Dólar fecha abaixo de R$5,40 após dados reforçarem aposta de corte de juros nos EUA

O dólar fechou a quinta-feira (11) em queda no Brasil, indo abaixo dos R$ 5,40 no pela primeira vez desde meados de agosto, acompanhando o recuo da moeda norte-americana no exterior após dados da inflação e do mercado de trabalho dos EUA reforçarem a expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve na próxima semana.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,30%, aos R$ 5,3911 — abaixo de R$ 5,40 pela primeira vez desde 15 de agosto, quando encerrou a R$ 5,3994, e na menor cotação desde 12 de agosto, quando atingiu R$ 5,3864. No ano a divisa acumula baixa de 12,75%.
Às 17h04 na B3 o dólar para outubro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,24%, aos R$ 5,4160.
A moeda norte-americana chegou a oscilar em alta no início do dia, mas a divulgação de novos dados sobre a economia dos EUA conduziu a queda das cotações.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% em agosto, depois de aumentar 0,2% em julho. Nos 12 meses até agosto, o indicador avançou 2,9%, o maior aumento desde janeiro, depois de ter subido 2,7% em julho. Economistas consultados pela Reuters previam aumento de 0,3% no mês e 2,9% em 12 meses.
Já os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA somaram 263 mil na semana passada, acima da expectativa de 235 mil em pesquisa da Reuters, em um novo sinal de piora nas condições do mercado de trabalho.
Após a divulgação dos números, ambos às 9h30, o dólar perdeu força ante as demais divisas, incluindo o real, e os rendimentos dos Treasuries despencaram.
Profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que, mais do que o CPI — que veio acima do projetado –, a alta dos pedidos de auxílio-desemprego reforçou a percepção de enfraquecimento da economia dos EUA e de corte iminente dos juros pelo Federal Reserve.
“Parece que o mercado está, há algum tempo já, realizando que os juros nos EUA não vão se sustentar nesse patamar por muito tempo. E o gatilho hoje foi a divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego”, ponderou o diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo.
“Tanto que a deterioração do dólar hoje é global: o DXY (índice do dólar) está caindo, e (a moeda norte-americana) também (está caindo) em relação às emergentes”, acrescentou.
Assim, após atingir o que viria a ser a maior cotação do pregão, de R$ 5,4247 (+0,33%), às 9h23 — pouco antes da divulgação do CPI e dos dados de auxílio-desemprego –, o dólar à vista despencou para a mínima de R$ 5,3745 (-1,22%) às 12h35.
Durante a tarde a moeda dos EUA recuperou parte do fôlego tanto no Brasil quanto no exterior, mas ainda assim se manteve no território negativo, com investidores atentos à continuação do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
Com o voto da ministra Cármen Lúcia, a Primeira Turma do STF formou maioria para condenar Bolsonaro por cinco crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado. O ministro Cristiano Zanin, que apresentava suas considerações neste fim de tarde, também votou pela condenação de Bolsonaro, levando o placar para 4 a 1 contra o ex-presidente.
A condenação de Bolsonaro era largamente esperada no mercado, que agora segue monitorando eventual nova medida de retaliação do presidente dos EUA, Donald Trump, ao Brasil — este sim um fator com potencial para mexer nos ativos.
Em julho, ao definir tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, Trump citou como um dos motivos o julgamento de Bolsonaro, seu aliado.
Às 17h13 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,27%, a 97,523.
Conteúdo distribuído por Reuters
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