Finanças

Dólar cai pelo 5º dia após fala de Trump e tem maior baixa semanal desde agosto

O índice que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,65%, a 107,440
Dólar cai pelo 5º dia após fala de Trump e tem maior baixa semanal desde agosto
Foto: Divulgação

O dólar emplacou a quinta queda diária consecutiva no Brasil, encerrando a sexta-feira com o maior recuo semanal desde agosto do ano passado, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizar a possibilidade de um acordo comercial com a China.

A moeda norte-americana à vista fechou em leve baixa de 0,12%, aos R$ 5,9182 a menor cotação desde 27 de novembro do ano passado, quando encerrou em R$ 5,9141.

Na semana, o dólar acumulou baixa de 2,42% — o maior recuo para o período desde a semana encerrada em 9 de agosto de 2024, quando cedeu 3,43% em cinco dias úteis.

Às 17h06 na B3 o dólar para fevereiro — atualmente o mais líquido — cedia 0,13%, aos R$ 5,9260.

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O dólar despencou ante o real já no início da sessão, após Trump ter afirmado em entrevista à Fox News, na noite de quinta-feira, que a conversa na semana passada com o presidente da China, Xi Jinping, foi amigável e que ele acredita que pode chegar a um acordo comercial com o gigante asiático.

“Tudo correu bem. Foi uma conversa boa e amigável”, disse Trump. “Eu posso fazer isso”, acrescentou em outro momento, quando questionado se ele pode fazer um acordo com a China sobre práticas comerciais justas.

A entrevista ampliou a percepção nos mercados globais de que Trump poderá ser bem mais moderado em sua relação com parceiros comerciais, como a China, do que o sugerido em seus discursos de campanha.

“Agora é o Trump ‘bonzinho’. Ele resolveu que quer negociar com a China, que não quer impor tarifas (de importação), e a China respondeu positivamente a isso”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “Em função disso, o dólar está se desvalorizando lá fora e aqui.”

Após marcar a cotação de R$ 5,9251 (-0,01%) às 9h00, na abertura do mercado, o dólar à vista atingiu a mínima de R$ 5,8680 (-0,97%) às 12h14. Até o fim da sessão, porém, a moeda recuperou força e quase zerou as perdas.

Profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias vinham pontuando que a disparada do dólar no fim de 2024 — na esteira das preocupações com as tarifas norte-americanas e com o equilíbrio fiscal brasileiro — também havia deixado certa “gordura” nos preços.

Com o cenário externo mais favorável e o noticiário fiscal congelado no Brasil, em função do recesso do Congresso, parte dos prêmios de risco vem sendo retirada das cotações.

“R$ 6,00 para cima é exagerado. Então, isso em algum momento, com notícias positivas, iria cair”, acrescentou Rugik.

O desafio agora para os agentes do mercado é tentar entender se o movimento tem fôlego para colocar o dólar em cotações ainda mais baixas, de forma sustentável.

“Cai para R$ 5,50 (reais)? Não acredito. Não teremos uma queda tão brusca”, avaliou Lucélia Freitas Aguiar, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Este é um momento para se aproveitar, até porque, quando se voltar a discutir as questões fiscais, pode estressar (as cotações).”

Por enquanto a preocupação da vez no governo é com os preços dos alimentos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou pela manhã que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,11% em janeiro, contra alta de 0,34% em dezembro. Oito dos nove grupos pesquisados tiveram alta nos preços, sendo que a maior influência foi exercida pelo avanço de 1,06% do grupo Alimentação e bebidas.

No início da tarde, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo poderá alterar alíquotas de importação de produtos que estiverem com preços mais altos no Brasil do que no mercado internacional, para baratear o custo dos alimentos. Ele também garantiu que não serão adotadas medidas heterodoxas para controlar a inflação de alimentos, como congelamento de preços ou tabelamento.

No exterior, às 17h20, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,65%, a 107,440.

Pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.

(Conteúdo distribuído pela Reuters)

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