O Banco Central Europeu (BCE) cortará sua taxa de depósito na próxima semana e anunciará o reinício de seu programa de compra de ativos, mas mais de 80% dos economistas consultados pela Reuters estão céticos sobre a capacidade do banco de influenciar a inflação no médio prazo.

Uma pesquisa realizada entre 29 de agosto e 3 de setembro mostrou que quase 70 economistas esperam que o BCE reduza a taxa de depósito na reunião de 12 de setembro, com a grande maioria prevendo uma redução de 10 pontos-base, para -0,5%. Quase 25% dos consultados previram um corte de 20 pontos-base.

Operadores veem 60% de chance de um corte de 20 pontos-base na taxa, ante o atual nível de -0,4%.

Quase 90% dos entrevistados disseram que o BCE adotará alguma ferramenta para compensar os bancos dos efeitos colaterais indesejados das taxas de juros negativas.
E quase 90% dos entrevistados também esperam que o BCE anuncie o reinício de impressões de dinheiro, com compras mensais de 30 bilhões de euros a partir de outubro.

Enquanto mais de 75% dos economistas disseram que agora é o momento certo para o BCE lançar um pacote de estímulo, mais de 80% dos entrevistados afirmaram não estar confiantes de que o banco central possa controlar a inflação.

“O BCE deveria fazer algo, mesmo que não seja suficiente para atingir a meta. Essa é uma situação em que eles já estão há bastante tempo e é uma situação em que o Banco do Japão está há muito mais tempo”, disse Andrew Kenningham, economista-chefe para a Europa da Capital Economics.

“Não muitos acreditam que a inflação provavelmente aumentará em breve, principalmente devido ao estado da economia mundial e da economia da zona do euro”, acrescentou Kenningham.

A mediana das estimativas para o crescimento trimestral variaram entre apenas 0,2% e 0,3%, mudando pouco em relação à sondagem anterior, mas com máximas e mínimas mais baixas para a maioria dos trimestres nos próximos dois anos.

A maioria dos entrevistados reduziu a média de suas previsões anuais de crescimento ou as manteve inalteradas em relação à pesquisa anterior.

Essas preocupações elevaram a chance de recessão na zona do euro no próximo ano para 25% na última pesquisa, ante 20% na sondagem de julho. Mas a probabilidade se manteve em 30% para os próximos dois anos. (Reuters)

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