Divergências entre os BCs podem ser necessárias, diz Fundo Monetário Internacional

São Paulo – A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse na sexta-feira (24) que divergências de política monetária entre os principais bancos centrais (BCs) do mundo podem ser necessárias nos próximos anos. Georgieva reiterou as projeções lançadas pela instituição em seu relatório de perspectivas globais, durante painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Sobre o Produto Interno Bruto (PIB) global, a autoridade ressaltou que os países precisam investir mais e retirar empecilhos da produtividade para impulsionar de fato o crescimento, por exemplo, ao garantir que a inteligência artificial (IA) seja amplamente disseminada. “A tecnologia é o que impulsiona a produtividade dos EUA, que tem se sustentado em níveis elevados nos últimos anos, enquanto outros países oscilam com frequência”, afirmou.
.Participando do mesmo painel, o CEO da BlackRock, Larry Fink, demonstrou preocupações com possível aceleração da inflação global. “Acredito que há certa complacência das autoridades em nível global. O interesse crescente em construção de data centers de IA deve demandar grande quantidade de energia, mão de obra e materiais”, estimou. “Veremos persistência de salários elevados e falta de materiais básicos novamente”, ressaltou.
Apesar de não ser seu cenário base, Fink vê a possibilidade de novas altas de juros nos próximos anos, principalmente nos EUA, onde a economia segue resiliente. “Posso ver um cenário em que os rendimentos da T-note de 10 anos subam para 5,5%”, disse.
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Europa
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a Europa precisa de mais políticas para reter investimentos e impedir que as empresas busquem capital “do outro lado do Atlântico”, durante painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos. A autoridade pontuou que existem boas condições econômicas na Europa, como a recente queda nos juros ao nível de 3%.
“O que precisamos é que os líderes europeus se levantem e respondam a essa ameaça existencial. Devemos implementar a união do mercado de capitais e bancário, além de encontrar outras formas de manter investimentos e poupanças em casa”, defendeu.
Segundo ela, as medidas deveriam ter como foco ampliar a confiança dos empresários. “Por exemplo, uma preocupação citada com frequência é a alta dos preços de energia, mas eles devem continuar em queda”, disse. “A inflação está em 2,4% e temos confiança forte de que continuará em queda até a meta.”, argumentou.
Christine Lagarde evitou comentar sobre acusações do presidente dos EUA, Donald Trump, de tratamento injusto pela União Europeia(UE) no comércio. “Não posso dizer sim ou não. A verdade é que devemos ter negociações. Mas não podemos remover todas as regras e ignorar todas as instituições”, afirmou a autoridade.
Participando do mesmo painel, o CEO da BlackRock, Larry Fink, fez reiteradas críticas a economia europeia e a condução de políticas na região, afirmando que há “pessimismo demais”. Fink comparou o ambiente de investimentos na Europa ao dos EUA, observando que tudo indica que o “otimismo americano” deve continuar com as políticas de Trump para liberar capital privado e reduzir regulações. Fink também defendeu a criação de uma união de capitais e bancária para impulsionar os mercados europeus. “É hora de voltar a investir na Europa”, disse.
Reportagem distribuída pela Estadão Conteúdo
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