Dólar cai no Brasil após Lula discutir agenda comercial com Trump
O dólar fechou a segunda-feira (27) em baixa ante o real, reagindo ao recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior e ao encontro no fim de semana, considerado positivo pelo mercado, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos EUA, Donald Trump.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,42%, aos R$ 5,3706. No ano, a divisa acumula queda de 13,08%.
Às 17h13, na B3 o dólar para novembro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,27%, aos R$ 5,3810.
No domingo, Lula e Trump se encontraram na Malásia para discutir a agenda comercial e econômica entre os dois países. Lula pediu a Trump que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros seja suspensa durante o processo de negociação entre os países, conforme relato do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, não foi mencionado na conversa, de acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa.
Em entrevista coletiva já após o encontro, Lula afirmou que Trump “garantiu” que os dois países chegarão a um acordo sobre comércio.
O presidente norte-americano, por sua vez, após deixar a Malásia, disse que teve uma “boa reunião” com Lula, a quem descreveu como “um cara bastante enérgico”, mas estava incerto sobre as perspectivas de um acordo. “Não sei se algo vai acontecer, mas veremos”, disse a repórteres a bordo do avião presidencial Air Force One.
O encontro entre os dois presidentes contribuiu para reduzir um pouco mais as tensões entre Brasil e Estados Unidos, o que abriu espaço para a baixa do dólar ante o real nesta segunda-feira, em paralelo ao avanço do Ibovespa para perto dos 147 mil pontos.
Na cotação mínima da sessão, o dólar à vista atingiu R$ 5,3595 (-0,62%) às 9h03, logo após a abertura, mantendo-se no território negativo durante todo o restante do dia.
O movimento esteve em sintonia com o recuo da moeda norte-americana ante quase todas as demais divisas no exterior, onde os investidores demonstravam otimismo em relação a um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China, após Trump afirmar que os dois países estão prontos para isso.
“Tenho muito respeito pelo presidente Xi e acho que chegaremos a um acordo”, disse Trump aos repórteres no avião presidencial Air Force One, a caminho do Japão. “A China está chegando e será muito interessante.”
Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, devem se reunir no final desta semana.
Às 17h11, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,10%, a 98,821.
Pela manhã, o Banco Central do Brasil vendeu em duas operações simultâneas US$ 1 bilhão no mercado à vista e 20.000 contratos de swap cambial reverso, também no valor de US$ 1 bilhão.
As duas operações simultâneas — conhecidas como “casadão” — têm efeito nulo em termos de exposição cambial, já que o BC vende dólares no mercado à vista numa ponta e, em outra ponta, compra dólares no mercado futuro (por meio do swap reverso). Ao fazer isso, o BC melhora a liquidez no mercado à vista, sem influenciar as cotações.
No fim da manhã, o BC vendeu 49.000 contratos de swap cambial tradicional, neste caso para rolagem do vencimento de novembro.
Conteúdo distribuído por Reuters
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