Dívida Pública Federal atinge R$ 5,6 tri

Brasília – A dívida pública federal subiu 12,06% em 2021 em relação ao ano anterior, para R$ 5,614 trilhões, informou o Tesouro Nacional ontem, prevendo que ao final de 2022 o estoque pode chegar a até R$ 6,4 trilhões.
Em valores absolutos, o crescimento no ano passado foi de R$ 604 bilhões. Com isso, a dívida ficou dentro do intervalo de R$ 5,5 trilhões a R$ 5,8 trilhões estabelecido como meta no Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro para 2021.
Em dezembro sobre novembro, a dívida pública federal aumentou 2,09%. Na mesma base de comparação, a dívida interna subiu 2,22% em dezembro, somando R$ 5,349 trilhões.
Em 2021, o custo médio do estoque da dívida pública federal subiu para 8,91%, ante 8,37% no encerramento do ano anterior. O custo médio das emissões da dívida interna, por sua vez, atingiu 8,49%, ante 4,44% em dezembro de 2020.
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O prazo médio da dívida reverteu uma tendência de queda em anos anteriores e subiu de 3,6 anos em 2020 para 3,8 anos no fim de 2021.
O Tesouro também conseguiu uma ampliação da reserva de liquidez da dívida pública, que alcançou R$ 1,186 trilhão, ante R$ 1,097 trilhão em 2020.
No fechamento de 2021, o volume de títulos a vencer em 12 meses ficou fora do que havia sido estabelecido como meta pelo Tesouro em maio do ano passado, quando o PAF foi revisado. O patamar ficou em 21%, abaixo da meta de 22% a 27%.
A participação dos papéis prefixados também ficou fora dos limites estabelecidos no PAF pelo Tesouro. Esses títulos viram sua representatividade cair a 28,9% do total no ano, frente a 34,8% em dezembro de 2020. O patamar ficou abaixo da meta de 31% a 35% para o ano.
“Embora abaixo dos limites do PAF, esse resultado deve ser visto como positivo, pois se refletiu em um menor risco de refinanciamento, derivado da menor concentração de dívida no curto prazo”, afirmou o Tesouro em relatório.
Os títulos atrelados à Selic, por sua vez, passaram de 34,8% no final de 2020 para 36,8%, dentro da meta de 33% a 37%. Esse movimento de redução de prefixados em favor de títulos pós-fixados se deu em meio ao aumento das incertezas fiscais e da maior aversão a risco no cenário internacional no segundo semestre do ano passado, destacou o Tesouro.
Os papeis indexados à inflação fecharam 2021 em 29,3% da dívida, acima do patamar de 25,3% registrado um ano antes, sendo que a referência para o ano era de 26% a 30%.
Já os títulos remunerados pelo câmbio tiveram participação de 5% da dívida total, ante 5,1% em dezembro de 2020, mas também dentro da faixa de 3% a 7% fixada como meta.
A participação de não residentes na dívida pública interna teve a primeira alta desde 2015, passando de 9,2% para 10,6%. Parte do resultado, segundo o subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, Otávio Ladeira, é consequência das elevações de juros pelo Banco Central em ritmo mais intenso do que outros países emergentes.
Plano de financiamento
De acordo com o secretário do Tesouro, Paulo Valle, a estratégia para a dívida pública em 2022 prevê menor participação de títulos prefixados, aumento de títulos flutuantes, manutenção do patamar da dívida a vencer em 12 meses e alongamento de prazo médio.
Esses parâmetros foram estipulados no PAF de 2022, também divulgado ontem. Pelas projeções do Tesouro, o estoque da dívida poderá ter um crescimento de até 14% neste ano, em intervalo de R$ 6 trilhões a R$ 6,4 trilhões.
Em relação aos vencimentos o Tesouro prevê um alongamento da dívida. A meta para o prazo médio dos títulos é de 3,8 anos a 4,2 anos, após encerrar 2021 em 3,8 anos.
Para o volume de títulos a vencer em 12 meses, que ficou em 21% no ano passado, a meta foi estipulada em 19% a 23%.
De acordo com Ladeira, o Tesouro trabalha para uma melhora nesse perfil, o que deve levar o prazo médio da dívida no fim de 2022 para patamar mais próximo ao limite superior do PAF, enquanto o percentual de vencimentos em 12 meses ficará mais próximo ao limite inferior da meta.
Na composição da dívida, a pasta espera uma redução na participação de títulos prefixados e um aumento dos papéis vinculados a taxas flutuantes.
Depois de ficar com 28,9% de participação no ano passado, os prefixados devem encerrar este ano entre 24% e 28%. Os títulos atrelados à Selic, por sua vez, ficarão entre 38% e 42%, após fechar 2021 em 36,8%.
Fluxo cambial ficou negativo em US$ 28 bi
Brasília – O Brasil registrou déficit de US$ 28,110 bilhões nas transações correntes em 2021, de acordo com os dados divulgados pelo Banco Central ontem, o que representa uma piora em relação ao ano anterior, quando o saldo ficou negativo em US$ 24,492 bilhões.
O resultado do rombo acumulado em 12 meses, ligeiramente acima do que o déficit de US$ 30 bilhões projetado em dezembro pelo BC, equivale a 1,75% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 1,69% em 2020.
De acordo com os dados, os investimentos diretos no País (IDP) somaram US$ 46,441 bilhões, o segundo pior saldo em 12 anos, melhor apenas do que o observado 2020 (US$ 37,786 bilhões).
O dado sofreu impacto de um IDP negativo em dezembro, o pior para todos os meses da série iniciada em 1995. Houve uma saída de US$ 3,935 bilhões no mês, ante expectativa no mercado de uma entrada de US$ 3,1 bilhões.
Entre os destaques do ano, os gastos de brasileiros em viagens ao exterior ficaram no menor patamar em 16 anos, totalizando US$ 5,250 bilhões. O dado é mais baixo, inclusive, do que o de 2020 (US$ 5,394 bilhões), ano marcado por fortes restrições na circulação de pessoas entre países por conta da pandemia de Covid-19.
Nas transações correntes, o resultado de 2021 foi puxado pelo déficit de US$ 50,471 bilhões na conta primária, ante dado negativo de US$ 38,264 bilhões no ano anterior. Houve déficit de US$ 17,114 bilhões na conta de serviço e superávit de US$ 36,181 bilhões na balança comercial.
Dezembro
Em dezembro de 2021, houve déficit de US$ 5,891 bilhões nas transações correntes. O resultado veio melhor que o déficit de US$ 6,5 bilhões esperado por analistas em pesquisa da Reuters.
No mês, o superávit da balança comercial foi de US$ 2,672 bilhões, superior ao déficit de US$ 1,939 bilhão do mesmo mês do ano passado.
Além disso, o déficit na conta de renda primária ficou em US$ 6,913 bilhões, enquanto o rombo na conta de serviços totalizou US$ 1,928 bilhão.
Para o mês de janeiro, o BC projetou um déficit em transações correntes de US$ 8,4 bilhões e IDP de US$ 3,2 bilhões.
Até o dia 21 deste mês, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 1,179 bilhão, disse ainda o BC.
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