Dólar fecha estável com mercado em busca de pistas sobre juros nos EUA e no Brasil

São Paulo – O dólar fechou a quarta-feira (21) perto da estabilidade ante o real, após ter alternado altas e baixas em diferentes momentos da sessão, com investidores em busca de pistas sobre o futuro dos juros nos Estados Unidos e no Brasil.
A moeda norte-americana à vista fechou em leve baixa de 0,07%, cotada a R$ 5,48. Em agosto a divisa acumula queda de 3,07%. Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,02%, a 5,4875 reais na venda.
Em um dia de agenda esvaziada no Brasil, investidores se voltaram nesta quinta-feira para o exterior em busca de indicações sobre a política monetária dos EUA.
Um relatório do Departamento do Trabalho dos EUA solidificou a expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro, ao mostrar redução de 818.000 empregos, ou 0,5% a menos do que o inicialmente informado, nos dados de criação de vagas no país de abril de 2023 a março de 2024.
Já a ata do último encontro de política monetária do Fed, em julho, divulgada à tarde, mostrou as autoridades fortemente inclinadas a um corte de juros em sua reunião de setembro e que várias delas estariam até mesmo dispostas a reduzir as taxas imediatamente.
Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries cederam – em especial entre os títulos de dois anos, que refletem a política monetária de curto prazo. O dólar também caiu ante as divisas fortes e em relação a boa parte das moedas de emergentes.
No Brasil, porém, outros fatores davam certa sustentação à moeda norte-americana ante o real. Como na véspera, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo cediam, com investidores reduzindo as apostas de que o Banco Central elevará a taxa básica Selic, hoje em 10,50% ao ano, em setembro.
Uma Selic não tão elevada, em tese, reduz a pressão baixista para o dólar – o que na quarta-feira já havia feito a moeda norte-americana subir mais de 1% ante o real.
“Pela primeira vez a gente tem uma redução de juros totalmente precificada lá fora. E nosso ponto é que ainda há dúvidas sobre qual vai ser a postura do Banco Central frente a isso”, comentou Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos, lembrando que, apesar dos movimentos recentes, o mercado segue precificando uma elevação da Selic em setembro.
Neste cenário, o dólar à vista oscilou entre a mínima de R$ 5,46 reais (-0,43%) às 9h01, após a abertura, e a máxima de R$ 5,51 (+0,46%) às 14h21.
Profissionais ouvidos pela Reuters chamaram a atenção para o fato de, apesar das mudanças de sinal, o dólar operou em margens relativamente estreitas, sem força para se reaproximar dos R$ 5,40 ou para se manter acima dos R$ 5,50.
“O que pode trazer uma mudança maior para as cotações é se o Fed cortar 50 pontos-base em setembro, e não 25, ou se o BC de fato fizer uma alta da Selic”, acrescentou Massote.
Até lá as atenções estarão voltadas para o discurso da próxima sexta-feira do chair do Fed, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, com investidores em busca de pistas sobre o tamanho do corte de juros nos EUA.
Às 17h10 o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,19%, a 101,190. (Reportagem distribuída pela Reuters).
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