Finanças

Dólar chega a superar os R$ 5,70, mas perde força e fecha sessão quase estável

Às 17h42 o índice que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas subia 0,25%, a 103,520
Dólar chega a superar os R$ 5,70, mas perde força e fecha sessão quase estável
Foto: Rahel Patrasso/ Reuters

São Paulo – Após superar os R$ 5,70 pela manhã, o dólar à vista fechou a quarta-feira (16) abaixo deste nível e próximo da estabilidade, com o mercado ponderando por um lado o avanço da moeda norte-americana no exterior e por outro as reiteradas promessas do governo Lula de contenção de despesas.

O dólar à vista fechou em leve alta de 0,09%, cotado a R$ 5,6637. Em outubro a divisa acumula elevação de 3,94%.

Às 17h44, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,23%, a R$ 5,6730 na venda.

Na terça-feira o dólar havia disparado 1,36% ante o real, com a moeda brasileira sendo penalizada pela queda forte de commodities como minério de ferro e petróleo influenciada pela desaceleração da economia chinesa e pela dinâmica do conflito no Oriente Médio.

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Nesta quarta-feira o dólar chegou a oscilar em baixa no início da sessão, devolvendo parte dos ganhos da véspera. Às 9h12 a moeda à vista marcou a cotação mínima de R$ 5,6352 (-0,42%).

No entanto, novamente o cenário externo conturbado passou a pressionar o câmbio no Brasil.

Lá fora, o dólar sustentava ganhos ante boa parte das divisas, com investidores precificando corte menor de juros nos EUA em novembro e a probabilidade de uma vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris na corrida presidencial norte-americana.

O plano de Trump de implementar cortes de impostos, regulamentações financeiras mais flexíveis e tarifas de importação mais altas é visto como um fator de impulso para o dólar ante as demais divisas.

“Do lado do Trump, que tem saído na frente em algumas pesquisas, a sensação é de que haverá maior protecionismo, o que traz certo fortalecimento do dólar no curto prazo”, comentou Guilherme Suzuki, sócio da Astra Capital.

Além do exterior, o mercado seguiu repercutindo nesta quarta-feira o cenário fiscal no Brasil. As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) voltaram a subir em meio à desconfiança quanto a capacidade do governo Lula de equilibrar as contas públicas.

Na terça-feira, antes mesmo de qualquer anúncio concreto de medidas, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que algumas iniciativas de contenção de gastos estão “interditadas” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, citando que a política de ganhos reais do salário mínimo não será alterada.

Nesta quarta-feira, por sua vez, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a agenda de revisão de gastos públicos é tema a ser tratado com prioridade pelo governo até o fim do ano. Segundo ele, serão propostas de medidas “consistentes” para que o arcabouço fiscal tenha vida longa.

“Eu nem estou falando em corte, eu quero muito mais uma calibragem da dinâmica da evolução dos gastos para caber dentro do arcabouço fiscal”, disse o ministro.

Em meio ao avanço firme do dólar no exterior e ao debate interno no governo sobre medidas de contenção de gastos, a moeda norte-americana à vista saltou para a máxima de R$ 5,7012 (+0,75%) às 9h58, ainda na primeira hora de negócios.

Apesar de ter tocado os R$ 5,70, o dólar não se sustentou acima deste nível. Alguns agentes aproveitaram as cotações mais altas para vender moeda, em movimento semelhante ao visto em sessões da semana passada.

Durante a tarde, o Banco Central informou que na semana passada, de 7 a 11 de outubro, o Brasil registrou a entrada líquida de US$ 3,246 bilhões. Neste período houve fluxo positivo tanto pela via financeira (US$ 1,684 bilhão) quanto pela via comercial (US$ 1,561 bilhão), com destaque para a segunda-feira (7 de outubro) e para a sexta-feira (11 de outubro).

A forte entrada de dólares no Brasil na segunda e na sexta-feira da semana passada ocorreu em sessões em que a cotação da moeda norte-americana oscilou perto de pontos técnicos importantes. Na segunda, o dólar à vista esteve muito próximo de bater os R$ 5,50 durante a sessão e, na sexta, a divisa superou os R$ 5,60.

Em pontos técnicos como estes, é comum que exportadores aproveitem para internalizar dólares e investidores façam aportes no Brasil, beneficiando-se da relação dólar/real.

No fim da tarde desta quarta-feira, o dólar se mantinha em alta ante boa parte das divisas no exterior. Às 17h42 o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,25%, a 103,520.

No fim da manhã, o BC vendeu todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024. (Reportagem distribuída pela Reuters)

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