Dívida bruta do Brasil atinge nível recorde de 79,8% do PIB

Brasília – A dívida bruta do Brasil subiu 0,8 ponto em agosto sobre julho, ao patamar recorde 79,8% do Produto Interno Bruto (PIB), numa mostra do persistente desequilíbrio fiscal apesar dos ajustes econômicos implementados até aqui.
Segundo o Banco Central, a alta ocorreu principalmente pela incorporação dos juros nominais no período (+0,5 ponto percentual) e pelo ajuste decorrente da desvalorização cambial (+0,4 ponto percentual).
Em agosto, o BC perdeu R$ 24,5 bilhões em operações de swap cambial, em meio à alta do dólar de 8,50% frente ao real, maior nível de encerramento mensal desde setembro de 2015. O resultado desses contratos impacta a conta de juros do setor público.
O período foi marcado por grande volatilidade nos mercados domésticos de câmbio, tendo de pano de fundo as disputas comercias entre EUA e China, as incertezas político – econômicas na Argentina, além das novas atuações do Banco Central no mercado com leilões de swap reverso e venda de dólar à vista.
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O BC também apontou que as emissões líquidas de dívida contribuíram com 0,1 ponto para expansão da relação dívida bruta/PIB em agosto, ao passo que o crescimento do PIB nominal atuou no sentido contrário, com redução de 0,3 ponto percentual.
Com despesas consistentemente acima das receitas, o País não tem conseguido economizar para pagar os juros da dívida pública, razão pela qual a dívida bruta segue em trajetória ascendente. Na média de países emergentes, o indicador é bem mais comportado, respondendo por cerca de 50% do PIB.
“Estamos com déficits primários desde 2014, este ano deverá ser o sexto ano de déficit, e para estabilizar os níveis de endividamento do setor público e depois reduzir você precisa alcançar resultado primário que seja condizente”, afirmou o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Em relação à dívida líquida brasileira, houve diminuição de 1 ponto em agosto sobre julho, a 54,8% do PIB, ante expectativa de analistas de 55,6%. Ao contrário da dívida bruta, a dívida líquida incorpora as reservas internacionais. Com o real mais fraco, as reservas, que são denominadas em dólar, acabam valendo mais em reais, contribuindo para melhoria do dado.
Resultado primário – Em relação ao resultado primário, o setor público consolidado brasileiro registrou um déficit de R$ 13,448 bilhões em agosto, apontou o BC, abaixo do rombo de R$ 16,7 bilhões visto pelo mercado.
O dado foi puxado principalmente pelo rombo do governo central (governo federal, BC e Previdência), de R$ 16,459 bilhões no período. Na semana passada, o Tesouro divulgou que o déficit primário do governo central havia vindo melhor que o esperado, ajudado principalmente por um recuo nas despesas na comparação com o mesmo mês do ano passado. Enquanto isso, os governos regionais ficaram superavitários em R$ 2,657 bilhões em agosto, enquanto as empresas estatais entregaram um resultado positivo de R$ 355 milhões. No acumulado de janeiro a agosto, o déficit do setor público consolidado foi a R$ 21,950 bilhões, queda de 36,7% sobre um ano antes. Em 12 meses, o rombo primário chegou a R$ 95,508 bilhões, equivalente a 1,36% PIB. Para o ano, a meta é de um déficit de R$ 132 bilhões, sexto resultado consecutivo no vermelho. (Reuters)
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