Dólar sobe ante real com receios sobre política de Trump e expectativa por pacote fiscal

São Paulo – Em mais um dia de alta global, o dólar chegou a oscilar acima dos R$ 5,80 pela manhã, mas desacelerou no restante do dia e encerrou a segunda-feira abaixo deste nível técnico, em uma sessão novamente marcada por receios quanto ao retorno de Donald Trump à Casa Branca e pela demora do governo Lula em lançar seu pacote fiscal.
O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,58%, cotado a R$ 5,7711. Em novembro, porém, a divisa acumula baixa de 0,18%.
Às 17h07, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,44%, a R$ 5,7795 na venda.
A segunda-feira foi mais um dia de elevação praticamente generalizada do dólar ante as demais divisas, em meio aos receios quanto à adoção pelos Estados Unidos de tarifas mais elevadas de importação – uma das promessas de campanha do presidente eleito Donald Trump.
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A queda de preços do minério de ferro e do petróleo, dois dos principais produtos da pauta exportadora brasileira, na esteira da decepção com notícias sobre estímulos econômicos na China, era outro fator que pesava sobre o real. Na sexta-feira, com os mercados fechados no Brasil, o país asiático já havia divulgado números decepcionantes de inflação.
No Brasil, a demora do governo em apresentar seu pacote fiscal, prometido originalmente para depois das eleições municipais, voltou a impulsionar o dólar e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
“No Brasil, a terceira semana consecutiva de indefinição sobre o pacote de ajuste fiscal continua gerando incertezas, o que reflete no comportamento do dólar logo pela manhã”, disse mais cedo Diego Gardi, gerente comercial e analista da B&T Câmbio, em comentário enviado a clientes.
“Com o dólar se fortalecendo globalmente, o mercado aguarda uma definição em torno de R$ 60 bilhões (de cortes de gastos do pacote), mas trabalha com a expectativa de um valor entre 30 bilhões e R$ 60 bilhões Se o valor ficar mais perto de R$ 30 bilhões, pode gerar um clima de mau humor, enquanto um valor mais próximo de R$ 60 bilhões pode trazer uma sensação de maior tranquilidade”, acrescentou.
Neste cenário, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de R$ 5,8175 (+1,39%) às 10h27.
Operador ouvido pela Reuters afirmou que cotações acima de R$ 5,80 atraíram agentes para a ponta de venda, o que trouxe certo alívio para os preços, ainda que o dólar seguisse em alta. Às 15h37 a moeda à vista marcou a mínima de R$ 5,7630 (+0,44%).
O feriado do Dia dos Veteranos nos Estados Unidos, que manteve o mercado de Treasuries fechado, também reduziu a liquidez no câmbio no Brasil, segundo o operador. De fato, perto do fechamento do mercado à vista o dólar para dezembro – o mais líquido atualmente – somava cerca de 150 mil contratos negociados, bem menos que a média de uma sessão normal.
No início do dia, o Banco Central informou no relatório Focus que a mediana das projeções do mercado para o dólar no fim de 2024 passou de R$ 5,50 para R$ 5,55. No caso de 2025, foi de R$ 5,43 para R$ 5,48.
No fim da manhã o BC vendeu todos os 15.200 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.
Às 17h14, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,48%, a 105,510. (Reportagem distribuída pela Reuters)
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