Dólar cai pela 6ª sessão ante o real após corte maior de juros pelo Fed

São Paulo – O dólar emplacou nesta quarta-feira a sexta sessão consecutiva de baixa ante o real após o Federal Reserve optar por um corte maior nos juros dos EUA, o que torna o Brasil relativamente mais atrativo aos investimentos financeiros vindos do exterior.
Com o mercado à espera da decisão do Banco Central sobre a taxa básica Selic, ainda na noite desta quarta, o dólar à vista fechou o dia em baixa de 0,48%, cotado a R$ 5,4601. Nos últimos seis dias úteis, a moeda norte-americana acumulou queda de 3,45%.
Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,36%, a R$ 5,4685 na venda.
Principal evento da semana, a decisão do Fed sobre juros, marcada para as 15h, era o foco dos negócios desde o início da sessão. As taxas dos DIs já recuavam pela manhã em meio à expectativa pelo anúncio, mas a decisão em si acelerou as baixas em um primeiro momento.
O Fed anunciou um corte de 50 pontos-base em seus juros, para a faixa de 4,75% a 5,00%, ainda que boa parte do mercado e dos economistas esperassem por uma redução menor, de apenas 25 pontos-base.
Ao justificar sua decisão, o Fed citou “maior confiança” de que a inflação caminha de forma sustentável rumo à meta de 2%, demonstrando preocupação com o mercado de trabalho.
Como um corte de 50 pontos pelo Fed não estava totalmente precificado, a reação no Brasil foi de queda firme do dólar ante o real e de aceleração das baixas das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), em especial entre os contratos longos. Por trás do movimento estava a percepção de que o corte maior de juros nos EUA alivia um pouco a tarefa do Banco Central no controle da inflação.
No caso específico do câmbio, juros menores nos EUA significam a elevação do diferencial de juros a favor do Brasil, ainda mais porque o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC tende a subir a taxa básica Selic na noite desta quarta-feira, em pelo menos 25 pontos-base.
Enquanto os juros nos EUA estão agora na faixa de 4,75% a 5,00%, a Selic deve passar de 10,50% para 10,75% ao ano, conforme a precificação do mercado. Na prática, isso tende a favorecer a entrada de mais dólares no Brasil.
Neste cenário, o dólar à vista, que chegou a marcar a máxima de R$ 5,4974 (+0,20%) pela manhã, às 9h48, despencou para a mínima de R$ 5,4098 (-1,40%) às 15h32, após o anúncio do Fed.
Para o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, se o Copom confirmar a elevação da Selic em 25 pontos-base na noite desta quarta-feira, haveria espaço para o dólar buscar cotações mais próximas de R$ 5,30.
“Não seria problema nenhum”, avaliou. “Mas não sei se vai muito mais para baixo devido ao fiscal”, acrescentou.
De fato, no mercado as dúvidas sobre se o governo Lula será capaz de equilibrar as contas públicas têm sido citadas como motivo para o dólar e as taxas dos DIs seguirem em patamares mais elevados.
Após atingir a mínima da sessão durante a tarde, o dólar recuperou parte da força ante o real, com alguns agentes do mercado aproveitando as cotações mais baixas para refazer posições na moeda norte-americana, à espera do BC.
O Copom anunciará sua decisão sobre a Selic, hoje em 10,50% ao ano, após as 18h30. Além do anúncio em si, investidores estarão atentos às avaliações do colegiado sobre o atual cenário de inflação.
No exterior, no fim da tarde o dólar também já havia se recuperado ante várias divisas. Às 17h21, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,06%, a 100,970.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 1,341 bilhão em setembro até o dia 13, com saídas líquidas de US$ 1,374 bilhão pelo canal financeiro e entradas de US$ 33 milhões pela via comercial.
Conteúdo distribuído pela Reuters.
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